CAPÍTULO 20

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Roberto mandou chamar dona Maria em sua sala assim que se recuperou do susto.

Primeiramente, deixou que a mulher praticamente se ajoelhasse aos pés dele, dizendo que faltavam apenas alguns meses para ela se aposentar, dizendo que precisava do emprego, que aquilo que havia ocorrido ali nunca mais iria acontecer...realmente a mulher estava completamente arrasada.

_Por favor, dona Maria...apenas me conte o que a senhora viu aqui nesta sala._disse Roberto muito sério, mãos cruzadas na frente da boca, como se tentasse não demonstrar o quanto poderia ficar chocado com o que iria ouvir.

Ainda tomada pela emoção, a pobre mulher apenas confessou que era médium, mas que ele não precisava se preocupar que ela era médium de visão e não de incorporação. Mesmo sem ele pedir uma explicação para aquilo, ela falou que podia ver os espíritos, mas não podia recebê-los.

Diante do silêncio de Roberto, ela tentou descrever o melhor que pode as figuras que vira mais cedo naquela sala, jurando a todo momento que não estava mentindo, jurando pela própria alma que dizia a verdade.

Enquanto escutava aquele relato nervoso e quase histérico, Roberto não teve dúvidas: dona Maria realmente vira os desencarnados  Adriano e Márcio em sua sala! Não tinha como não acreditar naquilo!

_E o que estes dois fantasmas queriam aqui nesta sala, dona Maria?_ele perguntou com cautela, tentando não deixar transparecer o nervosismo que sentia.

_Com certeza devem ter alguma pendência com alguém que estava nesta sala, senhor Roberto. Resgate de vidas passadas. Talvez tenham sido prejudicados por alguém que estava aqui nesta sala e voltaram tentando acertar as contas._ela falou com os olhos arregalados fazendo três vezes o sinal da cruz.

_E a senhora não saberia me dizer atrás de quem eles vieram, dona Maria?_Roberto tentou soar impessoal.

_Estavam mais próximos do neto do senhor Alceu, mas tinham os olhos fixos era no senhor, senhor Roberto!

_Em mim?_perguntou, mesmo sabendo que aquela seria a resposta mais provável.

Ela assentiu.

_A senhora diria que eles são...sei lá...os meus anjos da guarda, dona Maria?

_Antes fosse, senhor Roberto, antes fosse! _novamente ela se benzeu._São coisa ruim mesmo...coisa do demo! Eles não estão vindo pra fazer o bem não, senhor Roberto...São espíritos sem luz...espíritos errantes...só querem fazer coisa ruim mesmo, senhor Roberto! O senhor tem é que se benzer, porque senão tudo o que o senhor almeja conquistar vai dar pra trás, senhor Roberto!

Roberto sentiu um arrepio diante das palavras da mulher que continuou, como para endossar o que falava:

_Meu primo Isaías foi brincar com isso e agora está lá...internado num hospital psiquiátrico...babando...dá até dó de olhar, o senhor precisa ver, senhor Roberto! E olha que ele era engenheiro civil, acredita? Agora nem consegue pegar num lápis direito! É de cortar o coração!

_Tá, dona Maria...já pode parar...já entendi..._falou fingindo uma impaciência que na verdade era receio.

Roberto deu um salto na cadeira, após chamar a secretária que entrou esbaforida, afinal dona Maria era tia dela e qualquer coisa de errado que ela viesse a fazer poderia, inclusive, prejudicar a sobrinha.

_Estou vendo que a sua tia está muito estafada...não está falando coisa com coisa...imaginando absurdos..._tentou demonstrar incredulidade._É melhor levar num médico...não dá pra continuar trabalhando assim...

NINGUÉM FOGE DO PRÓPRIO DESTINO!-Armando Scoth Lee-romance espírita gayOnde histórias criam vida. Descubra agora