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Tirando as chaves do bolso, Ben caminha pelo corredor em direção a seu apartamento. Seus pensamentos se difundem fazendo-o por vezes entrar em controvérsia consigo mesmo. Ele tenta abrir a porta, xingando quando as chaves caem de suas mãos trêmulas. A senhora do apartamento da frente surge, observando Ben com curiosidade. O mesmo oferece a ela um falso sorriso que termina em um suspiro cansado quando ele volta a lutar com a fechadura.

Ao entrar, ele fecha a porta atrás de si, seu olhar perdido no nada. Rastejando até a poltrona, ele olha para a garrafa de whisky, trabalhando a mandíbula, no entanto desiste da ideia de beber. Ele não quer beber... Ele só quer saber porque diabos é tão difícil estar com a mulher que ama.

Seus pensamentos são interrompidos pelo toque do celular que o faz saltar da poltrona, pegando o dispositivo enquanto seu coração se enche de esperança que logo se esvai ao ver que o nome na chamada é seu pai. Ben hesita, ele não está no melhor momento para ter uma nova discussão. Na verdade ele quer apenas descobrir uma forma de se entender com Rey e certamente, não será discutindo com seu pai que ele conseguirá alcançar seu objetivo.

No entanto, uma pergunta martela em sua mente insistentemente "Por que ela iria embora sem se despedir?" Ben não é tolo, ele sabe que algo está muito errado nessa história.

Percebendo que ficar sentado em sua poltrona não irá resolver coisa alguma, levanta-se agarrando as chaves do carro. Ele para em frente a porta, passando as mãos no cabelo, analisando as possibilidades. No momento ela certamente está na lanchonete mas, e se ela não gostar de ver ele indo ao trabalho dela?

Ele estaria sendo um pouco... possessivo? Ah mas ele é! A cada dia ele tem mais certeza, quando se trata de Rey, ele é totalmente possessivo.

Ela estaria interessada em outra pessoa? Esse pensamento o enfurece no entanto, ele freia quando lembra o que seu temperamento difícil tem feito por ele. Andando de um lado para outro, ele morde a unha do polegar, já bastante nervoso, a carranca se formando mais uma vez em seu rosto "Que se dane!" Agarrando a maçaneta, abre a porta saindo abruptamente.

Seus passos em direção ao carro são decididos, logo ele está a caminho da lanchonete. Para desespero dele, o trânsito está bastante lento, o que rende mais xingamentos e até mesmo algumas trocas de farpas com outros motoristas. Em certo momento, ele relembra a noite do acidente, por um instante sua determinação em ir até Rey vascila. Por tudo que ele fez e como tem se comportado, é provável sim que ela tenha mudado de ideia, afinal ele não tem sido um exemplo de namorado.

Na verdade, Ben sabe que tem agido de forma estúpida e não tem certeza se Rey está realmente disposta a aceita-lo sendo tão temperamental. Até então nenhuma mulher havia conseguido realizar essa proeza. Ele se pergunta porque tem a ideia absurda de que ela pode ser diferente. Será porque... ele sentiu o pulsar sincero do coração dela ao dizer que o amava? Ou terá sido o fato dela ter se entregado unicamente a ele? O modo como ela o olhou quando ambos desceram de seus orgasmos...

Ben se agarra a todos esses fatos como se a uma tábua de salvação. Ele não suporta a ideia de perde-la, isso seria a gota d'água na vida miserável dele. Ben se lembra da última vez em que se sentiu tão feliz... Quando estava na companhia de sua mãe. Mas isso foi a muito tempo, antes que sua vida se tornasse algo superficial e monótono.

Ele vivia fatidicamente a rotina de gastar o dinheiro sujo de seu pai com mulheres tão artificiais quanto os documentos que Han Solo formulava para arrecadar dinheiro de forma sórdida.

Ben passou praticamente toda sua vida servindo apenas aos propósitos tortuosos de seu pai, ele não se orgulha disso, no entanto nada importava para ele desde que sua mãe se foi.

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