Réus.

30

Bianca.

O dia da audiência chegou, eu estava com seis meses de gravidez e o Lucas estava preso há dois longos meses.

Estava complicado, sabe?! Na verdade eu estava tentando de tudo por ele, eu chorava de saudades, chegava a doer. Mas era estranho pensar que só em mim doía tanto assim...

Nesses dois meses, eu mandava uma carta toda semana para o Lucas, toda segunda eu me sentava e passava longas horas escrevendo sobre como foram meus dias, cada detalhe que eu costumava a contar pra ele quando ele estava ao meu lado.

E na terceira semana, eu estava desanimada. Não havia recebido uma carta de quer de retorno, não lia a letra dele por tres semanas, não sabia se ele estava bem, não conseguia ao menos imaginar se ele estava precisando de algo... E isso me deixava muito triste, o Lucas parecia tentar me afastar de todas as formas, me proibia de visitar, não me respondia por cartas, nem parecia querer falar comigo.

Por causa disso tudo, eu não conseguia parar em casa por um minuto. Se eu ficasse em casa sem fazer nada, passaria longas horas chorando e me lamentando, e isso se fez um incentivo pra mim!

Eu estava fazendo curso de enfermagem a tarde toda, de noite ainda ia pra escola e de manhã e de quebra a Laís havia me contratado para trabalhar pra ela, eu passava o dia todo apenas marcando clientes pro salão dela, o que era suave pra mim e eu ainda ganhava meu próprio dinheiro...

Coloquei meu vestido vermelho longo, bonito e confortável e terminei de prender meu cabelo em um coque. Fiz carinho na minha barriga que tava bem grande e sorri fazendo careta, coloquei o óculos escuro na cara pois eu sabia que minha cara iria voltar toda inchada, assim que eu batesse o olho no Lucas e começasse a chorar que nem uma criança.

Sai de casa empurrando o portão e passei a chave, assim que eu me virei e olhei pra rua, o carro da Yara passou por mim e o olhar dela bateu na minha barriga. Virei o rosto, virando meu corpo também e passei a mão por cima do meu filho, olhando para o outro lado da rua esperando a Laís.

A Yara tentou muita proximidade nos últimos dias, mas eu simplesmente não consigo fingir e abraçar ela. Sempre, desde sempre ela abandonou o Lucas, nunca deu nada por ele e na boca dela eu sempre fui às piores coisas.

O bebê que eu carregava não era neto dela, porque na real mesmo?! Se fosse por ela, o Lucas nem estaria vivo pra tal ato, então esse bebê nunca será algo dela. E eu realmente não me importava de dizer, sentir e pensar algo assim!

Laís: Desculpa a demora, Letícia quase me matou hoje.- Falou assim que o carro parou na minha frente, fui abrindo a porta e me sentei no banco de trás.

Bianca: Oi.- Falei simpática, vendo o Guto mandar um beijo pra mim pelo retrovisor.- O que a Lelê fez?

Laís: Pulou na piscina sozinha cara, e só tava eu em casa. Eu só percebi porque quando ia tomar banho, vi porta de trás tava aberta, corri pra lá igual maluca.

Guto: Uma semana sem a proteção lá de trás e a garota querendo virar sereia.- Eu soltei uma risada.

Bianca: O advogado falou que tá tentando pelo menos cinco minutos de conversa pra mim com o Lucas.- Falei pegando meu celular.

Laís: Tomara que ele consiga, acho bem difícil mas já deu certo.- Sorri fraco.

Guto: Com o dinheiro que ele vai oferecer, ele consegue até uma semana, relaxa pô.- Laís soltou uma risada.

Jacaré tava bancando absolutamente tudo que podia, eu nem sabia mais como agradecer a ele, as vezes me assustava tamanha bondade e me pegava pensando, qual o preço?!

Mas eu estava aproveitando ao máximo, principalmente garantindo boas coisas com o dinheiro que ele me dava também, estava preparada pra qualquer coisa meter o pé e esperar o Lucas em qualquer lugar do mundo pra uma nova vida.

Eu adorava a Laís, o Guto e até mesmo o Jacaré. Mas algo que eu aprendi nesses anos todos foi a não confiar em ninguém, a única pessoa que eu confio além de mim mesma, tá longe de mim, então posso gostar muito, mas sempre vou ter um pé atrás com tudo, e acredito que seja bem melhor assim.