Bianca.
Já se comemorava por o Lucas estar ao meu lado todos os dias há um mês, um mês com ele virando outra pessoa, um mês de novos recomeços.
O Lucas mudou de forma inexplicável até pra mim, que sempre estive lado a lado com ele, ver como ele está hoje em dia é simplesmente uma vitória pra mim, uma felicidade que nem se quer cabe no meu peito!
O Lucas havia se tornado mais calmo, mais atencioso, que estava disposto a conversar e tentar entender. Que não surtava atoa, que só queria seu cantinho e ficar tranquilo com a mulher e o filho.
E eu jamais imaginei que veria ele tão bem assim, veria ele conseguindo dormir várias noites sem ter pesadelo, ver ele superando tudo de ruim no passado.
Era como se quando o Leandro surgiu na vida dele, as coisas ruins morreram pra dar vida ao filho dele.
Ao filho que ele tanto ama, e que me deixa até sem palavras pra explicar o quanto é lindo o amor deles. Porque no começo o Leandro era mais quietinho, desconfiado e até enjoado, mas hoje em dia é um grude inexplicável...
Eu estava na cozinha ajeitando a papinha do almoço do Leandro quando escutei a moto, sinalizando que o Lucas havia chegado. Continuei ajeitando a comida do Leandro até escutar a porta sendo praticamente derrubada.
Playboy: Vai tomar no seu cu, filho da puta! O bagulho é do meu jeito, se tu meter o louco eu vou acabar com tua vida.- Me assustei e olhei pra ele, ele desligou o celular jogando em cima do sofá sem nem se importar aonde iria chegar.
Leandro colocou a mão na boca encarando o pai e eu continuei encarando ele.
Playboy: E aí, feioso.- Falou em outro tom, em outra expressão e nem parecia o maluco que entrou aqui.
Bianca: O que aconteceu? - Senti ele beijando minha cabeça, e beijando o rosto do Leandro.
Playboy: A gente vai meter o pé pra Rocinha.- Falou se afastando.- Vou assumir o comando de lá.
Coloquei a colher do Leandro em cima do prato e encarei ele de costas, Lucas após falar isso caminhou até o nosso quarto e entrou lá, sem me dar chance de falar.
Olhei pro Leandro que tentava pegar a comida e respirei fundo, dando atenção ao meu filho. Estava dando o almoço dele quando o Lucas apareceu tomado banho, eu continuei dando comida ao Leandro pois iria deixar o assunto pra depois.
Playboy: Começa a arrumar as paradas hoje, quero ir pra lá o mais rápido possível, papo reto! - Falou passando por mim e indo na cozinha.
Bianca: Eu não vou pra Rocinha.- Lucas parou de andar e me encarou.
Playboy: Tá afim de graça essas horas pô? Vem não...- Negou.
Bianca: Eu não quero voltar pra lá, eu não vou.- Olhei pra ele, após terminar de dar toda a comida do Leandro.- Meu lugar é aqui.
Playboy: Tá maluca? Teu lugar é do meu lado pô, não importa aonde! A gente vai voltar pra lá cara, vou pegar frente, relaxa...- Falou fechando a cara aos poucos.
Quando eu ia responder, só escutei algo caindo no chão e um líquido molhando minhas pernas, olhei pro Leandro e depois pro chão, vendo que ele derrubou o copinho de suco dele, talvez por tentar pegar e não conseguir...
Bianca: Leandro! - Aumentei o tom de voz olhando pra ele, brava.
Eu geralmente nunca fazia isso, poderia jurar que eu era a mãe mais paciente e calma do mundo, odiava gritar. Só tava ficando estressada com a forma da Lucas de falar, e acabei jogando pra cima do meu filho.
Playboy: Fala baixo, porra! Qual nescidade de tu gritar assim com ele? - Gritou comigo.
Olhei pro Leandro que tava com cara de choro enquanto tentava sair da cadeirinha e respirei fundo, ele começou a chorar quando me viu levantar e eu tirei ele da cadeirinha dele.
Coloquei ele em meus braços e fui até a geladeira, coloquei mais suco na mamadeira e dei pra ele. Ele se acalmou e enquanto tomava a mamadeira, me olhava com um olhar puro, de inocência e amor.
Me senti mal por ter descontado qualquer tipo de raiva nele no mesmo segundo e beijei sua testa, encostei na pia até ele tomar o suco e Playboy saiu da cozinha indo sentar na sala pra almoçar.
Bianca; Desculpa a mamãe.- Falei super baixo, vendo ele fechando os olhinhos enquanto tomava o suco.
Quando ele terminou, ajeitei ele nos meus braços e fui pra área de fora, fiquei andando no pequeno jardim com ele por um bom tempo, me acalmando e escutando ele se acalmar também, não que ele estivesse agitado, mas ele estava relaxando.
Depois disso eu coloquei ele no carrinho e fui arrumar o que ele sujou, sozinha, enquanto o Playboy já tinha almoçado e estava deitado no sofá assistindo qualquer merda. Arrumei tudo que o Léo sujou e arrastei ele pro quarto comigo, tomei banho com ele no carrinho brincando com os brinquedos e me arrumei.
Quando sai, só pensei em me deitar com ele e foi isso que eu fiz. Armei uma rede lá pertinho do jardim e deitei com ele, aproveitei pra ficar conversando com ele e nem demorou muito para os dois dormirem...
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Réus.
RomanceDe que vale o amor, sem passar pelo processo da dor?! Na verdade, pra sentir a paz, a calmaria e o amor, é necessário sentir tanta dor?! Talvez o processo seja longo, difícil e quase impossível, mas a busca pelo final feliz nunca pode acabar...