CAPÍTULO 36

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Roberto estava numa reunião, mas os pensamentos estavam longe. Nada daquilo importava, pois ele sabia que a empresa ia de vento em popa e que todos aqueles dados estavam sendo registrados pela sua secretária e ele poderia conferi-los depois.

Pra que ficar ali perdendo tempo então? Pra que ficar vendo todos aqueles gráficos? Pra que ficar escutando aquele bando de bajuladores que agora sabiam,  mais do que nunca,  que era ele quem estava no controle de tudo e que era ele quem colocaria a Moura Álvares...em breve Moura Álvares Castilho...no cenário mundial? Teria que dizer a eles que faria aquilo com um pé nas costas?

Roberto não conseguia esquecer o sonho que tivera...aquele sonho agora era uma ideia fixa...ele estava ali, como se fosse um  dente defeituoso que atrai a língua insistentemente a todo momento...ela se fere, mas não consegue fugir do vício.

Lembrava do ódio de dona Alicina que o acusava pela desgraça dos 2 filhos falecidos...da cena de Adriano e Márcio vampirizando, mais especificamente destroçando Davi monstruosamente...Tentou descartar essas partes idiotas do sonho.

O que mais lhe intrigava, porém, era a mãe lhe dando conselhos, após dizer o quanto estava decepcionada com ele...O que fora mesmo que ela dissera?

A mãe reprovava a forma como ele estava conduzindo a própria vida, cobrava que ele não estava cuidando da irmã e dizia que agindo daquela maneira, ele atrairia coisas ruins para a sua vida...Mais besteiras, pensou. Era isso...um sonho besta que lhe ocupava a mente de maneira insistente.

Ele riu intimamente por acreditar em quanta mentira havia naquele sonho, porque ao contrário do que a mãe lhe dissera, ele estava se saindo muito bem na vida!

Conseguira a empresa e ainda parecia que começava a se dar bem com o dono dela!

Roberto sentiu um comichão na virilha ao lembrar-se da noite farta que tivera ao lado de Davi...nos braços de Davi...dentro de Davi! Ele metera tudo e o safadinho ainda pedia mais! Puro tesão aquilo!

Que gay não se delicia dentro de um buraquinho apertadinho como aquele? Davi era uma delícia, ele tinha que admitir!

Impressionante aquilo...onde estava o homem que o ignorava...que nem lhe dera um segundo olhar...que insistia em vender a empresa e sair da sua vida o deixando com uma mão na frente e a outra atrás?

Roberto reconheceu que ele e Davi não haviam tido um bom começo, mas nada impediria de terem um belo recomeço a fim de garantirem um final maravilhoso!

A reunião prosseguia e a mente de Roberto não parava...

Davi era safado...o enganara inicialmente fazendo o papel de moço bobo,  pela não ação, era isso...e ele só esperava, mesmo que inconscientemente, aquela oportunidade de levá-lo para a cama...era isso mesmo? Haviam ido do inferno ao céu de maneira surpreendente! Aquilo era excitante! Arriscaria até a dizer que fora mágico! O desgraçado que viera destruir a sua vida agora parecia que iria salvá-la!

Não importava o que ele pensava sobre Davi antes...muito menos o que pensara em fazer para tirá-lo de seu caminho, porque agora o herdeiro de Alceu já estava aos seus pés, submisso a ele e certamente faria tudo o que Roberto  lhe pedisse!

Roberto agilmente ia empurrando para um canto escuro de sua mente todas as nuances que lhe faziam lembrar de Márcio e Adriano e que o haviam confundido diversas vezes durante a noite.

Aquele gesto era de Márcio...aquele outro de Adriano...era Márcio quem se contorcia daquele jeito...mas era Adriano quem sempre pedia mais...tudo besteira da sua cabeça, Roberto repetiu diversas vezes pra si mesmo, porque ele era um homem inteligente, tinha os pés no chão e sabia que aquilo era impossível! Os irmãos estavam mortos e se ele comparava os dois com Davi era porque o neto de Alceu valia por dois naquela cama, só isso!

NINGUÉM FOGE DO PRÓPRIO DESTINO!-Armando Scoth Lee-romance espírita gayOnde histórias criam vida. Descubra agora