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Jacaré.

Eu escutei os moleques falando que o Cabeça tava armando algum bagulho contra o Playboy e não ia demorar muita coisa pra colocar em prática, eu já tava ligado nisso e procurando algum bagulho pra fazer.

Minha história é um bagulho muito louco, desde o começo. Nasci na Rocinha, mas com dois meses de vida minha coroa saiu correndo de lá pro Jacarezinho.

Minha mãe se envolveu com o Marcelo, pelo que ela falou foi o maior arrependimento da vida dela. Ela conheceu ele através das amigas, não sabia nada sobre ele e acabou ficando, e uma vez foi o suficiente pra pegar barriga e eu entrar nesse bagulho, Marcelo passou maior cota sem aparecer, e quando eu tava com dias de vida já.

E ele começou a meter o louco pra minha coroa, querer bater nela, querer me bater, fazer maior inferno dentro da casa dela. A Marlene, minha coroa, falou que nesse época o vício dele em droga tava no máximo, o papo que ele morreu dois meses depois desse bagulho.

Minha coroa teve que sair fugida da Rocinha, minha tia morava aqui no jacarezinho e teve que abrigar a gente. E graças as duas eu tô aqui hoje, porque se a gente tivesse ficado lá nem vivo eu tava. Cresci no meio do tráfico e me joguei de cabeça, era foda ver o esforço que as duas faziam por mim e eu não consegui retribuir, mas cresci no tráfico e agora levo esse bagulho nas costas.

Descobri que o Lucas era meu irmão um mês antes de descobri que ele tava mandado pra me matar. Fiquei observando ele o mês inteiro, sabendo os passos, vendo com quem ele andava e se valia a pena botar a cara pra ele.

E eu nem esperava que logo ele fosse ser o mandado do Cabeça, até descobrir que o Cabeça é meu irmão também. Mas eu quis juntar os bagulhos, não tenho nem papo pra chegar no Playboy e falar que eu sou irmão dele, tá maluco?!

Eu tinha tudo pra não fazer nada por ele, não era minha obrigação. Mas eu não diâmetro no papo mais transparente possível, o maior bagulho que me chamou atenção foi o relacionamento dele e da Bianca, invejei mermo o bagulho porque foi a parada mais dahora que eu vi!

O moleque é louco por ela, faz de tudo por ela assim como ela faz por ele! Acho que esse bagulho me deu maior incentivo pra cuidar dela, enquanto ele tá na cela. Se pá, esse é meu papel, cuidar e dar uma ajuda maneira pra ele!

Laís: Contou pra Bia? - Me olhou assim que eu pisei em casa.

Jacaré: Não vou contar pra garota.- Respondi, mas logo lembrei que tava boladão com ela.- Ou garota, fala comigo não.

Laís: Ela é muito desconfiada, cara! Qualquer momento ela pode pegar os bagulhos dela e meter o pé por achar que tem alguma coisa errada, eu conheço ela.- Encarei a Laís.

Jacaré: E eu acho ela em qualquer lugar! Quando o Playboy voltar eu resolvo esse bagulho com ele, é papo nosso.- Olhei pra Leticia, que tava comendo e assistindo no celular.

Laís: A Yara tá tentando se aproximar dela de novo, não gosto da Yara.- Falou me entregando o prato de comida e eu sentei.- Bia fica mal toda vez que ela tá por perto, a garota não tem paz.

Jacaré: Quando eu mandar sumir com a Yara o bagulho resolve.- Laís soltou uma risada.- Tá rindo por que? Te dei moral? Sei nem porque tô falando contigo.

Laís: Ih, cara. Para de ser chato, te dei maior roupinha maneira. E metade das coisas que eu comprei foi pro nosso sobrinho.- Reclamou.

Comecei a comer e ignorei ela, tirando o celular tá cara da Leticia. Ela me encarou fazendo careta e eu comecei a trocar uma ideia com minha filha, que começou a contar os bagulhos da escola dela e a gente ficou trocando ideia ali por maior tempão, no papo tranquilinho.

Réus. Onde histórias criam vida. Descubra agora