Playboy.
Senti meu peito doendo e baixei a cabeça olhando pro chão, respirei fundo colocando a mão na meu peito e fechei os olhos, soltando o ar. Senti uma mão no meu ombro e levantei a cabeça, olhei pro Moreno que tava do meu lado e vi que a cela tava aberta.
Hoje era dia de visita, eu tava sozinho na cela e ele tava do meu lado com um pote, me ajeitei passando a mão no rosto e ele me entregou.
Moreno: Aconteceu algum bagulho aqui? - Olhou em volta.
Playboy: Não.- Abri o pote, sentindo o cheiro de bolo de chocolate.- Neurose minha só.
Moreno: Minha mulher tá aí com meu filho querendo te conhecer.- Falou me olhando e eu neguei, enchendo a boca de bolo.
Playboy: Outro dia, tô bom hoje não.- Falei e ele confirmou com a cabeça, ele deu as costas e foi saindo.- Aí, agradece a mulher aí pelo bolo, tá maneirinho.
Ele balançou a cabeça pra mim e saiu, indo voltar pra praça de visita. Toda vez que a mulher dele vinha aqui, ele me entregava algum bagulho pra comer, e era mo dahora a comida dela, gostosinho pra caralho.
Eu nunca saia daqui em dia se visita, não gostava de tá vendo os bagulhos lá fora porque lembrava da Bianca, e eu já pensava nela pra caralho o dia todo, ir lá fora e ver geral com a família era quase uma tortura.
Tava terminando de comer quando escutei maluco correndo, as celas ficavam abertas pra geral ir e vir até a hora da visita acabar, mas sempre tinha os guardas rondando. Eu continuei comendo sem me importar com esses bagulhos, até escutar gente entrando na minha cela.
— Aí, cuzão.- Levantei a cabeça, vendo que era os três caras mandadão do Cabeça.
Sempre que eles tinham oportunidade aprontava algum bagulho comigo, fechei a cara e vi o guarda fechando a cela, outro mandadão do Cabeça.
— Teu mano mandou te entregar.- Jogou uma foto em cima de mim.
Quando eu ia ver o bagulho, senti um soco na cara. Me levantei e veio os três pra cima de mim de uma vez, não tive nem chance no bagulho, mas mermo assim não deixei levar, tentei ir pra cima mas só me fudi mais.
— Já deu.- O guarda falou, e eu nem sentia mais altos bagulhos do meu corpo, joguei a cabeça pro lado vendo eles saindo de cima de mim e o guarda veio, me puxando pelo braço que tava machucado pra caralho.- 1 semana na solitária!
Playboy: Verme filho da puta.- Xinguei na cara dele, ele tirou a pistola da cintura e bateu com ela na minha cara.
— 1 mês, otario.- Me empurrou.
Mal consegui andar, assim que eu pisei pra fora da cela, vi o Moreno sendo segurado por outros guardas, ele me encarou de longe e eu fui empurrado na direção contrária dele, indo ficar na solitária.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Réus.
RomanceDe que vale o amor, sem passar pelo processo da dor?! Na verdade, pra sentir a paz, a calmaria e o amor, é necessário sentir tanta dor?! Talvez o processo seja longo, difícil e quase impossível, mas a busca pelo final feliz nunca pode acabar...