CAPÍTULO 34

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Davi chegou desfeito na casa de Eliane e foi recebido pela amiga de braços abertos. Ela avisou que já havia ligado para Cácio, pedindo a ajuda dele.

Davi estava completamente em choque  e chorava muito! Eliane torceu para que Cácio não demorasse a chegar.

_Como pode isso, Eliane?_perguntou Davi segurando a cabeça entre as mãos e com os olhos perdidos no espaço a sua frente._Num momento eu estava aqui e depois já acordei na cama do seu irmão!

Ela não sabia o que dizer, pois fora testemunha da situação em que Davi saíra dali na véspera e ainda não entendia direito tudo aquilo que se passava com ele, mesmo depois das explicações de Cácio.

_Minha cabeça parece que vai explodir e eu não consigo raciocinar direito._desabafou Davi._É como se eu estivesse dentro de um pesadelo, Eliane!

_Calma, lindo. Cácio já está chegando e irá cuidar de você._disse dando um beijo carinhoso no amigo.

_Nós dois  estávamos  completamente nus na cama do Roberto, Eliane! Como isso foi acontecer? Eu passei a noite com um homem com o qual eu nem tenho intimidade! Como isso é possível? Eu não me lembro como fui parar ali! Me sinto um estranho dentro do meu próprio corpo!

Eliane queria que ele comesse algo, mas Davi falou que o estômago estava embrulhando e que ele preferia ir logo tomar um banho pra ver se melhorava.

Debaixo do chuveiro, Davi se permitiu chorar inconsolável, sabendo que tudo aquilo tinha sido culpa dele! Ele  agora já sabia que  era um médium, o que significava que os desencarnados poderiam fazer dele um canal para se comunicarem com os vivos!

Lembrava-se das palavras maternais de dona Mariana o alertando para uma abordagem  dos desencarnados sem luz, que ele deveria ficar atento, alerta, mas ele relaxara daquele jeito.

Ele havia contado para Cácio e para dona Mariana  o que havia antecedido à suposta incorporação na empresa, quando assustara Roberto a ponto de quase fazê-lo infartar. Havia sentido uma moleza gostosa que o arrastou para praticamente se ausentar do próprio corpo a fim de fugir da responsabilidade de enfrentar aquela situação estressante.

Forçando a memória ali, debaixo da água que caía abundantemente sobre o seu corpo, lembrou-se de que também na véspera havia sido arrastado por  um convite semelhante. Em sua mente mais uma vez aparecera aquela ideia fixa o instigando a deixar o controle de sua vida para quem quisesse! O convite estava aberto para Roberto...Adriano...Márcio...quem quisesse livrá-lo do fardo de tomar as decisões que ele não tinha  ânimo de tomar!

Sentiu-se um covarde...um inconsequente...um risco para todas as pessoas que estivessem próximas a ele, porque era como deliberadamente dar o controle de um automóvel em que ele estava na direção a um completo desconhecido! Ele não havia pensado nas consequências de seus atos, admitiu para si mesmo tarde demais para evitar todo aquele desastre!

_Quando um médium baixa as defesas, Davi, é como se você deliberadamente deixasse as portas abertas para qualquer intruso invadir a sua casa, que no caso é a sua mente e é o seu corpo físico._explicara dona Mariana._Ali dentro, sem visualizar obstáculo algum que o impeça de avançar, o espírito oportunista...o espírito zombeteiro...o espírito sem luz tem novamente um veículo, um canal  que poderá usar para interagir com o mundo físico, do qual ele não consegue se afastar ainda.

Ele havia ficado assustado...em pânico naquele momento imaginando que um espírito sem luz poderia, quem sabe, apossar-se  do corpo dele e praticar, talvez, um assalto, ou mesmo um assassinato e o crime recairia posteriormente sobre as suas costas!

NINGUÉM FOGE DO PRÓPRIO DESTINO!-Armando Scoth Lee-romance espírita gayOnde histórias criam vida. Descubra agora