CAPÍTULO 29

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Roberto ficou feliz quando viu que a irmã não viera sozinha. Eliane estava  acompanhada por aquele moço bonito e que visivelmente parecia estar interessado por ela.

Ele apresentou-se como um amigo dos tempos de faculdade e dizia ter seu próprio negócio.

Eliane acreditou que conseguiria cuidar do irmão lhe dando toda a atenção, todo o amor e carinho e, quem sabe, até pudesse convencê-lo a voltar a morar com ela a fim de que pudesse cuidar de sua dieta.

Era difícil um homem que morava sozinho conseguir obedecer todas as regras que o médico passara, ela sabia. Seria necessário, realmente, ter alguém para lhe lembrar de comer nos horários certos e  também cuidar para que ele não consumisse os terríveis  industrializados cheios de sódio.

Após sair do hospital, Roberto olhava a cidade com outros olhos, imaginando o que seria da sua vida se  Davi vendesse a empresa que tanto amava. Esperava, claro, poder permanecer na presidência o máximo possível e, com sorte, Eliane iria engravidar e aí sim ele teria um futuro mais garantido.

Chegar em frente à casa onde morou por tantos anos foi como retroceder na vida. Porém, ele não queria contrariar a irmã, pois  talvez ela já  estivesse grávida e ele sabia que por não ser mais tão jovem, todo o cuidado era pouco. Com jeitinho, faria com que ela entendesse que ele estava bem e que poderia voltar para o seu apartamento.

Pelo menos, Eliane e o amigo dela não o estavam tratando como os médicos e também algumas enfermeiras no hospital. Era notório que acreditavam que ele, com um provável diagnóstico de Esquizofrenia, os atacaria a qualquer momento, obedecendo as ordens de algum demônio que viesse lhe dar sugestões  absurdas!

Eliane o acompanhara após o irmão  receber alta, mas  não ficava olhando pra ele desconfiada, muito menos Cácio e isso já aliviava um pouco. Entretanto, a preocupação exagerada dela era irritante.

_Como você está se sentindo?_a irmã perguntou tocando o seu ombro.

_Você perguntou isso dez vezes nos últimos dez minutos e a resposta é a mesma. Eu estou bem, não se preocupe.

Ela respirou fundo sabendo que ele estava certo. Precisava se controlar, mas a sua ansiedade em saber que um longo caminho deveria ser percorrido por Roberto até se estabilizar novamente, já a deixava apreensiva.

Haviam dado um jeito de falar  que Davi não voltara a tocar no assunto de vender a empresa  e também informaram que ele não estaria na casa.

Roberto não pediu explicações e ficou mais confortável por saber que não precisaria lidar com o homem que o fizera ter aquele mal-estar.

_E você? Como se sente, minha irmã?

_Eu? Eu estou bem, graças a Deus. Foi só um susto...já estou bem vendo que não passou disso.

Roberto riu:

_Seria irônico, logo agora que eu me livrei do peso morto do Alceu, morrer e dar de cara com ele no inferno.

Eliane não retrucou, defendendo o padrasto,  o que provou para Roberto que agora deveriam medir as palavras perto dele, a fim de não contrariá-lo.

Cácio mantinha-se em silêncio ao volante, mas algo o incomodava, como se  um sinal de perigo tivesse sido acionado...como se houvesse alguma coisa ruim prestes a  acontecer.

Por experiência, sabia que era alguma ameaça no  plano espiritual, só não conseguia ainda descobrir  do que se tratava.

_Com o que você trabalha  mesmo, Cácio?_Roberto puxou conversa.

NINGUÉM FOGE DO PRÓPRIO DESTINO!-Armando Scoth Lee-romance espírita gayOnde histórias criam vida. Descubra agora