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Bianca.

Quando aquela carta do Playboy encostou na minha mão eu já sabia que iria vir algo desagradável. Enquanto eu lia, eu já chorava sentindo falta dele aqui, isso era uma merda grande pra caralho.

"Eu te amo pra caralho, mas te quero bem longe disso aqui. Não quero que tu passe por essa porra, não é justo contigo. Tu já aguentou muito bagulho por mim, e só dessa vez eu tô pedindo pra tu me deixar de lado e viver tua vida!
Sei que é difícil, é foda pra caralho pra mim, mas eu sei que tu me entende, jae?! Te amo, tu é minha mulher pra sempre, preta."

Eu já tava em prantos como uma bebê, mas apenas concordei com a decisão dele. Odiava pensar que não sabia até quando isso iria durar, mas algumas vezes eu já tinha visto relatos de mulheres falando que já haviam sido até estupradas indo visitar marido.

Mas em momento algum pensei em largar a mão dele, iria enfrentar tudo por ele. Mas essa era a decisão do Lucas, eu respeitava e iria acatar, mas não sabia até quando iria aguentar ficar assim.

Após mandar a ultrassom, eu estava felizinha e em paz, queria ver a cara dele ao descobrir que era um menino. Minha mente doía porque não parava um segundo de pensar, "ele já estava aceitando o filho?" ou, "ele já amava o nosso filho?"

Eram tantas perguntas e mínimas respostas.

A Lais tinha me ajudado a achar uma escola próxima ao morro, ela tinha me ajudado muito nas últimas três semanas e até desenrolou um menino pra ficar de segurança por lá, porque o boato mais falado pelo morro era que o Douglas queria a minha cabeça.

Subi minha calça ajeitando ela e resmunguei, a barriga havia crescido um pouco mais e já estava incomodando andar com minhas roupas, porque todas eram muito apertadas.

Assim que eu saí de casa com a mochila nas costas, o Carlão tava em cima da moto me esperando. Dei boa noite pro homem e ele foi me deixar na escola, estudei bem tranquila e sai voltando pro morro com ele.

Quando estava em casa troquei de roupa e decidi ir comer, eu nunca tinha saído de casa desde que cheguei e hoje eu queria ir. Então saí com meu short mais folgado e meu cropped que deixava minha barriga lindinha pra fora, fui andando pelo morro tentando não me perder, até achar uma lanchonete.

Me sentei sozinha e pedi um hambúrguer, fiquei mexendo no meu celular enquanto esperava, até escutar um grito, eu levantei a cabeça na hora e olhei pra rua.

Laís: Tá ficando doida, Letícia? - Gritou, toda escandalosa.

Jacaré: A garota só correu pra calçada cara, tu é maluca.- Falou negando e eu soltei uma risada fraca.

Laís assim que me viu abriu um sorriso e acenou, coloquei o celular em cima da mesa e eles pararam na minha direção. 

Laís: Foi pra escola hoje? - Falou em tom de repreensão e eu soltei uma risada.

Bianca: Fui sim, mamãe.- Revirei os olhos.

Leticia: Ela não é sua mãe.- Falou cruzando os braços e eu levantei as mãos em rendição.

Jacaré: Jaja ela adota mermo.- Puxou a cadeira sentando na mesa.

Laís: Você é muito sem educação, nem perguntou pra menina de podia.- Falou sentando, enquanto reclamava.

Bianca: Tudo bem.- Sorri fraco, vendo meu hambúrguer chegar.

Jacaré: Conseguiu algum contato com ele? - Me encarou.- O advogado tá trabalhando na redução de pena, daqui dois meses leva a frente pro tribunal.

Bianca: Ele pediu pra não ir visitar, mas mandou uma carta.- Lais me encarou.

Laís: Sério, cara? - Confirmei.- Você falou que o bebê é menino?

Bianca: Já sim.- Falei um pouco mais baixo.

Jacaré: Se tu quiser, o advogado entra num pedido de visita mais íntima no bagulho, papo que tu nem precisa passar pela revista e tal.

Bianca: Prefiro por enquanto concordar com a decisão dele, ele tem os motivos... Mas tá tudo bem, preciso aprender a lidar com ele um pouco distante, mas de qualquer forma acredito que ele vai ficar falando comigo de um jeito ou de outro...- Laís sorriu pra mim.

Laís: Isso mesmo, você vai ajeitar sua vida pra quando ele voltar, ficar feliz por ver sua evolução.- Bateu palma.

Pisquei pra ela voltando a comer e a gente ficou conversando. Foi bom pra eu me distrair porque eu realmente estava precisando, então a presença deles deixou tudo mais leve.

Réus. Onde histórias criam vida. Descubra agora