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Playboy.
1 mês depois.

Senti meu estômago embrulhar e vomitei tudo que eu comi, tava na enfermaria do presídio depois de um mês comendo uma vez por dia e com um copo de água por dia também.

Nayara: Você tem que comer devagar.- Neguei.

Playboy: Eu quero voltar pra minha cela.- Falei de cara fechada, tentando me levantar.

Nayara: Se você ficar ao menos em pé, pode ir.- Apontou pra porta.

Parei de tentar ignorando ela porque já tinha tentado, e tava fraco pra caralho pra isso. Neguei com a cabeça ficando quieto, a garota me entregou um copo de vitamina e eu tomei, fiquei caladão olhando pra nada e vendo o tempo passar.

Nayara: Eu sei que tem gente fora tentando matar você.- Olhei pra ela.

Playboy: Desde quando isso é bagulho do teu interesse? - Falei sem nem olhar pra ela.

Nayara: Estudei tua ficha, sou a psicóloga daqui também. Ouvi esses dias falando sobre você.- Fiquei calado.- Não vão te matar, mas vão fazer qualquer coisa pra te machucar, mas é pra você ficar vivo.

Playboy: Bando de covarde do caralho.- Foi o único bagulho que eu falei.

Nayara: Você tem alguém lá fora? -  Virei pra encarar ela, ela me olhou sorrindo de lado e eu mantive minha cara fechada.

Mas lembrei que a saudades tava fudida, porque era tempo pra caralho sem saber nada, se minha mulher tava bem, se meu filho tava suave, se ela tinha se decidido no nome do moleque, se ela tava protegida. Um mês sem escutar a voz, sem ler algum bagulho dela, isso me deixava numa neurose fudida.

Não respondi a doutora e ela fechou o sorrisinho, continuei tomando água e me esforçando pra levantar... Passei mais uma semana ali até conseguir andar no bagulho, quando voltei pra minha cela não vi o Moreno.

Olhei pros outros três malandros daqui e eles só me olharam de lado, tentei me pendurar na cama pra ver se os bagulhos dele tava aqui e quase caí, mas escutei uma risada e ele me ajudou.

Moreno: Calma pô, precisa morrer não.- Soltou uma risada de velho, encarei ele de lado e ele sorriu pra mim.

Playboy: Velho fudido.- Murmurei batendo no braço dele e me sentei.

Ele me encarou dos pés a cabeça e me encarava com maior alegria, Moreno começou a me contar alguns bagulhos dos presos novos e altos bagulhos, eu tava escutando mas minha mente tava em outro lugar.

Playboy: Que dia da semana é hoje? - Falei olhando pra ele.

Moreno: Amanhã é quarta, dia de ligação! - Passou a mão no meu cabelo.- Boto fé que ela tá maluca atrás de tu.

Só balancei a cabeça sem saber de nada, mas tava preocupado pra caralho com tudo. A noite foi longa e doída pra caralho, tava frio, eu não conseguia dormir e tava dormindo praticamente no ferro da cama, e eu não fechei o olho por um minuto, porque só pensava na Bianca.

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