22

18.3K 1.9K 1K
                                    

Playboy.

Liguei pro Jacaré confirmando todos os bagulhos e olhei no relógio a hora, a Bianca tava sentada na cama olhando pra televisão, mas o tempo todo inquieta, quase pulando da varanda do hotel.

Playboy: Não abre a porta pra ninguém, tá ligada né?! - Ela me encarou.

Bianca: Te ouvir falando o óbvio me deixa cansada.- Eu soltei uma risada.- Você já vai?

Playboy: Os mano do jacaré já tão no caminho, é questão de minutos até invadirem o morro atrás do cabeça. Vou adiantar logo pra não dar nada errado.- Falei indo pra perto dela e ela me abraçou.- Logo menos eu tô de volta.

Bianca: Não pensa duas vezes antes de voltar pra sua família.- Falou beijando meu rosto, Bianca tirou a pulseira dela, colocando no meu pulso e eu encarei ela.- Vai te proteger como me protege.

Playboy; Te amo.- Abracei ela que me apertou como se o mundo fosse acabar.

Bianca: Te amo demais.- Soltei dela.- Seu filho ou filha também te ama.

Fiz uma cara feia e fechei o punho encostando na barriga dela, em forma de toque. Ela se encolheu e soltou uma risada, falando que ficou arrepiada. Me levantei pegando meus bagulhos e sai do quarto, escutei ela trancar a porta e fui em direção ao elevador. Desci rapidinho do bagulho e peguei minha moto, tava ajeitando pra sair dali quando o raidinho deu luz.

"Fogueteiro acabou de sair do morro, tá de moto e tem um carro cheio de segurança atrás dele."

"O cabeça tá no meio?" Eu perguntei.

"Tá na moto com o Fogueteiro."

Coloquei o raidinho na cintura e balancei a cabeça, saí dali direto pro galpão e entrei pelos fundos, eu já conhecia a mata que tinha ali por trás e era esquema fácil pra mim. O bagulho tinha tudo pra dar certo, a carga já tava aqui e como foi mandado, só alguns bagulhos tinham sido levados pelo Jacaré.

Quando acontecia parada assim, o caminhão vinha direto pra cá e o Fogueteiro vinha saber o que tinha sido levado. E eu tava aqui sozinho, a parte tranquila é que eu sabia todas as entradas e saídas, já tinha vindo aqui com o Cabeça altas vezes, então pra mim esse era o bagulho mas suave.

Eu tava escondido na salinha onde colocavam as armas, e era pra cá onde o Fogueteiro ia botar a cara de primeira. Esperei uns cincos minutos e ele entrou, o plano tava todo certo, não tinha um bagulho que desse errado.

Na vacilou quando o Cabeça entrou com ele, eu sabia que esse moleque já tá aqui, mas na minha mente só pedia pra ele ficar longe. Joguei a cabeça pra trás vendo o cara que era o responsável entrar também e eles tavam vindo na minha direção.

Joguei a cabeça de lado e puxei a arma mirando neles, ajeitei o silenciador e atirei na cabeça do cara responsável, no peito do Fogueteiro e na barriga do Cabeça. Os três caíram no chão, quase um por cima do outro.

Fogueteiro: Chama reforço porra.- Tentou falar, mas o Cabeça tava gemendo de dor e nem conseguia se mexer.

Corri até a porta trancado e fui em direção deles, tirei o cara que era responsável pelos bagulhos de cima do Fogueteiro, e quando ele me viu tentou pegar a arma, atirei na mão dele e ele gemeu de dor.

Cabeça: Irmão...- Sussurrou, olhei pra ele que tentava rastejar e virei o rosto.

Me agachei tirando as armas deles dali e coloquei o Cabeça distante, me agachando não frente do Fogueteiro que revirava os olhos.

Playboy: Filho da puta, arrombado de merda.- Cuspi na cara dele.- Lembra de quando eu era menor, filho da puta? - Bati o cano da arma na boca dele, que começou a escorrer sangue.- Eu te implorei, eu era moleque novo e te implorei pra tu parar de vender aquele merda, parar de distruir a minha família.

Fogueteiro: Covarde.- Falou tossindo.

Playboy: Eu queria te torturar de todas as formas, queria te ver implorando pra não morrer pelas minhas mãos. Mas meu maior prazer é saber que eu só vou te ver no inferno.- Falei dando um soco na cara dele.

Ele olhou fixo pro teto, enquanto o sangue escorria por todo lado, os olhos nem se mexiam, eu comecei a socar a cara dele sem parar, sentindo o sangue jorrar em mim, eu tava descontando todo meu ódio ali, eu queria tirar todo ódio de mim.

Eu queria mudar, eu queria ser um filho da puta melhor, eu queria que cada soco que eu metesse na cara dele, diminuísse a porra das lembranças ruins que eu tinha na minha mente.

— Fogueteiro? - Me afastei quando escutei alguém batendo na porta.- Qual foi menor, tá tranquilo?

Me levantei e peguei minha pistola, coloquei dentro da boca dele e apertei várias vezes seguidas até a munição acabar, sentindo o sangue voando pelo meu rosto, e na minha blusa branca.

Me levantei correndo dali e olhei pro Cabeça, que tava deitado na chão me olhando e com a mão na barriga, quase sem respiração. Tirei a outra arma da cintura, e quando ia atirar nele, o moleque falou que ia abrir a porta.

Corri dali subindo nos bagulhos e sai por onde entrei, pelo teto. Corri pela mata até minha moto e tirei a blusa, passei no rosto e joguei no chão, enquanto corria e sentia a adrenalina junto do ódio a cada passo que eu dava...

Réus. Onde histórias criam vida. Descubra agora