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Bianca.

Eu soltei o ar sentindo ele deitar a cabeça na minha barriga e se mexer como uma criança indefesa, que precisava de carinho porque era assim que eu via ele. Eu odiava o pai dele por ter feito isso, odiava a forma que ele estava tão quebrado hoje em dia que não conseguia nem dar amor a si mesmo, odiava ver ele assim, pois sabia que eu nunca iria conseguir mudar ele.

E por que eu continuava? Por que eu insistia em alguém assim? E eu não conseguia responder de outra forma, eu continuava aqui por medo.

Eu realmente amava o Lucas, queria tudo de melhor pra ele. Mas a pior coisa foi ver que ele dependia de mim pra estar vivo, dependia de mim pra querer estar vivo! E o foda é que ele é dependente de mim, e eu acabei me tornando dele.

Isso não é amor. 

Mas eu gosto dele desde criancinha, sempre imaginei ele num futuro foda, e até realizando todos os planos dele. Mas acho que isso deixou tudo pior por causa do Fogueteiro, quando meus pais me obrigaram a ficar com o Felipe tendo só 14 anos, só pra conseguir bancar os luxos deles, Lucas surtou.

E acho que começou daí, do medo de me perder pra qualquer outro. Lucas abriu maior barraco, maior confusão, tentou me ajudar como ninguém nunca tentou... E conseguiu, mas até hoje faz corre pro Fogueteiro pra tentar nos bancar.

Ele não me deixa trabalhar, pois diz que eu não preciso disso e que ele pode me dar uma vida de princesa, mas sabemos que não.

É tudo tão complicado e complexo, que não há nada que eu consiga descrever totalmente, nada que eu possa explicar de forma clara... Ter esse bebê me faz ter uma luz de esperança, de mudança, de tentativas novas e talvez, de tentativas de sucesso.

Eu estava no mundo real passando o dedo pela tatuagem que ele fez pra mim, era uma anjinha e tinha meu nome em baixo, eu fiquei tanto quanto surpresa e feliz quando ele fez, mas achei engraçado.

Playboy: Vou tentar arrumar algum bagulho limpo pra fazer.- Virou pra me olhar.- Se é pra não errar, quero fazer o bagulho direito!

Bianca: Podemos tentar.- Ele negou.

Playboy: Agora que tu tá grávida vai ficar mais longe do que nunca.- Revirei os olhos.- Ainda tem uma grana guardada, dá pra gente fazer algum bagulho.

Bianca: Tem a grana que tá na minha conta também.- Lucas passou o dedo na minha barriga e deu um beijo.

Playboy: Aquele dinheiro é teu.- Revirei os olhos.

Bianca: É nosso, Lucas. Para de caô, cara! Tudo que você faz é pra mim, não dá pra ser assim. Somos um casal, você me ajuda, eu te ajudo, e só assim vai funcionar.- Puxei o cabelo dele e ele soltou uma risada, me olhando. 

Playboy: Tu já faz ficando do meu lado.- Falou levantando pra desligar a luz.

Soltei o ar coçando a cabeça e o Lucas deitou do meu lado, me abraçando. Eu fechei meus olhos pronta pra dormir, mas eu sabia que o Lucas não ia dormir, porque ele quase nunca conseguia, sempre tinha pesadelos, então o máximo que ele fazia era cochilar e ficar fazendo carinho no meu cabelo.

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