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Bianca.

Tava esperando a Babi terminar de encher meu copo com açaí e calda de sorvete quando escutei o Jacaré buzinando, o Victor me abraçou e eu beijei a cabeça dele.

Bárbara: Sábado lembra da competição dele, vou te ligar logo cedo.- Confirmei pegando meu copo.

Bianca: Não vou esquecer.- Falei de boca cheia e ela veio comigo até a porta.

Abracei ela me despedindo e sai indo até o Jacaré, quando entrei no carro ele pegou meu copo comendo do açaí e fez uma cara feia.

Jacaré: Caralho, que gosto de limão é esse? Ta doida? - Falou cuspindo.

Bianca: Coloquei um limão pra diferenciar, tá muito bom né?!  - Ele negou com a cabeça.

Jacaré: Tu é muito nojenta, que isso.- Falou saindo dali.

Bianca: Maridão ligou.- Falei enquanto comia e ele balançou a cabeça.- Leandro só faltou sair correndo da barriga.

Jacaré: Cria já conhece né.- Falou em tom de brincadeira.- Ele tá suave?

Bianca: Não.- Falei o óbvio.- Enquanto ele estiver lá ele nunca vai estar.

Jacaré: Quando menos esperar, a liberdade vai chegar.- Falou aumentando a música.

Fiquei calada e voltei a comer tudo, depois fui observando o caminho e quando cheguei em casa fui tomar banho e me arrumar. Minha rotina continuava a mesma, porém em um ritmo mais lendo e cansativo, por mim eu passaria o resto dos meus dias deitada sem fazer nada.

Mas eu me arrumei e fui pro curso, quando terminou eu fui no banheiro e tava lavando meu rosto, tava sentindo ele me incomodar e tava com sono também. Quando eu ia sair do banheiro, escutei grito, tiro e muito barulho lá fora.

— Calma porra, sem gritaria. A gente tá de missão.- Escutei uma voz gritar.

O corpo arrepiou, eu tranquei a porta do banheiro e fui empurrar o armário das coisas, mesmo quase morrendo eu consegui, peguei meu celular tremendo e liguei pro Jacaré.

— Cadê ela, caralho? - Eu gelei.

A voz do cabeça tava no corredor e eu coloquei a mão na boca começando a chorar, a chamada caiu e jacaré não atendeu. Liguei uma, duas, na terceira escutei os passos perto da porta.

Corri pra minha bolsa pegando a pistola e tentei carregar, mas eu tremia, escutava a conversa através da porta e eles batendo na porta. Além disso minha visão tava embaçada, senti a primeira pontada na barriga e abri a boca, segurei o grito de dor e eles chutaram a porta.

Outra pontada, as lágrimas já não paravam de descer por um segundo, minha barriga doía demais e eu não conseguia quase respirar. Apoiei na pia olhando pra baixo e senti doer mais, senti algo descendo pelas minhas pernas e sujar o chão.

A minha calça ficou vermelha, era sangue. Perdi minhas forças caindo no chão e o armário caiu, me encolhi vendo os homens entrando no banheiro todos armadas e me encarando com um sorriso, meu celular começou a tocar e eu vi na tela o nome do Jacaré.

— Pode avisar o cabeça que a gente tá com ela.- Falou no raidinho.

Um deles pisou no meu celular e eu soltei a arma colocando a mão na boca, fechei os olhos chorando e gritando de dor.

Bianca: Meu filho, por favor.- Implorei, quase sem voz.

Eles olharam pra minha calça branca e se entreolharam, continuei sentindo dor, gritando e implorando pra o mínimo de piedade. Eu não podia perder meu filho, não agora...

Réus. Onde histórias criam vida. Descubra agora