CAPÍTULO 26

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Roberto acordou e deparou-se com o olhar carinhoso da irmã, que ainda permanecia ao seu lado.

_Esta inversão de papéis está acabando comigo._disse ele indignado._O certo seria eu cuidar de você e não o contrário.

Ela sorriu para ele, feliz por perceber que o irmão parecia mais lúcido, mais tranquilo.

O médico havia dito que se o quadro continuasse evoluindo, em breve Roberto poderia receber alta. Precisaria procurar um psicólogo que provavelmente lhe indicaria também um psiquiatra a fim de avaliar se o quadro era mesmo de Esquizofrenia. Quanto ao risco de um infarto, deveria fazer um controle para que aquela ameaça fosse afastada.

A mão da irmã pousou delicadamente sobre a cabeça do irmão.

_A vida inteira você cuidou de mim, Roberto. Mesmo quando a mamãe ainda estava aqui. Não vai querer agora dar uma de machista...agora é a minha vez de retribuir todo o carinho que você sempre me deu.

Ele sorriu e beijou a mão da irmã:

_Depois de tudo o que eu te obriguei a fazer, deveria estar com ódio de mim!

Eliane levou um tempo para lembrar-se que ele não sabia que ela não havia se deitado com Davi. Ainda devia estar esperando que ela engravidasse do herdeiro de Alceu e, claro, não era o momento de desmentir aquilo.

_Você apenas se preocupa com o nosso futuro, meu irmão._falou fingindo acreditar naquilo.

Ele tocou o ventre dela:

_O nosso futuro está aqui, Eliane. Um Moura Álvares está a caminho!

Ela se perguntou como ele poderia estar tão certo de que ela engravidaria já na primeira vez? Já seria algo relacionado ao seu estado mental doentio?

_Não quer me contar o que está acontecendo com esta cabecinha, meu irmão?

Roberto permaneceu um tempo em silêncio. Sabia que o médico da família já devia ter dito a ela qual era a suspeita que ele tinha.

O médico explicara a ele que a vida estressante que ele levava poderia agravar novamente o seu quadro...tanto o físico quanto o mental.

Tinha sido apenas um alerta, disse o médico, mas ele teria que se cuidar, se não quisesse que da próxima vez realmente fosse um infarto.

Difícil não infartar imaginando que as almas de seus antigos amantes agora o estavam perseguindo, avaliou Roberto.

Quantos episódios mais ocorreriam iguais aqueles? Já eram três em poucos dias! Iriam se tornar mais frequentes? Entraria ele num looping capaz de se arrastar por dias e dias apenas se sentindo na companhia de Adriano e Márcio?

Roberto lembrou-se de uma tragédia que ocorrera certa vez na cidade. Ele ainda era criança, Eliane um bebê. Um dos vizinhos havia trancado toda a família dentro de casa e havia ateado fogo em tudo!

Quando os bombeiros e a polícia chegaram, o esquizofrênico olhava para aquilo como se houvesse feito o certo. Mais tarde, sendo levado para tratamento psiquiátrico, o rapaz havia relatado que um homem havia lhe ordenado que queimasse toda a família a fim de proteger a própria vida.

_Eu preciso que você se afaste de mim, Eliane._disse Roberto decidido.

Eliane assustou-se com a determinação na voz  do irmão e protestou:

_Não irei me afastar de você, Roberto. Você é o meu irmão. Eu amo você...e vou cuidar de você!

Ele negou com a cabeça e repetiu:

NINGUÉM FOGE DO PRÓPRIO DESTINO!-Armando Scoth Lee-romance espírita gayOnde histórias criam vida. Descubra agora