CAPÍTULO 61

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As sessões espíritas que se seguiram consistiram num trabalho intenso envolvendo muitas orações e o empenho tanto dos médiuns que frequentavam o centro, quanto também dos espíritos de luz que ali sempre vinham ajudar.

Adriano continuava relutante e fazendo ameaças assustadoras, mas percebia que o plano espiritual já não mais o deixava agir tão livremente quanto antes.

No plano espiritual, não só a mãe de Adriano, como também as mães de Davi e de Roberto continuavam se esforçando para convencerem o espírito perturbado de que ele não deveria interferir nas vidas daqueles dois homens. Era preciso convencê-lo de que recusar ajuda só iria acarretar mais sofrimento para ele e atraso na sua evolução espiritual. 

Adriano foi percebendo que nem Davi e nem Roberto permitiam mais que ele os influenciasse, pois através do trabalho que estavam fazendo no centro, já sabiam como se defender. Porém, os dois encarnados preferiram se precaver e se mantiveram  o mais afastados possível, até que tudo se resolvesse e eles tivessem a confirmação de que a ameaça não mais existia.

Se por um lado incomodava Davi saber que Roberto poderia se apegar àquela lembrança de uma relação que parecia intensa com os falecidos, por outro Roberto se sentia incomodado por pensar que Davi poderia achar que ele era um depravado que só queria transar com ele e nada mais. 

As impressões que ambos acreditavam que o outro tinha a respeito daquele início de relacionamento  os impedia de arriscarem-se nos primeiros dias. Porém, com o passar do tempo, a situação foi ficando insustentável e a ansiedade começou a invadir tanto Davi quanto Roberto.

Naquela manhã, ao ver o irmão tão distraído, Eliane estalou os dedos em frente aos olhos de Roberto  que piscou voltando a si e sorriu pedindo desculpas.

_Está pensando no Davi?

Os irmãos Castilho  agora costumavam encontrar-se com mais frequência.

Roberto passou as mãos pelo rosto e suspirou inconformado:

_Sim. Confesso que esta espera  está me deixando angustiado, minha irmã! Como dizia o Alceu quando chegava com alguma sobremesa lá em casa  e a mamãe insistia que precisávamos almoçar antes de comê-la...

Eliane adiantou-se:

_Deixe eles provarem isso logo, minha querida,  porque senão os dois irão  ficar...como era mesmo a palavra que ele dizia?

Eliane colocou a mão na testa e tentou lembrar-se, mas a palavra não vinha:

_Qual era mesmo a palavra, Roberto?  Aquela doença que dizem na crença popular que ataca as crianças quando não podem comer o que desejam... 

Ele deu de ombros e ela deu um grito, quando finalmente lembrou-se:

_Aguados! Dizia que a gente iria ficar aguado, que os nossos cabelos iriam ficar arrepiados e que a gente poderia até adoecer, se não comêssemos o que desejávamos!

Eliane sorriu lembrando-se daqueles episódios:

_Nossa, eu tinha até me esquecido desta expressão que ele usava...aguado! Meu Deus, eu era uma bola, de tantas coisas que eu comia escondida da mamãe e que o Alceu me dava com medo de eu ficar sentida e  adoecer se não comesse aquilo logo!

_Pois confesso que é isso mesmo que eu estou sentindo, Eliane! Estou aguado...morrendo de desejo de estar com o Davi! _ele falou impaciente._Aliás chega a me dar uma fissura e fico com água na boca só de pensar no Davi, porque eu estou louco para pegá-lo nos meus braços, beijar aquela boca linda  e...

NINGUÉM FOGE DO PRÓPRIO DESTINO!-Armando Scoth Lee-romance espírita gayOnde histórias criam vida. Descubra agora