Capítulo 50 - Amigas

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Camila Cabello  |  Point of View





Acordei com meu rosto sendo tocado. Era Amber. Peguei a mão dela.

— Como está, mãe?

— Bem, pequena. E você? – Eu disse me sentando no sofá e pegando o sanduíche que estava na mão dela. O mordi.

— Bem. É estranho, mas estou bem.

— É bem estranho.

— Eu ouvi ontem.

— Ouviu o que?

— Sua conversa com a Laur. – Levei a mão à cabeça.

— Não quero falar sobre isso.

— Você foi grossa, mãe. Indelicada.

— E ela foi o que? Quando simplesmente me deixou e jogou tudo que tínhamos jurado pela janela?

— Ela pensou no futuro dela...

— Esse é o problema, Amber. Ela só pensou nela. Você não tem noção do que vivemos... a intensidade das coisas que fizemos. Eu podia a ajudar a estudar... podíamos nos ver com menos frequência.

— Eu não sei. Poncho e eu começamos a namorar quando passamos nas provas finais, pois antes éramos dois recitantes de leis e argumentos tributários. Universidade de advocacia não é uma coisa simples e o pai da Lauren colocou muita pressão sobre os ombros dela.

— Meu senhor. Parece uma advogada de defesa.

— Estou sendo sincera. Tenho a mesma opinião sobre a Lauren, que tinha há um tempo. Ela ama você mais que tudo.

— Nem ela tinha certeza do que sentia.

— Acho que vocês precisam conversar. É sério.

— Acho que já conversamos o suficiente. Demorei muito para me acostumar sem ela.

— Você nem conseguiu. Fica tensa perto dela, ela te afeta, mãe. Do mesmo jeito que antes.

— Claro que afeta, eu disse que me acostumei, mas meu amor por ela eu não consegui arrancar do peito.

— Então... conversem!

— Não. Ela escolheu isso... seguiu a vida. Ela não pode ser compensada por ter me abandonado.

— E você vai ficar com essa mágoa pra sempre?

— Não sei Amber. Só não posso conversar com ela, pois sei que se eu ficar dois minutos na frente dela... vou ceder.

— Ok. Você que sabe. Tome um banho e vamos sair pra tomar um café. Não tem nada na sua geladeira.

— Você comia o que?

— Na mamãe. Agora vamos. Estou com fome.

Eu tomei um banho e me vesti. Escovei meus dentes e sai do quarto. Caminhei até a sala e nela tinha uma foto minha com Lauren e os gêmeos. Ela ficou virada como eu havia deixado antes de ir embora. Fiquei olhando para ela e para o sorriso que estava nos nossos rostos... Lauren, porque pisou tão forte no meu coração. Sinto ele esmagado dentro de mim.

— Vamos? – Amber perguntou e eu assenti. Larguei o porta retratos e sai de casa.

— Preciso fazer uma limpeza nesse jardim. – Amber ficou vermelha.

— Desculpe, mãe. Eu devia ter pagado alguém e...

— Não. Eu vou fazer isso, preciso me distrair mesmo.

Dirigimos até a cafeteria e ela estacionou na frente. Descemos e fomos para o fundo dela. Quase vomito de nervosismo quando vejo Lauren lá.

— Desculpa mãe. Eu preciso fazer isso. Tchau! – Ela disse e saiu dali. Amber... traída pela própria filha. Ela não está me vendo... vou sair bem lentamente. — OI LAUR! – Amber gritou e Lauren virou, acenando para ela. Traída pela própria filha duas vezes.

— Oi Camz.

— Srta Jauregui.

— Que bom que aceitou conversar. – Tudo planejado... Amber...

— É. É o correto. – Eu disse me sentando e chamando o atendente. Ela sentou-se em minha frente.

— O que deseja?

— Seis panquecas e ovos com bacon. Uma xícara grande de café. E você?

— Nossa. Achei que tinha pedido por mim.

— Não. Preciso seguir minha dieta aqui. Muito carboidrato pela manha. A propósito, não use açúcar em nada. Acho que vou beber depois e vou ingerir muita sacarose.

— Ok. E você, linda? – Ele disse e fiquei com vontade de socar ele até a morte, mas não tenho esse direito.

— Uma panqueca e aquele bolo de chocolate. Um café com leite.

— Vai estudar aqui depois? – Ele perguntou e ai eu notei que eles se conheciam.

— Não. Eu não preciso mais estudar.

— Que pena. Perdi minha acompanhante.

— Que ótimo. Eu não aguentava mais estudar.

— Mas... – Ele disse.

— Porque você não vai lá e faz os pedidos. Depois volta e conversa com ela, ou vou almoçar aqui com a sua demora.

— Desculpe Senhora – Ele disse e rapidamente saiu. Meu celular tocou e era Jake. Depois de alguns minutos, encerrei a ligação. Ele assumiu meu posto e queria saber como eu estava.

— Sobre o que quer conversar?

— Sobre nós. – Eu sorri.

— Nós... – Revirei os olhos. — Pode começar. – Ela respirou fundo, estava nervosa e mexia os dedos freneticamente.

— Camz... olha... eu sei que doeu quando demos esse tempo, não pense que foi fácil para mim, nos primeiros dias... eu fui até para no hospital de saudade de você. É sério, pode perguntar para Emma, foi ela que me atendeu no pronto socorro. Ela disse que era psicológico, mas minha febre demorou a baixar. Depois de alguns meses, eu me afundei mesmo nos estudos, minha família me distraia um pouco, mas eu nunca deixei de sentir falta de você. Claro que senti, você é o amor da minha vida. Sempre foi.

— Você não estava tão certa disso quando me chutou pra fora da sua vida.

— Eu não chutei você. Eu tentei ser firme... eu tinha que dizer aquilo, mas eu não consegui, apenas assenti, pois eu nunca fiquei em dúvida, é límpido como água o que sinto por você. Mas eu já estava cedendo, seus olhos... eles me fitando com aquele desespero, eu estava a um dedo de te abraçar e te mimar até cansar. Quando você disse aquilo, que nunca tinha sido tão feliz, eu tive que correr. Eu fugi.

— Você não pode sair e entrar na minha vida desta forma. Eu não acredito mais em você.

— Acredita, Camz. Sei que você mudou. Está mais linda, está com um corpo dos deuses, está um tesão do caralho e está mais segura, tem firmeza nas palavras. Eu diria que é outra Camila, mas seus olhos nunca me mentiriam, Camz. Você acredita em cada palavra, mas está magoada e eu entendo. Mas... eu queria pedir que fôssemos pelo menos amigas. – Eu pensei.

— Tudo bem. Vai ser estranho, mas se é tão importante assim.

— Queria pedir mais uma coisa.

— O que?

— Um abraço. – Nossos pedidos chegaram. Ele o deixou na mesa.

— Eu estava pensando, já que você não vai estudar hoje, podemos sair e jantar. Está livre hoje?

— Desculpe. Já tenho planos. – Ela disse e ele ficou vermelho.

— Tudo bem. Fica pra próxima.

Ele saiu. Eu levantei e ela também. Caminhou até mim e rodeou meu pescoço com seus braços, escondendo o rosto na curva do meu pescoço. Abracei forte a cintura dela. Ficamos assim por um tempo e ela começou a chorar.

— Hey... não precisa chorar. Vai ficar tudo bem. – Eu beijei o rosto dela. — Vamos tomar nosso café. Preciso de carboidratos. – Eu disse e ela riu.

Tomamos o café e ela me disse o que tinha acontecido no tempo em que estive fora.

Sweet YouthOnde histórias criam vida. Descubra agora