Playboy.
Senti ela soltando o ar no meu pescoço e apoiei o queixo na cabeça dela, enquanto a água caia sobre a gente. Eu não sabia o que fazer, tava perdido, eu não tinha condições de criar um filho nessa maldade toda, porque desde que eu entrei nessa, prometi que não ia fazer merda com ninguém além de mim mermo.
Mas sempre errei, comecei com a Bianca, com minha mãe, falhei até com meu irmão, e agora tô aqui, preparando pra ser um merda até com meu próprio filho!
Bianca: Eu posso ir atrás de um trabalho, amanhã bem cedo...- Nem deixei ela falar.
Playboy: Não! - Cortei ela na hora, me soltando dela e pegando minha toalha.
Bianca: Até quando você vai ficar nessa achando que consegue carregar o mundo sozinho? Que droga.- Bateu no meu peito.
Eu era maior que ela, no papo ela era uma anã. Batia no meu peito e eu ainda olhava pra baixo pra encarar ela, ela puxou a toalha se enrolando e virou a cara, igual criança mimada.
Playboy: Toma jeito, garota.- Falei saindo do box, me olhei no espelho e passei a mão no cabelo.
Bianca: Vamos contar pra sua mãe amanhã? - Falou me olhando através do espelho.
Playboy: Para de querer levar esse bagulho pra frente, esquece isso. Tira esse papo da mesa cara.- Fui andando pro quarto.
Bianca: Lucas, eu posso arrumar minhas coisas e sai daqui agora mesmo, o que você acha? - Soltei o ar, evitando gritar com ela, porque ela sabia como esse bagulho me deixava irritado.
Acabei ignorando ela e fui pro quarto, vesti minha bermuda e me sentei na cama, tirando da carteira o dinheiro do corre de hoje, ela me olhou depois de se vestir e eu coloquei na cama.
Playboy: A gente vai em algum lugar, tirar o bagulho em segurança.- Ela me encarou.
Bianca se esticou pegando todo dinheiro, quase quinhentos reais tava ali. Ela se levantou colocando na gaveta e me olhou, deitando na cama de novo.
Bianca: Vou fazer a unha, sobrancelha, cabelo, comprar roupa nova. Obrigada, você é ótimo! - Sorriu.
Playboy: Não fode! - Gritei com ela, que segurou meu rosto.
Bianca: Você vai insistir nisso? - Falou me encarando.
Fiquei calado e virei o rosto, baixei a cabeça sentindo a Bianca sentar no meu colo e ela beijou meu ombro, passando o dedo em cima da tatuagem que eu tinha feito pra ela, o formato da boca dela. Era uma das únicas tatuagens que eu tinha, e eu fiz porque ela é o único bagulho que me mantém aqui.
Desde novinho, sempre foi ela. Quando tava tudo uma merda, eu corria pra ela quando tava tudo fudido, era a porra do abraço dela que me acalmava, sempre foi ela no bagulho todo.
Se eu ainda tentava ser alguém melhor, era por ela. Porque eu tinha tirado quase tudo da vida dela, ela sempre fazia questão de me lembrar! Eu corri atrás dela pra caralho, mas eu boto fé que meu maior arrependimento de hoje em dia é ter feito isso.
Se pá, hoje em dia se eu não tivesse com ela, ela deveria tá vivendo uma vida de princesa com alguém, um cara que não fosse um fudido e que pudesse dar tudo que ela merece. E nós dois sabemos que eu não passo nem perto de ser esse cara.
Playboy: Tu é o único bagulho que me faz ter vontade de tentar não ser um filho da puta.- Ela me encarou.- E papo reto, tu não sabe como minha mente tá sabendo que tu quer colocar um moleque no mundo, porque eu sei qual futuro ele vai ter!
Bianca: Ele vai ter um pai orgulhoso dele daqui alguns anos, ele vai ser orgulhoso do pai.- Falou passando o dedo no meu peito.- Porque você vai me prometer que nunca vai desistir de nós, que sempre vai fazer o que puder!
Playboy: Eu nunca vou desistir de você.- Falei encarando ela.
Bianca: De nós três.- Beijou minha mão e eu confirmei, jogando a cabeça pra trás.
Eu queria mudar, pra caralho. Eu queria ser um mano da hora, queria parar de surtar com ela, queria ser o maluco que ela tivesse maior orgulho. Mas papo reto, eu não iria conseguir esse bagulho, nunca que eu ia chegar nem perto de ser o que ela merece, e isso me fudia da pior maneira.
Eu não conseguia ser o melhor, acabava sendo o pior mano, mas não conseguia largar ela, porque se eu perdesse o único bagulho que me traz forças, eu nem vivo ia ficar!
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Réus.
RomanceDe que vale o amor, sem passar pelo processo da dor?! Na verdade, pra sentir a paz, a calmaria e o amor, é necessário sentir tanta dor?! Talvez o processo seja longo, difícil e quase impossível, mas a busca pelo final feliz nunca pode acabar...