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Playboy.

Ih, já senti o cheiro da neurose de longe. Encarei minha coroa, um homem e a Bianca ali, minha mãe me olhou feio pra caralho e a Bianca me olhou preocupada.

Yara: Tá tirando com a minha cara, Lucas? - Apontou e eu olhei pro homem.

Playboy: Arrumou um brinquedo novo? - Gastei, Bianca socou minhas costas e eu olhei pra ela.

Bianca: Caraca, era pra você trabalhar, não pra ser preso por desacato.- Bateu na minha cabeça.

Yara: Pelo visto, seu único objetivo é entrar de cabeça nessa merda de vida errada né?! - Chamou minha atenção.

Bianca: Pelo contrário, Yara.- Nem me deixou falar.- Lucas estava procurando um emprego, e com toda certeza aconteceu algo que explica o porquê dele estar aqui.

Yara: Claro, Bianca. Eu ficar desacreditada se tu não passasse a mão na cabeça dele.- Eu peguei minha mochila colocando nas costas.

Bianca: A única coisa que eu tô fazendo é botando fé no Lucas, coisa que você deveria fazer também.- Minha mãe se aproximou querendo ficar cara a cara com a Bianca e eu entrei na frente da Bianca.

Playboy: Dá um tempo.- Falei encarando ela.- Quanto foi a fiança?

— Se preocupa não, tá em casa.- O homem falou, encarei ele de lado e olhei pra minha mãe.

Balancei a cabeça segurando a mão da Bianca e fui saindo com ela na frente dos dois, quando a gente tava saindo da delegacia minha coroa chamou a atenção.

Yara: Cada dia você tá mais parecido com seu pai, eu nem sei porque isso deveria ser uma surpresa pra mim, você e o Douglas só me dão decepção.- Olhei pra trás, Bianca tentou me segurar mas eu fui pra cima dela.

Playboy: E quando a gente mais precisava, onde tu tava? - Gritei em cima dela e o maluco me empurrou.- Encosta em mim não, caralho!

— Relaxa aí mano, não tô afim de confusão.- Encarei ele.

Playboy: Tu virou a cara pra gente desde que o Marcelo morreu, tu não tem a porra da moral pra falar nada, filha da puta.- Gritei olhando pra ela.

Mal terminei de falar e senti o soco no rosto, encarei o homem e fui com todo meu ódio chutando a barriga dele, quando ele caiu no chão, chutei o rosto dele e ele cuspiu sangue, tentando se levantar.

Bianca: Para, caralho.- Tentou me puxar.

Yara: Você tá na frente de uma delegacia.- Falou e eu continuei chutando a barriga dele.

Senti as unhas da Bianca cravando no meu braço e joguei a cabeça de lado com dor, ela me deu maior empurrão aproveitando que eu tava leve e eu quase caí pra trás. Bianca me encarou com maior ódio e eu respirei fundo, dando as costas e indo em direção a moto.

Bianca: Que droga, que inferno.- Gritou comigo.- Para de fazer tudo errado, para!

Encarei ela respirando fundo, tentando aliviar a minha tensão, porque não tava afim de descontar nada nela. Fiquei esperando ela subir na moto mas ela negou, pegando o celular e saindo de perto de mim, eu liguei a moto saindo dali e fui dar uma volta, sem destino nenhum.

Lucas...
anos atrás.

Segui meu pai vendo ele parar pra conversar com o Fogueteiro, fiquei encarando de longe até ver o Fogueteiro vendendo cocaína pra ele, eu fiquei vendo meu pai até ele sair dali e corri pra perto do Fogueteiro.

Fogueteiro: E aí mano, tá afim de que? - Bateu na minha mão.

Eu já nem gostava dele por causa da Bianca, ele era um babaca.

Lucas: Meu pai acabou de sair daqui.- Apontei de lado e ele olhou em volta, balançando a cabeça.

Fogueteiro: Quer o mermo que ele? Dá um presente pro pai né? - Brincou e eu continuei de cara fechada.

Lucas: Para de vender essas coisas pro meu pai, por favor.- Falei com voz de choro.

Fogueteiro me olhou dos pés a cabeça, os moleques que tavam com ele me olharam também. Felipe me olhou e começou a rir junto com os outros moleques, eu dei um passo pra trás e ele apontou o fuzil pra mim rindo.

Fogueteiro: Nem fudendo, moleque! Teu coroa é o que mais rende aqui, enquanto ele tiver pagando, ganha até em dobro.- Falou debochado, e rindo de mim.- Mete o pé daqui. 

Neguei com a cabeça e sai correndo dali, fui pra minha casa e só estava minha mãe e o Douglas. Eu fui direito pro meu quarto e me encolhi no chão, pensativo e triste, como todos os dias...

Eu estava encolhido no sofá enquanto via meu pai quebrar tudo, ou melhor, o pouco que ainda tínhamos. Minha mãe tava trancada no quarto com o Douglas e meu pai estava bravo porque a droga dele tinha acabado e não tinha mais dinheiro pra comprar mais.

Ele tentava cheirar os resquícios que estava em cima da mesa, ele tava muito eufórico andando de um lado pro outro, até ele me olhar. Ele parou de andar, ficando na minha frente e olhou no fundo dos meus olhos.

Achei que ele ia me bater, descontar a raiva em mim, me puxar pelo braço e me obrigar a arrumar droga pra ele, mas ele ficou me encarando por um minuto.

Lucas: Pai? - Falei sem entender.

Ele caiu na minha frente tremendo no chão e eu me estiquei pra olhar, senti a mão dele na minha perna e abrir maior olhão, vendo ele se debater no chão, como se estivesse muito mal.

Eu não fiz nada, eu não quis fazer nada.

Sabia que algo ruim estava acontecendo, sabia que ele estava mal. Mas eu não queria fazer nada pra ajudar.

Ele virava o rosto de um lado pro outro, por um bom tempo até parar de se mexer. Uma espuma branca começou a sair da sua boca e ele me olhou pela última vez, enquanto saia da sua boca, ele parava aos poucos de se mexer, enquanto sua mão ainda segurava minha perna.

Mas aquele foi o último minuto que eu encarei ele, até ele não se mexer nem mais um minuto se quer. Me levantei passando por ele e dei um sorriso fraco, indo até o quarto e batendo na porta, vendo minha mãe sair desesperada, enquanto eu me deitei no colchão do chão, pegando um brinquedo e dando um sorriso...

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