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Bianca.

Passei dois dias em um hospital, fazendo exames, tomando um soro na veia e garantindo que o baby estava com tudo bem, apesar do susto enorme.

Quando cheguei em casa tinha uma cesta de doces que eu amava e um cartãozinho dizendo que era da Laís, Letícia e Jacaré. Sorri enquanto segurava o Leandro e coloquei ele na cadeirinha, abri a cesta lendo o cartãozinho que estava com a letra da Letícia.

"Te amamos, titia e Leandro."

Sorri toda boba e puxei a cadeirinha do Léo pro quarto, tomei um banho rápido só pra tirar o cheiro de hospital do corpo e fui dar um banho nele, o meu primeiro. Que foi com muita luta, muito cuidado e muito medo, já que ele não parava de chorar, mesmo eu já tendo escutando que era normal.

Quando terminei de dar um banho nele, escutei gente batendo no portão. Sai com ele enrolado na toalha enquanto ainda chorava e abri o portão, vendo o Jacaré.

Ele tava meio mal comigo, talvez porque insistiu pra eu falar o que tinha acontecido há dois dias atrás, até porque ele sabia que nem vivo deveria estar, se o Douglas tivesse terminado com o plano dele mesmo.

Mas era algo que eu pretendia conversar com ele sim. Jacaré simplesmente faz de tudo pra me ajudar e nada mais justo do que eu ter uma conversa sincera com ele sobre isso, mas eu só tava muito cansada de todas as formas pra conversar sobre isso antes.

Jacaré: Qual foi, escandaloso.- Entrou reclamando.

Bianca: Tá feliz porque mamãe deu o primeiro banho nele.- Falei cheirando ele, Jacaré entrou me segundo e eu fui pro quarto.

Jacaré: Moleque tá te odiando, papo reto.- Gargalhei.

Bianca: Amei a cesta.- Falei concentrada passando a pomada no Léo.

Jacaré: Qual? - Olhei pra ele que me olhou sem entender.

Bianca: A que a Letícia, Laís e você me mandaram.- Falei rindo e negou.

Jacaré: Eu mermo sabia de nada.- Falou olhando o celular.

Terminei de ajeitar o Leandro e coloquei ele no berço, antes mesmo de eu terminar de vestir ele, ele já tinha fechado o choro e tava de olhinhos fechados ja. Limpei a cama e me sentei do lado do Jacaré.

Bianca: Veio falar algo? - Paguei de maluca.

Jacaré: Tá ligada que uma cota atrás te chamei pra ir morar com a gente? Tô fazendo o mermo convite de novo, vai ser foda cuidar dele aqui sozinha. Tu ainda tem escola, dar um jeito de fazer o curso aí, vai ficar pesadão.- Sorri.

Bianca: O curso e escola vão ter que esperar por um bom tempo, cara. Não tem condições de eu largar meu filho pra ir, nem ferrando. Mas agradeço, não quero ser um peso pra vocês, mais um pouco na verdade...

Jacaré: Se liga cara, tu é da família. Tu é...- Ele ia falar mas desistiu, ficando calado.

Bianca: Eu acho que perdoo o Douglas...- Falei um tempo depois e ele me encarou.- Ele é o mesmo do Lucas, a diferença é que ele entrou de cabeça nessa merda de ser filho da puta.

Jacaré: Tá ficando maluca? - Negou, desacreditado.- Teu filho quase morreu por ele, quase morreu! E só porque ele mudou de mente no último minuto, não quer dizer caralho nenhum. Por um minuto a mais, teu filho não tava aqui não!

Bianca: Mas tá, Jacaré.- Falei baixo.- Você não tem noção de como o Lucas por perto, ele sempre quis o único irmão ao lado dele! É a única família dele.

Jacaré: Tu acha mermo que o Playboy vai ficar suave em saber a história toda, caralho? - Falou bravo, ele tava puto pra caralho comigo.

Bianca: Eu queria que ele não soubesse.- Jacaré se levantou.- Ele é o único tio do Leandro, ele pode mudar pelo sobrinho. Você tinha que ver como ele tava olhando pra ele.

Jacaré: Jae, pô. Tu quer acreditar nessa parada? Acredita! Tá contigo, vou te impedir de nada, mas vou largar mão no papo reto de você.- Falou saindo do quarto.- Papo de otario não é comigo.

Bianca: Jacaré, se for pra ter que escolher em te ter por perto e ter o Douglas, eu prefiro você! Te considero como meu irmão cara, tu tá dando tudo pra mim desde o dia que eu pisei aqui, fazendo bagulho que nem tem obrigação. Se pra você tá foda essa ideia, eu desisto cara! - Falei atrás dele.

Jacaré: Eu sou irmão do Lucas, Bianca.- Falou me encarando e eu parei.- Só trouxe vocês pra perto por causa desse bagulho, eu tô fazendo de tudo por vocês porque vocês são minha família nesse caralho. Se tu quer que o Leandro tenha um tio, eu quero ser um tio foda pra caralho pra esse moleque!

O Jacaré falou como se tivesse um peso saindo das costas dele, eu nem tive como duvidar porque ele me encarava de uma forma que parecia cada palavra real.

Bianca: E você só tá me mandando esse papo agora? - Falei um pouco baixo.- Esse tempo todo, é sério?! Só agora?

Jacaré: Eu queria trocar um papo com o Lucas antes, sei nem se o maluco quer me reconhecer como irmão pô.- Negou.

Bianca: Mas isso não foi justo comigo.- Apontei pra ele.

Escutei o Leandro começar a chorar e Jacaré deu os ombros, ele deu as costas e foi indo em direção a porta, passou pela minha cesta de doces e pegou um bombom de chocolate, saiu fechando a porta e eu balancei a cabeça.

Muita informação e muita decisão pra mim numa hora só. E eu só queria o Lucas aqui, pra me fazer ignorar tudo e aproveitar com ele.

Réus. Onde histórias criam vida. Descubra agora