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Playboy.

O sol ardeu na minha cara e eu me mexi, dei um pulo assustado do sofá, senti minha cabeça doer e a garganta rasgou, fazendo o vômito vim de vez. Passei a mão no rosto olhando em volta e fui em direção ao quarto, quando fui abrir a porta tava trancada, bati a cabeça respirando fundo e fui pro outro banheiro, limpando minha boca.

Voltei pra sala e peguei os bagulhos, limpando e passando o pano ali, passei a mão no nariz sentindo minha mão sair suja de sangue, voltei pro quarto batendo na porta e escutei a Bianca mexendo em alguma coisa.

Playboy: Abre aqui, Bianca.- Falei batendo na porta.

Ela demorou maior tempão pra abrir, olhei pra ela que tava com o rosto inchado de choro e eu tentei tocar nela e ela deu um tapa forte pra caralho na minha mão.

Bianca: Não encosta em mim, Playboy.- Passou por mim sem nem olhar pra minha cara.

Observei ela saindo de casa sem nem olhar pra trás e bati na porta do quarto, fazendo barulho e derrubando a nossa foto que ficava pendurada ali, joguei a cabeça pra trás e fui pro banheiro.

Bianca tinha uma neurose que na mente dela, ela conseguia me diferenciar como se fosse coisa do mundo, quando ela me chamava de playboy pode ter certeza que ela tava me odiando, não queria nem respirar o mermo ar que eu, e que se pudesse, me matava fácil!

Mas quando ela me chamava de Lucas, eu tava na paz, com maior moral com ela. E papo reto?! Eu odiava quando ela me chamava de playboy, porque me sentia o pior filho da puta do mundo todo filho, papo reto.

Uma vez eu fiquei tão bolado em escutar ela me chamando assim que foi a primeira vez que eu levantei a mão pra ela.

No mermo segundo, ela gritou na minha cara falando que eu era mais parecido com o Marcelo do que eu achava.

E aí o bagulho desabou, eu não sustentei mais porra nenhuma. Se pá, foi a primeira e única vez que a gente ficou quase um mês sem se falar, vivia no mermo teto, mas não trocava uma palavra.

Peguei a foto do chão, colocando no mermo lugar e fui tomar banho, senti minha cabeça pesar e vomitei de novo, lavei o banheiro também e sai, tomei um remédio e fui procurar meu celular. Quando achei, tava no terraço, de cara abri a conversa com o Fogueteiro e tava lá, maior conta e o maluco me cobrando sete mil reais, dizendo que foi tudo que eu consumi.

Soltei o ar procurando um copo de água e me sentei na cozinha, fiquei pensativo nos bagulhos por muito tempo mas na minha mente eu já sabia o que ia fazer, o único bagulho que faltava era forma de fazer o bagulho da melhor forma, de maneira que eu não estragasse mais o que já tava na merda, porque ultimamente tava foda...

Bianca.

Parei no Jacarezinho e os meninos que estavam rodando por ali me olharam, olhei pra eles da mesma forma e vi um deles pegando o raidinho. Eu ajeitei o capuz do casado, que ajudava a não ser reconhecida, até porque eu sabia bem dos riscos, mas estava o mais diferente possível, inclusive peguei ônibus, rodei pelo shopping ainda até ter certeza que tava sem ninguém atrás de mim.

Poucos minutos depois, um menino chegou de moto e me mandaram subir com ele, fui direto pra boca onde eu estava da outra vez. Me mandaram pra mesma salinha e eu vi o Jacaré ali dentro, ele me olhou e eu tirei o óculos.

Jacaré: Cadê o Playboy? - Neguei.

Bianca: Ele tá doente, não conseguiu vim. Eu queria resolver logo o papo da casa aqui, ele pediu pra eu vim.- O jacaré soltou uma risada e eu continuei séria.

Jacaré: Ué pô, e se tu não for a única mulher dele, como eu vou saber e te dar essa moral? - Falou em tom de gastação, mas eu não soltei nenhum riso.

Bianca: Você sabe muito bem quem sou eu, Jacaré.- Ele fechou o sorriso e bateu os dedos na mesa.

Jacaré: Ele tá machucou ontem? - Me encarou.

Bianca: Por que ele faria isso? - Continuei mantendo a pose.

Jacaré: Eu tenho moleque lá no morro de olho em tudo, tô ligado que colocaram ele pra cheirar.- Jacaré tirou a cadeira dele, e empurrou pra mim.

Bianca: Ele não encosta em mim. Mas isso não é o assunto, só quero saber se posso ver a casa, a minha decisão é a dele de qualquer forma...- Passei a mão na cabeça.

Jacaré: Vou mandar um menor descer...- Ele mal terminou de falar, alguém empurrou a porta com toda força e quase quebrou, eu olhei assustada pro lado e uma mulher grande, bonita e loirinha entrou.

— Você tá ficando maluco, seu filho da puta? - Gritou indo pra cima do Jacaré.- Namoral, tu perdeu o juízo maneiro! Tá com vagabunda na porra da sala enquanto tua filha tá doente em casa, caralho?!

Jacaré: Aí, Bianca.- Olhei pra ele minha cara de sem entender nada.- Essa é a minha mulher, Laís. E essa é a Bianca, mulher do Playboy...

Laís: Ah, mulher do Playboy.- Sorriu pra mim, como se não tivesse acontecido um surto há poucos segundos.- Mulher dele, entendi... E cadê ele?!

Bianca: Tá mal, não conseguiu vim.- Falei olhando pra ela.

Jacaré: A Leticia piorou? - Falou negando com a cabeça e a Laís confirmou.

Lais: Ela tá com uma febre mais pesadinha, vim aqui pra gente ir juntos pro médico, mas os meninos não quiseram me deixar entrar e aí...- Sorriu sem graça.

Jacaré: Aí Bianca, foi mal. Vou mandar um moleque da minha confiança contigo procurar a casa, vou resolver esse bagulho da minha cria.- Falou pegando as coisas dele na pressa.- Chama aí o Guto.

Bianca: Não confio muito nas pessoas, eu só vim procurar você porque você foi muito da hora da outra vez... Prefiro esperar um dia que. tu esteja sem nada pra fazer, relaxa.- A mulher abriu a porta.

Laís: Ele é meu irmão, mona. Não faz mal nem a uma mosca, e qualquer coisa você coloca a conta no meu nome, leva uma coça rapidinho.- Piscou.

Sorri fraco me levantando e senti uma tontura, Jacaré que tava mais perto segurou meu braço e a mulher de cara perguntou se eu tava grávida, respondi que sim e ela ficou muito animada, eu soltei uma risada sem entender e o Jacaré me entregou água.

Um moleque entrou com uma criança no colo e eu olhei pra ele, mas desviei rapidamente ele não me olhou mais e eu respirei fundo, voltando a ficar mais tranquila. Esperei eles conversaram algo, com o Jacaré dando as ordens pro menino e eu saí, colocando o óculos e o capuz novamente.

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