45

16.6K 1.9K 922
                                    

Bianca.

Acordei sem sentir nenhuma dor, meu peito doeu. Eu sentia que algo havia sido tirado de mim.

Mas não queria acreditar que havia sido de forma ruim.

Permaneci de olhos fechados enquanto as lágrimas escorriam pelo canto do meu olho, levei a mão na boca gritando por doer tanto, o meu peito estava apertado.

Assim que eu gritei, escutei o choro de um bebê. Abri os olhos numa urgência, a cama estava toda suja de sangue, mas no canto do quarto o Douglas tava sentado segurando um bebê, segurando o meu bebê.

O meu Leandro chorava enquanto o Douglas encarava ele com admiração, enquanto tentava balançar de uma forma desajeitada. Era como se eu não estivesse aqui, só existisse eles dois.

Bianca: Meu filho...- Sussurrei fechando os olhos novamente enquanto as lágrimas caíam.

Mas agora eu estava feliz.

— Ele tá com fome.- Olhei pra mulher que entrou e estendeu os braços pro Douglas, ele entregou o Leandro pra ela e ela veio pra perto de mim.- Pronta, mamãe?

Bianca: Mais que nunca.- Falei praticamente em sussurro, ela me entregou o Leandro e eu só sabia chorar.- Filho, mamãe tá aqui! Você tá com a mamãe, filho.

A mulher me ajudou a amamentar ele e o Douglas saiu do quarto, fiquei admirando o Leandro e não conseguia se quer tirar os olhos dele.

Bianca: Seu pai vai ficar tão feliz em saber que você já tá aqui.- Falei sorrindo.- Só não quando souber que o titio aprontou feio!

— Ele salvou sua vida.- A mulher falou.

Bianca: Depois de quase tirar ela.- Falei e o Leandro segurou meu dedo.

Cheirei a testa dele e ele nem tinha aberto os olhos pra mim ainda, mas eu fiquei tranquila com ele. A mulher saiu e eu continuei com ele nos meus braços, ele soltou meu peito, eu ajeitei minha blusa e fiquei analisando ele que tava quietinho.

Quando Douglas entrou no quarto eu me encolhi, levantei a cabeça pra olhar pra ele e vi que ele me encarou com um olhar perdido, perdido e desconfiado.

O mesmo que eu já tinha visto inúmeras vezes no Lucas. Eles não negavam a irmandade...

Bianca: Qual o seu objetivo? O que você quer com tudo isso? - Falei baixo.- Por que você não deixa o Lucas em paz? Você sabe que se quiser, ele vai te querer por perto.

Cabeça: Depois de hoje ele me mata olhando nos meus olhos, mexi com o tesouro dele.- Falou irônico.

Bianca: Você sabe quem é a pessoa que sempre vai estar no pódio da vida do Lucas? - Sorri fraco.- É você, pode ter certeza!

Cabeça: Qual o nome dele? - Me ignorou.

Bianca: Leandro.- Encostei a cabeça na parede.

Douglas esticou os braços pra mim e eu relutei, mas coloquei meu filho nas mãos dele. Ele segurou como se fosse a coisa mais preciosa do mundo e quando eu olhei, meu filho tava de olhos abertos.

Vi o Douglas encarando o Leandro surpreso e eu sorri vendo os olhos escuros igual o do pai, mas o Douglas deixou umas lágrimas caírem, enquanto olhava pro Leandro.

Cabeça: Ele tem os olhos do meu pai.- Eu fechei meu sorriso quando o Douglas falou isso.

Bianca: Nunca mais fala isso.- Falei no tom mais sério possível.- Meu filho nunca vai ter nada daquele homem.

Douglas me encarou e eu continuei encarando ele feio, ele me ignorou virando o rosto e eu deitei a cabeça na parede novamente.

— Ou chefe, pode dar água pro Jacaré? - Eu levantei o corpo da cama.

Bianca: O que você fez com o Jacaré? - Tentei me levantar, mas senti minha barriga doer.

Cabeça: Manda os moleques passarem aqui com ele.- O menino saiu concordando, ele nem me olhou e se levantou, com o Leandro no colo.- Levanta e mete o pé.

Bianca: Meu filho.- Falei meio óbvio.

Cabeça: Tu acha mermo que eu vou ficar com criança chorando no pé do ouvido? - Falou irônico e eu revirei os olhos.

Bianca: O processo do Lucas foi muito grande, você sabe que ele seria igual ou pior que você, não é? - Falei enquanto me arrastava pra levantar.- Mas ele conseguiu mudar isso, você não merece também levar um peso nas costas por causa do erro do seu pai!

Cabeça: A diferença é que o Playboy sempre teve alguém, e eu nunca tive nem a minha mãe.- Falou baixo.

Bianca: Vai tomar no cu! Você sempre teve o Lucas, ele sempre tentou de tudo com você.- Apontei.

Cabeça: Papo reto? Não ia ocupar o tempo dele, ele tinha muito bagulho pra fazer. Eu sempre fui um filho da puta mermo, tava destinado a isso! Não ia fazer ele perder o tempo dele.

Bianca: Então você sabe que sempre esteve ele ao seu lado. E ainda tem, apesar de tudo...- O menino veio avisar que o carro tava aí.- Você pode ser presente na vida do Leandro, se prometer mudar.

Douglas me encarou e esticou o Leandro, peguei meu filho e o Douglas segurou o dedinho do Leo, me filho colocou a linguinha pra fora me fazendo sorrir e eu olhei pro Douglas.

Bianca: Você não precisa viver sozinho, eu tô disposta a abrir um espaço pra você! Você é o único tio do Leo, a única família que o Lucas sempre quis ter por perto... O Lucas não precisa saber de nada disso, mas você precisa prometer que vai parar.

Cabeça: Eu nunca quis ser igual ao meu pai, papo reto.- A voz dele saiu fraca.

Eu encarei os olhos dele ficando vermelho e abracei ele de lado, Douglas respirou fundo balançou a cabeça me afastando. Ele me mandou meter o pé e eu fui quase me arrastando, porque doía pra caramba.

Quando estava saindo olhei pro Douglas, ele me encarava de braços cruzados e eu dei tchau pra ele, que nem se moveu. Quando entrei no carro o Jacaré me olhou dos pés a cabeça com cara de maluco, principalmente quando viu o Leandro na minha mão.

Jacaré: Caralho, o menor.- Se aproximou do Leandro.- Ele tá bem?

Bianca: Só precisamos de casa e calma.- Falei ajeitando o Leandro.

Me ajeitei ficando calada e parecia que o Jacaré queria me fazer mil perguntas, ou surtar, ou pegar o Leandro no colo. Mas eu só consegui ficar quieta e respirar fundo, tentando me recuperar.

A pior parte já deve ter passado...

Réus. Onde histórias criam vida. Descubra agora