Capítulo 59 - Lembranças

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Camila Cabello  |  Point of View





A caixa era antiga e não era estranha. Olhei para o lado e minha vizinha estava parada ali. Novamente me assustei.

— Eu devo ser bem feia mesmo.

— Parece que você brota do chão. – Eu disse e ela sorriu.

— É sempre uma boa coincidência te enxergar você. Aproximo-me para admirar melhor.

— Isso é estranho.

— Que idade você tem?

— Trinta e nove. – Ela arregalou os olhos.

— Mentira! Isso é surpreendente, pensei que tinha menos, mas que idade tem sua filha então?

— Vinte e três. Eu a tive com dezesseis.

— Ela tem seus olhos... a vi esses dias, ela é bem simpática. Só a amiga dela que não vai com minha cara, mas acho que ela tem uma daquelas paixões platônicas por você. – Ela disse e eu sorri.

— Na verdade, ela não é só amiga da minha filha, ela é minha namorada. – Ela arqueou a sobrancelha.

— Isso explica muita coisa. – Ela disse e sorriu.

— Não vai me xingar?

— Não.

— Me chamar de aproveitadora?

— Não.

— Não vai dizer que isso é errado que eu devia tomar vergonha na cara?

— Nossa, com que tipo de pessoas você convive?

Desculpe, mas estou acostumada a ser julgada. Eu fico com ela faz uns cinco anos. Nós ficamos um tempo separadas para ela completar os estudos, mas agora é pra valer.

— Então... quando vocês começaram, ela tinha dezoito anos? – Assenti. — Deve ter sido uma confusão.

— Foi, mas valeu a pena. Agora eu tenho que ir, se ela me ver conversando com você, não sei qual de nós vai sair em uma maca daqui.

— Provavelmente eu.

— Bem provável mesmo. – Eu disse. — Até, Kate.

— Até, Camila.

Eu caminhei a minha casa e Amb chegou. Esperei-a e entramos juntas em casa.

— Esse cheirinho é da lasanha da mamãe. – Ela disse e eu assenti. — Amo você, mãe.

— Também te amo.

— E essa caixa?

— Não sei. – Sentei no sofá e tirei o papel que o embrulhava. Amb se juntou aos meninos na cozinha e eu abri a caixa.

Na havia fotos, várias fotos da minha família. Sofia sorridente sentada ao meu lado, meu pai me pegando no colo. Havia muitas coisas, uma foto de meu pai com Amber... eu nem sabia dessa raridade. De Amber com Sofia... eu comecei a chorar. Aquilo me agoniou de uma forma, meus olhos pareciam torneiras. Olhei para o canto e tinha uma carta. Encontrei uma foto de toda a família, eu nem me lembrava disso, Emma com Amber no colo, meus pais, Sofia e os pais de Emma. Isso é uma raridade.

Abri a carta com muito medo.

“A caixa das minhas lembranças.

Isso me confortou por um tempo, as coisas sempre iam piorando com o passar e eu precisa educar você para o mundo.

Eu sempre fui muito protetora com você, mas vi que isso não a ajudaria. Meus pais foram assim e quando isso aconteceu, eu pensei até em me matar, seu pai que me impediu. Eles eram tudo para mim, sabia que vocês ficariam bem com Alê, mas ele era meu herói mesmo e me salvou... ou não.

Não queria que você agisse assim quando nos perdesse, queria que você já fosse suficiente para si e funcionou, pois quando seu pai morreu... você me apoiou e cuidou de mim, foi forte como uma rocha e nunca chorou na minha frente. Você é uma muralha, minha filha.

Quando nos recuperamos, você começou a dar sinais que Emma não era mais sua prioridade... e isso não se faz. Quando nos casamos, devemos colocar nossa escolha em um pedestal, mas parece que você não entendeu isso. Não me venha com a desculpa de que ela não foi sua escolha, pois você a engravidou, por mais que não tenhamos a instruindo disso, era óbvio. Ela estava com você em todas as dificuldades...

Mas a carta não é pra ela, é pra você. Se você fizer uma escolha... a honre. Se for essa garota mais nova, cuide dela e a coloque em um pedestal. Andei sabendo de umas coisas e fiquei feliz por você... realmente está feliz, apaixonada de verdade e até pensando em mais filhos... minha fonte? A nossa pequena Amber, que apesar de demorar a aceitar, agora está acostumada com a ideia de que a mãe vai a festas e as baladas com ela. Ela disse que vocês voltaram a ser como antes.

Bom... eu fiz um bom trabalho, muitos questionariam meus métodos, mas te ensinei a ser independente e forte. Eu
consegui e não me arrependo. Você não deve nem ter ficado abalada com minha partida, pois fui uma bruxa com você. Mas eu queria dizer... que do meu jeito... eu amo você e vou te proteger agora. Devo estar ao lado do seu pai e sua irmã... mas principalmente em paz. Pois sei que montei um ser humano elevado, forte e que alcança todos os objetivos. A parte carinhosa e protetora você aprendeu com a Amber.

Espero que você fique bem e que guarde minhas lembranças com carinho.

Um beijo de sua mãe... que te ama muito, mesmo que não tenha demonstrado... você é muito importante na minha vida.

Sinu Cabello”

Eu estava chorando o que não chorei a minha vida toda. Ela me fez sentir mal por não ter a entendido e por não ter a visitado. Pela data da carta, ela já havia se sentido mal há tempos. Porque ela não me disse? Idiota! Ela nunca falaria nada com você, pelo visto ela arrumou um novo jeito de educar.

— Camila? – Poncho disse e sentou do meu lado, me abraçando. Por mais que eu não goste de abraço de macho, eu estava muito tonta para me afastar. — Meninas! Corram aqui.

— Mãe! O que houve?

— Camz! – Lauren sentou ao meu lado e me puxou. Bem melhor agora. Amb sentou no meu colo e pegou a carta da minha mão.

— Uma carta da vovó... – Ela começou a afagar meus cabelos.

— Vai ficar tudo bem, Camz. Já passou.

Eles ficaram cuidando de mim e depois de colocaram para dormir.

Sweet YouthOnde histórias criam vida. Descubra agora