CAPÍTULO 10

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Eliane Castilho nunca poderia imaginar que o irmão iria chegar na casa que agora era dela já entrando em seu quarto parecendo endemoniado!

Quando Roberto fizera algo assim tão grosseiro? Nunca a desrespeitara de maneira tão indelicada, pois ele sempre fora tão cuidadoso com ela, tão carinhoso e nunca fizera  brincadeiras maldosas.

Felizmente, Eliane não havia tomado o calmante que passara a tomar desde a morte do padrasto,  ou estaria dormindo e o susto seria maior.

O choque  maior não foi por causa do som da porta sendo golpeada daquele jeito, mas por ver o irmão invadindo o quarto sem pedir permissão ou mesmo sem se preocupar com o bem-estar dela.

_Roberto, pelo amor de Deus, meu irmão! O que aconteceu?_ela perguntou já temendo o pior.

_O desgraçado está disposto a vender a empresa...vender!_urrou Roberto completamente alterado.

Ela ficou chocada com a notícia! 

_Você disse que ele quer vender a empresa? É isso mesmo que eu escutei, Roberto?_ela conseguiu gaguejar._Como assim vender?

_Vender, Eliane, vender! _Roberto falou revoltado, quase perdendo o fôlego._O desgraçado do neto do Alceu quer vender a  nossa empresa para o primeiro filho da puta que aparecer e depois ele vai pegar todo o dinheiro e vai enfiar no rabo, porque ele nunca soube o que é trabalhar de sol a sol para criar um patrimônio desses!

Eliane não viu a hora em que saltou da cama e avançou na mão do irmão que havia pegado uma bonequinha de louça que tinha sido um presente de Alceu pra ela.

_Você não vai quebrar as minhas coisas não, Roberto!_disse saltando e resgatando o presente._Eu te proíbo de vir descontar a sua raiva nas minhas coisas!

Roberto sentiu que precisava descarregar aquela tensão em algo e na falta da bonequinha que havia sido resgatada pela irmã e na proibição de que ele lançasse mão de outro presente de Alceu, ele deu murros na parede que sacudiram o quarto!

_Meu Deus!_berrou a moça em pânico._Vai quebrar a sua mão, Roberto! Pare com isso! Ficou louco?

_Eu  mataria o Alceu, se ele já não estivesse morto!_disse Roberto travando os dentes de ódio._Que ele queime para sempre nos quintos dos infernos e que a alma dele nunca tenha um minuto de paz!

_Meu Deus!_Eliane exclamou horrorizada com a mão sobre o peito._Acalme-se, meu irmão! Por favor!

O irmão pareceu não escutar os apelos dela e continuou a blasfemar com o rosto  desfigurado pelo ódio:

_Se aquele inútil  aparecesse aqui na minha frente agora, eu iria apertar o pescoço daquele canalha e olharia bem nos olhos dele para ver bem de perto a morte dele chegando...me deleitaria com a agonia dele nas minhas mãos...

_Roberto, pare! Pelo amor de Deus!_gritou Eliane, como se acreditasse que Alceu pudesse ainda ser atingido fisicamente pelo irmão dela.

Eliane ouviu o urro que o irmão deu dentro do seu quarto acordando os empregados que ainda estavam na casa esperando encerrar o mês para provavelmente serem dispensados, já que ela informara  que seria difícil mantê-los.

_Mas o que está acontecendo aqui, meu Deus?_uma das empregadas perguntou assustada entrando no quarto._A senhora está bem, dona Eliane?

_Saia daqui!_gritou Roberto._Vá dormir, velha enxerida!

Eliane conduziu a mulher porta afora temendo que o irmão pudesse se voltar contra ela.

A senhora achou melhor acreditar na patroa que dizia que tudo estava sob controle e agradeceu intimamente por se afastar  de Roberto que estava visivelmente transtornado.

NINGUÉM FOGE DO PRÓPRIO DESTINO!-Armando Scoth Lee-romance espírita gayOnde histórias criam vida. Descubra agora