Camila Cabello | Point of View
Fiquei analisando o que ouvi. Repeti a mensagem várias vezes e depois liguei para Normani. Ela não atendeu e logo a
campainha tocou. Era ela.— Oi Mila. Emma conseguiu falar com você? – Assenti. — Sinto muito, Camz. Foi um infarto fulminante. Nada pôde ser feito.
— Eu estou me sentindo culpada por não sentir vontade de chorar.
— Eu entendo. Vim buscar você, faça uma mala e temos uma hora para o próximo vôo.
Assenti e comecei a preparar meu mochilão.
No avião, me permiti ficar triste por ela. Afinal... ela era minha mãe.
— Como Amber está?
— Ela está bem triste e chamando por você. Muito preocupada com sua reação.
Assenti. Dormi durante o resto do percurso.
×××
Dinah e Amber tinham organizado tudo. Emma atrasou o legista para dar tempo de me despedir de Sinu.
Quando cheguei perto do caixão, não tive coragem de chegar muito perto. Na parede as sala, na frente do caixão, tinha uma paisagem, como se fosse um paraíso. Alguns arranjos de flores e poucas pessoas, pois minha mãe nunca foi uma pessoa fácil e com amigos. Abracei minha filha e ela chorou.
— Está tudo bem, pequena. Sua mãe está aqui.
— Sinto muito, mamãe.
— Eu também, minha filha. – Abracei Emma e caminhei até os bancos.
Eu me sentei e Amber ficou ao lado do caixão, tocando o rosto da avó. Acho que ela e Emma foram às únicas pessoas que minha mãe, verdadeiramente, gostou. Tirando meu pai e Sofia, que ela tinha um amor incondicional.
Quando olhei para porta, Poncho estava entrando e para minha surpresa, atrás dele, entrou Lauren. Ela estava mais... linda. Meu coração pulou como o idiota que é. Fiquei encarando o caixão e Poncho me abraçou, me dando os sentimentos e caminhando até Amber. Lauren sentou ao meu lado, ficou em silêncio e depois, tocou meu ombro, o que fez meu corpo inteiro se arrepiar, eu me levantei e caminhei até o caixão.
Olhei as feições envelhecidas... ela era tão velha. Se eu já era velha, imagina ela. Estou falando com ela agora. Senti uma dor de cabeça forte. Os pais de Lauren chegaram e me deram os sentimentos. A dor de cabeça aumentou.
~Flashback On~
— MAMA! MAMA! MAMA! MAMA! – Eu entrei correndo na cozinha, eu estava pequena e com um vestidinho florido. Acho que já vi uma foto assim.
— Fala, pequena. – Ela se virou e se ajoelhou, ficando na minha altura.
— Eu fiquei com muita vontade de fazer pipi e fui atrás da escola.
— Tudo bem, filha. Se não deu para aguentar.
— Mas a Tabata foi depois de mim... e ela não tem isso. – Eu disse apertando meu pinto e minha mãe me pegou no colo.
— A Tabata não é especial como você.
— Sou especial?
— Claro que é. Você nasceu diferente das outras meninas. É uma garotinha muito especial.
— Vou contar para todo mundo que sou especial.
— Não. Eles vão ficar com inveja de você e se sentirão mal. Esse tem que ser o seu segredo.
— Você tá certa, mama. – Eu beijei o rosto dela e ela o meu.
— Agora vai tomar um banho e vamos almoçar.
— Tudo bem, mama.
Subi as escadas com um sorriso enorme, pois eu era muito especial.
~Flashback Off~
— Velha estúpida! Velha estúpida! Você me abandonou! Você abandonou sua garotinha especial – Eu disse e bati com os punhos fechados no peito dela. Alfonso me agarrou pela cintura e me ergueu. Levou-me para a pequena cozinha e me deram um chá, depois mediram a minha pressão. — Me deixem sozinha. – Eles saíram dali e eu escorei minha cabeça nas palmas das mãos.
Ela não era um monstro o tempo todo, mas porque eu só me lembrei disso agora?
— Desculpa, mãe. Você não é estúpida... só endureceu com o tempo. – Tomei mais um chá e fiquei olhando pela janela. Senti uma presença ali e me virei. Era Lauren.
— Oi Camz.
— Camila. Meu nome é Camila. – Ela baixou o olhar.
— Sinto muito, Camila.
— Obrigada. – Eu fui sair e ela pegou no meu braço. — Não encoste em mim, por favor. – Ela me soltou.
— Eu vim por você. Se precisar de alguma coisa...
— Se foi por mim, não precisava. Não temos nada, melhor ter vindo pela Amber, ela é sua amiga.
— Sei que está nervosa pela situação, mas agora eu me formei...
— E quer o que? Que eu abane o rabinho, lamba sua mão e me urine quando você tocar minha barriga?
— Não me trate assim!
— Assim como? Como se você não significasse nada? Você deve saber bem como é, já que é a mestre nisso.
Sai dali. Fiquei ao lado do caixão e pedi desculpas. O padre encomendou a alma dela e depois fecharam o caixão. Amber segurou minha mão.
Entrei no carro de Normani e fomos ao cemitério. Fazia tempo que não visitava o túmulo do meu pai e de Sofi.
Chorei muito enquanto fechavam a parede com o cimento e chorei o dobro, quando tive que escrever o nome dela na lápide, pois a placa não tinha ficado pronta. Sai do cemitério carregada por Poncho e Dinah.
Um dia exaustivo e uma noite em que capotei. Não tive tempo nem de chorar mais. Claro que nem subi as escadas e acabei dormindo no sofá.
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Sweet Youth
Fanfiction"Você é mais nova! Isso é uma loucura... Você é amiga da minha filha! - Eu queria muito aquilo. - Você tem que me deixar em paz!" - Camila Cabello "Quantos você... você quer isso, senhora Cabello... tanto quanto eu... - Podia ver o quanto ela estava...