Roberto julgou-se um homem de sorte quando chegou perto da casa de dona Mariana naquela manhã e viu Cácio e Eliane saindo. Era evidente que eles não o deixariam ver Davi, caso estivessem em casa.
Ele havia parado numa rua lateral e, por isso, os dois não viram o carro dele estacionado ali perto.
Roberto esperou eles se afastarem, desceu e caminhou decidido até a casa de dona Mariana.
Antes mesmo de entrar pelo portão, assustou-se quando viu a dona da casa e mais duas senhoras se esforçando para carregarem uma caixa enorme.
Roberto avançou temendo que elas caíssem junto com a caixa e ofereceu-se pra ajudar.
Havia um carro do outro lado da rua onde colocaram a caixa e ele nem teve a oportunidade de falar, quando dona Mariana, que não parecia surpresa com a presença dele, fez um sinal com a mão e o chamou pra entrar no carro:
_O que está esperando aí? Entre logo, meu filho! Já estamos atrasados!
Ele a olhou confuso:
_Não, dona Mariana...eu vim me encontrar com o Davi...
Ela o interrompeu impaciente:
_Eu sei. Se quer mesmo encontrar-se com ele, melhor entrar logo, porque não temos o dia todo.
Roberto entrou no carro e não teve oportunidade de dizer nada, pois as três senhoras estavam no meio de um assunto do qual ele não fora convidado a participar.
O presidente da Moura Álvares sentiu-se manipulado pela mãe de Cácio, quando chegaram perto de uma praça onde já havia uma fila enorme de moradores de rua esperando para receberem comida. Deu pra perceber logo que Davi não estava ali.
Roberto ajudou a tirar a caixa do carro e quando viu, já estava ele mesmo entregando copos de café com leite, biscoitos e pão com manteiga para as pessoas que lhe estendiam a mão e agradeciam com um sorriso sofrido.
Apesar de se sentir enganado pela senhora e imaginar que ela só queria afastá-lo de sua casa para que ele não se encontrasse com Davi, Roberto sentiu-se bem vendo tanta gente faminta recebendo comida. Dentre os moradores, também estavam crianças, mulheres grávidas, idosos...Roberto percebeu que além da caixa que dona Mariana havia levado, havia também outras duas caixas que provavelmente já tinham vindo com o motorista.
O empresário estava surpreso, pois sempre se sentira ameaçado por aquelas pessoas que às vezes vinham bater no vidro do seu carro para pedir algum dinheiro. Acreditando serem todas usuários de drogas ou mesmo fugitivas da polícia, nunca sequer olhava pra elas e jamais dava esmolas. Ali, pareciam indefesos e incapazes de fazer mal a alguém. Era como se respeitassem aqueles que lhes matava a fome.
Percorreram outros pontos de doação e quando o empresário percebeu, já era quase hora do almoço, quando entregaram o último lanche. A todos dona Mariana e as amigas avisavam que a partir do meio-dia, poderiam buscar um prato de comida num determinado endereço, caso desejassem.
O motorista retornou para a casa de dona Mariana, não sem antes deixar as duas outras idosas em suas casas.
Quando finalmente ficaram os dois sozinhos na calçada, Roberto tinha o coração agitado, acreditando que finalmente iria encontrar-se com Davi.
_Obrigada por sua ajuda, filho. Fazer caridade é muito bom, você viu?_disse dona Mariana sorrindo.
Roberto não queria admitir pra si mesmo, mas realmente sentia-se bem por ter ajudado.
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NINGUÉM FOGE DO PRÓPRIO DESTINO!-Armando Scoth Lee-romance espírita gay
RomanceIMPRÓPRIO PARA MENORES!-Com a morte do padrasto, Roberto descobre que o velho Alceu deixou toda a fortuna para o neto Davi. Sentindo-se injustiçado, Roberto cria, com a ajuda da irmã Eliane, um plano para obrigar Davi a dividir a herança com eles...