CAPÍTULO 37

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Davi ficou aliviado quando, finalmente, se viu em terreno seguro, trazendo numa caixa transportadora, o seu novo amiguinho Vitório, ainda ressabiado com tantas novidades.

O cãozinho tremia de medo quando finalmente, após entrar e fechar o portão da casa, teve a liberdade concedida pelo seu tutor.

A visão do magrelinho ainda cambaleante encheu o coração de Davi de amor e carinho. Ele beijou a cabecinha do pequeno e lhe disse palavras encorajadoras com a voz bem mansa para não assustá-lo. Ver o rabinho balançando foi um bônus naquele dia de tantas aflições e contrariedades.

Dona Mariana recebeu Davi de braços abertos e deixou que ele chorasse inconsolável, enquanto permitia que o cachorrinho curioso  percorresse à vontade  o perímetro do novo lar.

Ela preferiu não dizer nada, pois  via o quanto o rapaz estava abalado e só depois de algum tempo ele pode contar  o que havia acontecido.

_Cácio me ligou dizendo que você estava vindo pra cá, mas os meus guias vieram me alertar sobre  você, Davi._ela falou muito séria._Meu coração estava apertado, meu querido. Orei muito para que Jesus te guiasse de volta pra nós.

Ele segurava a cabeça e mantinha os olhos fechados, como se precisasse reorganizar as ideias.

_Eu estava com o Cácio. Aí tivemos todos aqueles contratempos. Eliane não dava notícias...foi me dando uma agonia, dona Mariana...Aí eu me senti tão culpado por tudo isso..._desabafou.

_Eu sei, filho...o Cácio me contou tudo. Aí ele separou-se de você e acreditou que você viria direto pra cá. Estivesse o meu filho mais alerta e teria visto que forças negativas espreitavam você. Mas..._ela falou  resiliente._Deus está no controle de tudo e tudo isso deve ter um propósito, confio nisso!

Davi negou com a cabeça, ainda sem abrir os olhos,  tombado para a frente, quase tocando a testa  nos joelhos:

_Eu não sei o que aconteceu depois...eu realmente estava vindo pra cá! Simplesmente apaguei, ou tive um branco...não sei explicar, dona Mariana!

_O médium inconsciente não tem conhecimento do que ocorre  com ele enquanto está incorporado. O que aconteceu depois, quando você voltou a si?

_Eu me vi sozinho na rua, em frente à empresa que era do meu avô. Ainda não posso acreditar que, de repente, escutei alguém me chamando e quando me virei...lá estava o motorista que me levara até ali dizendo que voltou  quando se deu conta de que eu deixara toda a minha bagagem no carro dele.

_Realmente uma pessoa de alma boa, filho._ela sorriu._Deus o abençoe!

_Pedi para que ele me trouxesse pra cá, sem saber o que eu fui fazer ali...O motorista me disse que eu, simplesmente, havia pedido pra ele me levar até ali. E aí..._ele deu de ombros e passou as mãos pelo rosto, como para tentar clarear as ideias._Não sei o que aconteceu neste meio tempo! 

Dona Mariana olhou pra ele ainda muito séria:

_Tenho certeza de que pode deduzir o que você foi fazer lá...

Davi sabia que certamente havia transado com Roberto...não ele, claro, mas aqueles que o haviam possuído.

_Meu Deus! Eu  não sou assim, dona Mariana...Não sou um vadio..._disse agoniado.

_Eu sei, filho, mas aqueles que usam você parecem estar muito ligados ainda à energia sexual do corpo. Enquanto você permitir, eles te usarão exatamente pra isso!

Davi levantou-se e começou a andar de um lado a outro da sala, inconformado:

_Sei que outro dia me embebedei e fui junto com o Roberto para o apartamento dele...passei a noite lá...mas hoje...assim...sem mais nem menos...eu simplesmente invadi o trabalho dele e devo ter...devo ter praticamente violentado ele! Isso se não dei escândalo em plena sala da presidência, dona Mariana! Meu Deus! Que loucura!

NINGUÉM FOGE DO PRÓPRIO DESTINO!-Armando Scoth Lee-romance espírita gayOnde histórias criam vida. Descubra agora