19

19.7K 1.9K 321
                                    

Playboy.

Passei a mão pelo rosto da Bianca vendo ela dormindo, deslizei o polegar na bochecha dela e deitei a cabeça na parede, olhando a mão dela que tava em cima da barriga descoberta. Esse era o bagulho que mexia comigo pra caralho, por mais que eu tentasse ignorar, sempre ia tá ali.

Eu não queria dar esse b.o de fuder com a vida de mais alguém, principalmente quando era uma criança, mano. Um filho da Bianca, que ela tava amando pra caralho e eu nem de longe sentia a merma felicidade! Eu nunca quis ter um filho, papo reto, porque eu sempre soube que não era capaz de dar o melhor.

Qual foi irmão, eu vou tá colocando gente no mundo pra estragar a vida?! Não fode. Nunca tive amor de pai, pra querer dar amor pra um filho, e ficar pensando que eu vou ter que fazer algum bagulho pra mudar isso, me deixa neurótico.

Porque não é que eu não queira, eu quero pra caralho! Mas eu não consigo, e no maior papo transparente, não é falta de tentativa.

Eu tava viajando em mil bagulhos quando o meu celular começou a vibrar, me afastei da Bianca e me estiquei pra pegar, vi o número não salvo da Yara e encarei a tela, vendo a Bianca abrir os olhos, olhando pro celular que tava vibrando do lado dela.

Bianca: Quem é? - Falou com voz de sono.

Playboy: Yara.- Bloqueei o celular, colocando na bancada.

Bianca: Ela nunca liga, deve ser algo importante.- Falou de olhos fechados.

Playboy: Ela se vira.- Bianca abriu os olhos, me olhou e esticou o braço.

Ajeitei os bagulhos deitando do lado dela e ela me abraçou, passei a perna por cima da dela e Bianca colocou o rosto no meu pescoço, fechando os olhos. Passei a mão na cintura dela sentindo o corpo dela me esquentar e beijei o cabelo, fechando os olhos. Mas não deu cinco minutos pro celular da Bianca tocar, o dela não tava no silencioso então fez maior barulho, soltei ela vendo ela pegar e atender.

Bianca: Alô? - Falou se soltando de mim.- E cadê o pai dela?; Ok, Yara. Eu irei perguntar se ele pode ir... Não, ele não tem obrigação nenhuma...- Ela olhou pra mim, tirando o celular do ouvido.- Ana tá passando mal, o pai tá trabalhando e ela tem que ir pro hospital, você pode levar?

Olhei pra Bianca por alguns segundos e balancei a cabeça de leve, Bianca falou no celular que eu já tava indo e eu me levantei, indo trocar de roupa.

Playboy: Te deixo na casa da Yara, melhor que tu ficar sozinha aqui.- Falei vestindo a roupa.

Bianca se levantou com preguiça e foi no banheiro, peguei meus bagulhos e fiquei esperando ela sair e colocar uma roupa. Saí com ela de casa vendo o dia amanhecer e desci pro Jacaré, parei na casa da Yara e ela empurrou o portão, fazendo a gente entrar.

Yara: A chave do carro.- Falou me entregando.- Vou pegar ela.

Entrei no carro vendo a Bianca empurrar o resto do portão e tirei dali, Bianca colocou a moto pra dentro e eu soltei uma risada fraca, vendo ela quase cair com o peso da moto. Ela ajudou a Yara com as coisas da Ana e eu observei elas entrando no carro, quando fui saindo dali vi o maluco segurança do jacaré e ele balançou a cabeça pra mim.

Fiz o mermo bagulho pra ele e sai indo pro postinho mais perto que tinha ali, Yara saiu na frente e eu desci com a Bianca, que segurou minha mão e foi andando do meu lado.

Bianca: Ela deveria aprender a dirigir.- Falou sentando do meu lado.

Playboy: Vai lá ensinar pra ela pô.- Debochei e ela me mordeu, empurrei a cabeça dela e olhei pra Yara, que segurava a Ana que tava vomitando no meio do postinho.

Bianca: Achei até milagre você vim sem reclamar, tá de parabéns.- Gastou.

Playboy: Se fosse pra Yara eu não vinha nem fudendo, mas a garota não tem nada a ver com os papos aí.- Neguei.

Bianca beijou minha bochecha e eu observei a Ana sendo levada, fiquei de braços cruzados ali enquanto esperava mas já tava na maior vontade de fumar.

Bianca: Hm... Quinta feira é a ultrassom do bebê...- Olhei de lado.- Queria que você fosse...Provavelmente vou saber se é menino ou menina.

Playboy: Vou ver aí.- Falei sem muito interesse nesse bagulho e ela deu um tapinha no meu ombro.

Deitei a cabeça por cima da dela e escutei a Bianca me xingando baixo, levantei a mão batendo no rosto dela e ela deu maior soco na minha perna. A gente ficou ali por quase meia hora sem notícia nenhuma, mas a Bianca já tava dormindo deitada no meu braço, então eu levantei e fui atrás da Yara, pra falar que ia meter o pé, que já ajudei mais do que deveria...

Réus. Onde histórias criam vida. Descubra agora