Playboy.
Cheguei na boca desconfiado como sempre, de cara fechada e observando tudo. Douglas tava na salinha com o Fogueteiro e eles me olharam quando eu entrei, me encostei no canto da sala e olhei pra eles.
Cabeça: E aí mano.- Balançou a cabeça pra mim.- Papo simples, dono do Jacarézinho.
Playboy: Simples? - Encarei ele na hora.- Tá de caô né?!
Fogueteiro: Se tu não se garante no teus corre, mete o pé que outro resolve! - Apontou com a cabeça.
Cabeça: Pô cara, se liga! Quase ninguém sabe que tu faz uns corre, passa batido. A Yara mora lá, só tu ir visitar ela e meter um papo. Tu é inteligente, tira de letra fácil.
Playboy: Papo de grana? - Cruzei os braços.
Fogueteiro: Cinco mil.- Eu neguei.
Playboy: Vou tá botando minha cara em morro pra tá matando chefe do tráfico, isso não vale nem a metade.- Fogueteiro soltou uma risada debochada.- Tenho que garantir uma vida pra minha mulher, caso aconteça algum bagulho comigo.
Fogueteiro: Eu dou a assistência que a Bia quiser.- Piscou, desencostei na parede me aproximando dele e cabeça colocou a mão na minha barriga, negando.
Cabeça: Fecha nos dez. Papo de alto risco, Play tá certo.- Me afastou de perto do Fogueteiro e eu passei a mão no pescoço.
Playboy: Quero cinco mil adiantado.- Cruzei os braços encarando o Fogueteiro que me encarava com maior cara de debochado.
Fogueteiro: Dois mil e te dou um mês pra resolver, ou a cobrança vai bater na tua porta.- Falou abrindo a gaveta.
Ele jogou o bolo de dinheiro em cima e eu peguei, dando as costas e saindo dali. Fui descendo a escadaria e passei por umas garotas que ficavam procurando patrocínio aqui, passei no meu canto sem render pra nada, tranquilão com a vida.
Quando cheguei em casa senti o cheiro de comida, Bianca tava sentada em cima da mesa enquanto comida algum bagulho na panela, e eu senti o cheiro de risoto de camarão. Parei do lado dele tirando mil do bolso e coloquei em cima do balcão, ela olhou pro dinheiro e me olhou.
Bianca: Já?! - Falou me olhando sem entender.
Playboy: Adiantado.- Beijei a testa dela.
Bianca: E qual o corre? - Voltou a comer.
Playboy: Matar um carinha, coisa leve.- Bianca me encarou por uns segundos e baixou a cabeça, comendo de novo.
Bianca: E esse dinheiro é pra fazer o que?
Playboy: Comprar o que tu quiser. Em um mês termino o bagulho e a gente vai comprar os bagulhos do bebê, jae? - Bianca abriu um sorriso, colocando a colher na minha boca.
Bianca: Pode ser.- Falou animada e eu parei no meio das pernas dela, ela continuou comendo e eu beijei o pescoço dela.
Bianca terminou de comer e eu abracei o corpo dela, ela beijou meu pescoço colocando a cabeça no meu ombro e eu fiquei com ela por alguns minutos ali, até ela me beijar. Não demorou cinco minutos pra gente transar na mesa da cozinha e depois capotar na cama, ela dormiu fácil e eu fiquei olhando os bagulhos, tirando uns cochilos até relaxar pelo menos...
Me levantei cedo pra caralho como de costume, fiz o café e comi os bagulhos, sentei no sofá ligando televisão pegando meu celular, marolei por algumas horas por ali até a Bianca acordar e ficar comigo ali por uns minutos.
Playboy: Fala com a Yara que a gente vai jantar lá.- Bianca me olhou estranho.
Bianca: Você estourou a cara do namorado dela, certeza que não é uma boa ideia.- Olhei pra barriga dela que nem dava sinal que tinha algum bagulho dentro.
Playboy: Quando ela descobrir que tu tá grávida, tudo muda.- Falei pensativo.
Bianca: Ainda não acho legal. O que tem lá que você quer ir? - Me encarou feio.
Playboy: Coe cara, vai ficar nessa? - Ela cruzou os braços.- Resolver um bagulho, liga pra ela e ajeita aí o bagulho.
Bianca: Ligue você e resolva então, não fui eu quem bati no namorado dela.- Falou se levantando.
Encarei ela dos pés a cabeça negando e peguei meu celular, meti serinho ligando pra Yara mas ela não atendeu. Já comecei ficando bolado com isso e me levantei indo pra cozinha, Bianca tava em cima da cadeira pegando os bagulhos do armário e eu peguei um copo de água.
Playboy: Quer que eu vá contigo resolver o bagulho da escola? - Falei serinho, ela me olhou de lado e deu os ombros.
Bianca: Não precisa, vou sozinha. Não vai sair hoje? - Neguei.
Bianca confirmou com a cabeça e deu as costas, era maior curiosa, sempre queria tá sabendo tudo que tava acontecendo o tempo todo, eu achava maior graça. Mas esse papo de desconfiança não tinha, nem pra outra mulher eu olhava, então era maior paz enquanto a essa parada, tem nem motivo pra se preocupar.
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Réus.
RomanceDe que vale o amor, sem passar pelo processo da dor?! Na verdade, pra sentir a paz, a calmaria e o amor, é necessário sentir tanta dor?! Talvez o processo seja longo, difícil e quase impossível, mas a busca pelo final feliz nunca pode acabar...