CAPÍTULO 33

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Roberto sentiu uma mão leve e delicada em seu ombro e soube imediatamente a quem ela pertencia  antes mesmo de se virar para olhar.

_Mamãe!_arregalou os olhos e passou as mãos pelos cabelos, ainda confuso._Mas como isso é possível, meu Deus?

O medo e a confusão tomou conta do empresário, pois ele sabia que a mãe estava morta! Será que ele também tinha morrido?

A última lembrança que tinha era de terem, ele e Davi, bebido demais e depois haviam se acabado transando loucamente pelo apartamento.

O médico havia lhe alertado para que controlasse as emoções e não se esforçasse demais por alguns dias, mas ele achou que aquele prazeroso imprevisto certamente não fazia parte da lista do médico.

Seria possível alguém morrer de prazer por ver o seu maior desejo, que era se fixar na presidência da Moura Álvares, sendo finalmente realizado? Como se aquilo não bastasse,  também ter nos braços um homem que parecia conhecê-lo tão bem  a ponto de  ser capaz de satisfazer todos os seus desejos sexuais? Teria que ser louco para desprezar aquilo tudo que lhe fora oferecido de maneira tão gentil!

A emoção que sentia pela presença da mãe  não lhe permitiu insistir por uma explicação para aquele reencontro tão inesperado.

Natália estava linda, como sempre,  porém tinha o semblante triste.

Roberto ajoelhou-se com adoração aos pés da mãe e pousou a cabeça em seus joelhos, aceitando um carinho.

_Mãezinha amada, mãezinha querida...que saudades!_falou emocionado beijando as mãos da mãe.

_Meu filho querido, a sua postura perante a vida  muito me entristece, Roberto!_ela falou com a voz sofrida.

Ele não precisou perguntar a que ela se referia, pois em seu coração já estava claro que tinha consciência de onde estava errando.

_O Alceu me enganou, mamãe!_falou fazendo-se de vítima._ Ele não deixou nada pra mim! Isso não é justo! A empresa é minha, mamãe! Eu carrego a Moura Álvares nas costas há anos e agora sairia  de mãos vazias?

Ela negou mansamente  com a cabeça e o coração dele doeu ao ver as lágrimas rolando pelo rosto da mãe.

Será que ela havia concordado com aquele último desejo de Alceu? Roberto a olhou confuso e ficou surpreso quando a mãe voltou a falar:

_Te pedi tanto para que tomasse conta da sua irmã, Roberto...Mas vejo que a sua ambição te cegou...

Ele sentiu vergonha por estar negligenciando os cuidados com Eliane e deixando a irmã em segundo plano em sua vida. Quis novamente se defender:

_Ela me traiu, mamãe...ela juntou-se com aquele advogado idiota pra me privar dos meus direitos. Eu só quero justiça! O certo teria sido o próprio Alceu deixar a empresa pra mim!

_Você precisa de amor, não de ódio em seu coração, Roberto...Agindo deste jeito, você só está atraindo coisas ruins para a sua vida, meu filho amado!_lamentou Natália apontando para algo que estava atrás de Roberto.

O filho de Natália virou-se e viu horrorizado dona Alicina, mãe de Adriano e Márcio, que chorava  ajoelhada ao lado de duas covas vazias!

Roberto deu passos lentos e temerosos em direção à mãe que parecia agoniada com o que via.

Ele não queria se aproximar, mas sentia  uma necessidade  mais forte do que ele praticamente o arrastar até a pobre mulher.

A visão de duas lápides nas  cabeceiras das covas vazias,  onde se liam os nomes dos dois irmãos já falecidos,  fez com que Roberto se retraísse  chocado! Por que eles não estavam ali dentro das sepulturas?

NINGUÉM FOGE DO PRÓPRIO DESTINO!-Armando Scoth Lee-romance espírita gayOnde histórias criam vida. Descubra agora