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Lucas.
anos atrás.

Eu tava sentado na calçada vendo o Douglas brincar, minha mãe tinha ido fazer faxina e eu tava cuidando do Douglas, meu pai tava dentro de casa e mandou a gente sair, ele tava brigando com alguém pelo telefone. O Douglas tava sentado no chão brincando com os bonecos que eu achei pra ele, ele estava de boa e eu observando tudo.

Lucas: Pra onde você vai? - Falei assim que meu pai saiu de casa, ele parecia estressado e muito bravo.

Ele não me respondeu, eu fiquei curioso. Olhei pro Douglas e peguei ele no colo, entrei em casa e coloquei ele no berço dele. Fiquei preocupado, poderia ter acontecido algo com a minha mãe e eu precisava seguir meu pai.

Sai de casa correndo procurando ele e achei ele subindo o morro, fui andando devagar, sem ele perceber até ele chegar numa rua vazia, só tinha algumas casas, um cheiro ruim e um cara na porta de casa. Meu pai chegou batendo nele, xingou ele de muitas coisas e o cara falou que não ia vender nada pra ele.

"Tu tem que parar mano, larga esse vicio! Eu não vou te vender porra nenhuma."

O moço falou, no mesmo segundo, meu pai tirou a arma da cintura e atirou cinco vezes no corpo do cara. Eu abri a boca surpreso e dei as costas, correndo dali. Quando cheguei em casa, corri pra perto do Douglas que ainda brincava, eu sentei no chão me encolhendo e comecei a chorar.

Por que minha família tinha que vim com tantos defeitos assim?! Que droga...

Minutos depois, alguém bateu na porta. Eu limpei o rosto e fui abrir, vendo a Bianca com um pote nas mãos.

Bianca: Eu fiz bolo com a minha mãe.- Me entregou e eu sorri.- Por que você não foi pra escola hoje?

Lucas: Tive que ficar com o meu irmão.- Falei coçando a cabeça.- Quer entrar?

Ela confirmou e entrou ajeitando o vestido dela, ela se sentou na cadeira e eu sorri, comendo o bolo que estava muito bom.

Bianca: Senti sua falta, fiquei com medo que tivesse acontecido algo com você.- Falou me olhando, eu abri um sorriso de orelha a orelha ao saber que ela se preocupava comigo.

Lucas: Eu também senti sua falta.- Ela me deu um sorriso tímido e eu senti meu rosto arder.- Eu gosto de ficar do seu lado.

Bianca baixou a cabeça com vergonha e eu coloquei o pote em cima da bancada, me aproximando dela. Eu tremia, estava nervoso, ainda muito chateado com o meu pai, mas parecia que ao lado dela tudo sumia, me deixava em paz e calmo.

Encostei minha boca na dela igual via na televisão, ela não se mexeu, nossas bocas continuavam juntas e eu não sabia o que fazer, nem ela. Bianca soltou uma risada e beijou mina bochecha, me abraçando com vergonha.

Eu tinha toda certeza que eu queria ficar com ela pelo resto da vida...

Playboy.
dias atuais.

Um mês depois da Bianca descobrir que tava grávida passou, eu tinha conseguido um trampo de vendedor, tava nervoso, hoje era meu primeiro dia. Ela tava com quatro meses de gravidez, mas nem parecia, a barriga dela era pequena, nem dava pra ver.

Eu tava começando a achar legal esse papo de filho, mas eu sentia maior medo do futuro, de todos os bagulhos que iam acontecer daqui pra frente. 

Bianca: Não fica nervoso, você vai conseguir.- Beijou minha testa, me abraçando.

Playboy: Se liga, qualquer bagulho me manda mensagem.- Falei passando a mão no cabelo dela.

Bianca: Vou fazer bolo pra quando você chegar.- Falou me soltando e sorriu.

Encarei ela e segurei o rosto dela, beijando a Bianca. Ela se afastou sorrindo e me entregou a chave da moto, eu cocei a cabeça e subi, tirando a moto dali e esperei ela entrar em casa, pra poder descer o morro.

Passei pelo fogueteiro que tava na entrada e me encarou feio, dos pés a cabeça. Evitei qualquer bagulho com ele e segui meu destino, o trampo era numa loja de sapatos. Não era muita grana, mas pelo menos ia dar pra algum bagulho, e era um papo limpo...

Em menos de três horas de trampo eu já tava bolado, vários me olhando torto, quando chegava gente pra comprar, me olhava dos pés a cabeça e dava meia volta, eu já tava no ódio! Desisti do bagulho, aquele olhar de nojo pra mim me fazia surtar filho, papo reto, esse papo não era pra mim.

Ia largar, arrumar algum bagulho maneiro e que se foda, uma hora essa porra tinha que da certo pra mim. Sai da loja mandando geral se fuder, principalmente as dona que me olhavam com desconfiança, segurando a bolsa.

Saí dali bolado, se eu tivesse com a peça na cintura, não tinha mais ninguém vivo ali. Passei a mão no rosto sentindo ódio no meu peito, maior arrependimento de ter saído de casa pra isso.

Eu olhei pro lado e vi uma loja de joia, fiquei encarando de longe por uma cota e tirei a carteira do bolso. Tinha uma grana maneira de uns corre passado, eu dei os ombros e meti o louco indo até lá, quando entrei, a vendedora voou pra perto de mim, me olhou cheia de segundas intenções e eu permaneci com minha cara fechada.

— Como posso te ajudar? - Falou sorrindo de orelha a orelha.

Playboy: Quero alguma pulseira maneira, pra minha mulher e pro meu filho que vai nascer.- Falei olhando ela por cima, ela fechou o sorriso aos poucos e pediu pra eu ir até ela.

Demorei uma cota até achar algum bagulho do meu agrado, até achar um dahora mermo. Paguei o bagulho a vista, e quando a garota me deu a sacola com os bagulhos, empurrou um papel com o número dela.

Peguei a sacola e virei o rosto saindo dali, neguei com a cabeça indo em direção a minha moto e subi, colocando a parada na minha mochila e saindo dali. Eu tava indo tranquilinho na direção da minha casa quando a polícia começou a rodar, achei que não ia da em nada, mas foi questão de segundos pra eu ser abordado.

E namoral? Já tava puto de ódio de tudo, os malucos me fez encostar e jogaram tudo que tinha na minha bolsa no chão. Perdi a visão na hora, comecei a xingar pra caralho, mandei geral tomar no cu, se fuder e qualquer bagulho possível.

Eu não era procurado, mas foi questão de segundos pra começar a apanhar, no meio da rua mermo. Senti os chutes na barriga na maior covardia, pensei em levantar e revidar mas fiquei na minha, porque depois eu tava sendo levado pra delegacia e sabendo que isso era só mais um b.o pra conta.

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