CAPÍTULO 15

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Roberto queria comemorar aquela primeira conquista e, por isso, procurou um bar gay.

Era bom ter um lugar discreto como aquele, um lugar onde ele podia facilmente se misturar às outras pessoas e, discretamente, visualizar alguém interessante e fazer o convite para que pudessem se divertir na sala reservada para aqueles que queriam se aliviar no final de um estressante  dia de trabalho.

Percorreu com  olhos famintos  a sala que tinha o movimento baixo naquela noite, talvez por ser meio de semana. Aquele era  um bar  dedicado a uma clientela mais seleta, com um poder aquisitivo mais elevado.

Havia alguns meses que ele já frequentava ali, mas depois que Alceu havia praticamente puxado o tapete debaixo dos seus pés, Roberto ainda  não tivera cabeça para procurar alguém apenas para  relaxar um pouco.

Márcio e Adriano haviam praticamente  traumatizado Roberto que acreditou que nunca mais iria arriscar-se a manter uma relação mais séria com alguém. O melhor mesmo seriam aqueles encontros  isolados...encontros em lugares públicos, nada que tivesse a intimidade de mais de um ou dois  encontros, ou mesmo decidir  levar alguém para o seu apartamento.

O lema dele agora era por que se prender a apenas um ou dois homens se ele podia ter todos os que quisesse? Se ele podia entrar e sair das vidas de outros homens sem compromisso, sem remorsos, sem ligações afetivas? Tão  mais fácil assim...descartar quando o interesse acabasse...variar...simples assim.

Márcio e Adriano quase que o haviam fisgado, reconheceu, pois eram fogosos, eram insaciáveis, o tiravam do sério e o faziam sentir-se desejado, amado, seguro de sua sensualidade, de sua beleza, de seu charme...Mas eles haviam exigido que Roberto escolhesse com qual dos dois queria ficar...desejavam ser mais do que um simples caso...desejavam pressioná-lo para assumir um dos dois e aí o interesse havia acabado...havia ficado cansativo...e a morte deles realmente resolvera um problema para ele.

Lá estavam eles...louros, morenos, negros...altos, baixos, gordos...sempre bem vestidos...sempre bem barbeados...alguns charmosamente grisalhos...aquele charme do homem maduro também já começava a interessá-lo...era uma fuga da cansativa molecagem que muitos rapazes traziam querendo algo que ele talvez já não quisesse mais.

De repente, depois de avaliar os homens que estavam por ali, Roberto percebeu que estava tentando encontrar em algum deles, a imagem de Márcio...a imagem de Adriano...Por que aquilo agora? Por que, depois de tantos anos sem pensar nos dois, aquele pensamento fixo nos dois falecidos?

Ele precisava se livrar daquilo...exorcizar-se das lembranças dos mortos que quase  haviam lhe  complicado a vida...e ainda tinham uma mãe que se sentia no direito de pressioná-lo daquele jeito...mulher idiota! Ela não sabia com quem estava lidando...ele era Roberto Castilho, ele era o homem quem dava as cartas e não se sujeitaria a que nenhum outro fizesse aquilo...muito menos uma mulher!

Eles queriam que ele escolhesse um dos dois...ridículo aquilo! Os dois praticamente se completavam e era por isso que era tão bom! Não dava pra gostar de Adriano sem Márcio...não dava pra gostar de Márcio sem Adriano...Os dois juntos eram a perfeição! Separados certamente não teriam graça!

Roberto foi, aos poucos, descartando cada um dos homens que estavam ali, até perceber que nenhum deles lhe chamava a atenção...nenhum deles lhe interessava...eram completamente insossos para a sua libido. Talvez ele ainda estivesse estressado demais com tudo o que tinha acontecido.

Eliane já dera o primeiro passo, mas e se ela não engravidasse imediatamente? E se precisassem forçar a barra uma, duas, três...quantas vezes ela novamente precisaria dopar e se deitar com o neto de Alceu para garantir um herdeiro? E se Eliane fosse velha demais para engravidar? 

NINGUÉM FOGE DO PRÓPRIO DESTINO!-Armando Scoth Lee-romance espírita gayOnde histórias criam vida. Descubra agora