CAPÍTULO 7

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O neto de Alceu Moura Álvares queria poder praticar a sua liberdade de dizer não àquela herança! Queria poder dar as costas à fortuna  que não sabia por que o avô que tanto o magoara e parecia odiá-lo deixara pra ele.

Será que o avô queria exatamente aquilo mesmo? Será que ele agora estava morrendo de rir ao ver o quanto o neto estava desnorteado sem saber como agir? Será que aquela era a vingança do empresário? Só queria enlouquecer o neto que tanto havia desprezado por sua homossexualidade? Davi chegou a pensar que todas as opções que imaginara estavam certas: o avô queria infernizar a vida dele, só isso.

Era humilhante...era ao mesmo tempo estranho...e ao mesmo tempo mais do que justo ele ter direito àquela herança, pensou Davi nas noites em claro.

O  Bruxismo atingira o  seu grau máximo e continuava  lhe corroendo os dentes travados devido ao estresse de tudo aquilo.

Davi sentiu saudades das noites em claro que passava fazendo as contas de como iria passar o mês com o seu salário de miséria. Agora era assombrado por  um looping infernal e contínuo em sua cabeça por  pensar em tudo aquilo...nos pontos positivos e negativos...nos benefícios de poder ter uma vida melhor e no caos que a sua vida se tornaria para ele administrar tanto dinheiro!

Uma vez alguém havia lhe dito que as pesquisas mostravam que as pessoas que tinham mais dinheiro eram as que mais tinham tendências suicidas! Talvez, ele pensou, ali estava a explicação. Apesar de ter pensado na época que aquilo era mentira, agora imaginava como alguém podia administrar tanto dinheiro sem pirar! 

O herdeiro de Alceu teve a certeza de que nunca mais teria sossego em sua vida...o dinheiro definitivamente não lhe traria paz, mas apenas mais dor de cabeça! Ansiedade pela falta...ansiedade maior pela fartura, acreditou!

Alceu era o pai da sua mãe e se ela estivesse viva, teria direito àquela herança, era a lei, explicara direitinho o advogado. Na falta da filha, o herdeiro direto seria o filho dela, neto legítimo do empresário,  e, por isso, não havia por que Davi recusar o que pela lei lhe pertencia.

_E se eu me recusasse a receber este dinheiro?_Davi havia falado num momento de agonia ao perceber o quanto a sua vida iria mudar.

O advogado teve que explicar tudo aquilo repetidas vezes e chegou a pensar que  Davi tinha alguma dificuldade  de compreensão.

_Todo o dinheiro irá para instituições de caridade aqui relacionadas pelo seu avô._respondera o advogado novamente.

_Espero que dentre estas instituições que serão contempladas pela fortuna que o meu amigo orgulhoso  cheio de soberba irá abrir mão, tenha um hospício que possa abrigá-lo, porque não será este amigo aqui que irá cuidar de louco!_Fábio não se controlara.

Davi preferiu não dizer nada, porque realmente não sabia como explicar que alguma coisa ali não cheirava bem.

Ele fora informado que a nova  companheira do avô havia falecido, mas então por que Alceu não deixara  para os filhos dela toda aquela fortuna?

_Meu Deus, acho que terei que levar o meu amigo num centro espírita, doutor, pedir para o espírito do avô dele baixar  só pra ele ter a resposta a esta pergunta!_Fábio novamente intrometeu no assunto.

_Talvez ele quisesse que alguém que tivesse o sangue dele viesse a assumir os negócios dele._opinou o advogado.

_Um sangue que ele renegou!_disse Davi mostrando que ainda estava sentido com o abandono do avô.

Fábio havia revirado os olhos diante daquele argumento.

_Se isso ainda lhe revolta, Davi, pegue toda esta grana e troque todo o sangue que corre pelo seu corpo, já que é isso o que te incomoda._Fábio falou._ Mas pegue a herança primeiro, para o caso de virem a fazer exame de DNA pra ver se você realmente é o neto do seu avô, ou um extraterrestre que joga dinheiro pela janela!

NINGUÉM FOGE DO PRÓPRIO DESTINO!-Armando Scoth Lee-romance espírita gayOnde histórias criam vida. Descubra agora