Bianca.
Subi pra laje sentindo o vento frio encostar em mim e por milagre, hoje estava com maior cara de chuva do Rio de janeiro. Me encolhi acendendo o cigarro e puxando, brinquei com a fumaça dentro da boca e soltei pra fora, sentindo vento fazer aquela fumaça sumir.
Já se passavam de meia-noite e não havia nem sinal do Lucas, e eh não sabia o que eu sentia. Preocupação, raiva, angústia, vontade de sumir, ou vontade de ir atrás?!
Vontade de fazer tudo isso sumir, ao certo.
Fumei um cigarro so e joguei ali, olhando pro céu. Quando escutei o barulho das motos eu observei elas entrando na rua, não só a do Lucas, a do Fogueteiro, cabeça e outro moleque qualquer que eu não conhecia. Mas se o Lucas estava junto do Fogueteiro, eu já sabia o que havia acontecido.
Demorei minutos respirando fundo e desci pra dentro de casa, abri o portão vendo o Playboy inquieto, rindo atoa e com os olhos vermelhos. Sua blusa que nem era clara deixava marcas de sangue expostas e eu sabia que era o cigarro, o meu olhar se encontrou com o dele e o Cabeça empurrou ele pra cima de mim, fazendo eu sair do caminho dele.
Bianca: Vão se fuder, seus filhos da puta.- Falei encarando eles. Eles estavam totalmente sóbrios, diferente do Playboy, que andava de um lado pro outro atrás de mim.
Fogueteiro: Tem certeza que vai ficar aí com ele? Posso te fazer companhia.- Falou en tom de brincadeira.
Bianca: Tomara que no inferno vocês se acompanhem.- Olhei pro Cabeça, que riu e eu fechei o portão.
Tranquei o portão olhando pro Playboy e ele sorriu pro nada, enquanto olhava cada canto do casa por fora, encostei nele empurrando ele pro chuveiro que tinha ali e ele empurrou minha mão.
Playboy: Não encosta.- Me olhou bravo.
Empurrei ele aproveitando que seu corpo tava mole o suficiente, porque na realidade eu nunca conseguiria fazer isso pelo seu tamanho ser o triplo do meu. Liguei a água que estava totalmente gelada e até eu me molhei sem querer, Playboy deslizou encostado na parede até o chão sentido a água cair sobre o seu corpo e eu encarei ele, me agachando em sua frente.
Bianca: Eu odeio você, Playboy.- Sussurrei, vendo ele encarar os próprios pés.- Eu odeio a forma que você estraga a porra da sua própria vida e me faz ir pra o fundo do poço junto. Essa porra é injusta pra caralho!
Eu me levantei desligando a água e puxei o braço dele, vendo ele mais quieto, porém tendo tremedeiras o tempo todo. Fui arrastando ele pelo braço igual uma mãe arrasta uma criança mimada, troquei a roupa dele colocando uma limpa e joguei o Playboy no sofá, dei as costas pra ele e me tranquei no quarto, fechando os olhos mesmo que sem conseguir relaxar.
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Réus.
RomanceDe que vale o amor, sem passar pelo processo da dor?! Na verdade, pra sentir a paz, a calmaria e o amor, é necessário sentir tanta dor?! Talvez o processo seja longo, difícil e quase impossível, mas a busca pelo final feliz nunca pode acabar...