Davi acordou sentindo uma linguinha morna e úmida lambendo-lhe o nariz e os lábios. Sorriu mesmo antes de abrir os olhos, pois já se acostumara com os carinhos de Vitório.
Mais do que ser acordado com tamanha meiguice, era abrir os olhos e ver o cãozinho balançando o rabinho e sorrindo pra ele, pois acreditava que os cães sabiam sorrir. Aquilo indicava que ele estava limpo, sem a presença de Adriano e Márcio, o que era um bom motivo para sair da cama sem medo de fazer burrada.
Davi pegou o cãozinho nos braços e beijou-lhe a cabecinha miúda:
_Bom dia, meu filho! Já percebeu que o seu papai está limpo e veio comemorar, não é mesmo?
Como se já considerasse que a sua primeira missão do dia estava realizada, Vitório saiu do quarto indo brincar no quintal.
Davi tentava não pensar no que havia acontecido...Aprendera, frequentando as reuniões espíritas, a entender que seria de sua responsabilidade permitir a aproximação dos dois irmãos desencarnados, porém, o que eles faziam a partir dali, não poderia pesar tanto em sua consciência, já que era um médium inconsciente.
Nos primeiros dias fora difícil, pois acreditava que tinha sido o culpado por Eliane correr o risco de perder o bebê...tinha sido o culpado pelo infarto de Roberto...tinha sido o culpado por criar toda aquela confusão nas vidas das pessoas que o cercavam.
Interessante como as coisas aos poucos iam se encaixando e ele chegava a pensar que fora o plano espiritual quem dera um basta naquela escalada de depravação praticada por Adriano e Márcio, quando Roberto infartara.
Na verdade, ele sabia, o problema ainda não estava resolvido. Aquilo era apenas um intervalo...era um respiro, um fôlego para enfrentar ainda um árduo caminho até convencer os dois irmãos de que não pertenciam mais àquele plano e que os prazeres carnais não mais faziam parte de sua existência.
Mesmo extremamente magoado e mesmo indignado por estar sendo usado daquele jeito, dona Mariana e também outros espíritos de luz que haviam visitado as sessões no centro mostraram a ele que também Adriano e Márcio precisavam de ajuda.
Davi sabia que provavelmente eles haviam dado uma trégua porque estavam ali apenas para desfrutarem do sexo junto ao corpo físico de Roberto também. No fundo, eles não queriam que ele desencarnasse, pois era no plano carnal que se fartariam dele.
Foi um alívio pra Davi ficar sabendo que mesmo tendo alguma pendência em vidas passadas com os dois irmãos, ao que parecia, nesta vida eles não estavam focados em vingarem-se dele. Eles não pretendiam fazer-lhe um mal maior como forçar alguma barra para que ele fosse preso ou praticasse algum ato libidinoso contra outra pessoa, que não fosse Roberto.
Dona Mariana e seus amigos não haviam mentido pra Davi, dizendo que seria fácil e muito menos que depois que se livrasse de Márcio e Adriano, nunca mais receberia a visita de espíritos zombeteiros, ou mesmo negativos. Ele sabia que poucos eram os médiuns que se tornavam completamente imunes à influência de um espírito sem luz, mas que dava sim para dificultar e até mesmo, vez ou outra, afastar aqueles tipos de ameaça.
Oficialmente dono da Moura Álvares, agora estava dividido se deveria ou não vendê-la, já que começava a entender que não precisaria assumir o controle dela sozinho, o que já era menos estressante. Com Roberto internado, ficara claro que o grupo que vinha logo abaixo da presidência era bom, dedicado e responsável. A empresa era sólida e não iria à falência se o seu presidente faltasse alguns dias.
Estudando a doutrina espírita, Davi estava aprendendo que a caridade precisava ser feita e estando de posse de uma boa quantia em dinheiro todos os meses dali pra frente, poderia ajudar não apenas os animais de rua, mas também asilos, orfanatos...poderia ajudar a matar a fome das pessoas que se multiplicavam na porta do centro espírita de dona Mariana quando era ofertado um prato de comida, agasalhos, cestas básicas, remédios. Estar ajudando a diminuir o sofrimento dos menos favorecidos estava fortalecendo o seu caráter e dando um bom destino a tanto dinheiro.
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NINGUÉM FOGE DO PRÓPRIO DESTINO!-Armando Scoth Lee-romance espírita gay
RomanceIMPRÓPRIO PARA MENORES!-Com a morte do padrasto, Roberto descobre que o velho Alceu deixou toda a fortuna para o neto Davi. Sentindo-se injustiçado, Roberto cria, com a ajuda da irmã Eliane, um plano para obrigar Davi a dividir a herança com eles...