CAPÍTULO 18

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Roberto havia enviado, ainda de madrugada, uma mensagem mandando a sua secretária marcar com urgência uma consulta com um médico de sua confiança.

Doutor Leonardo Pires cuidara muito bem da mãe de Roberto e era muito elogiado também por Alceu.

_E aí, doutor? O que o senhor acha?_perguntou Roberto ansioso vendo o médico muito sério apenas fazer anotações em seu notebook.

Horrível aquilo, ter que sair logo cedo, adiar um compromisso importante, apenas para ir se consultar, mas Roberto realmente tinha urgência em esclarecer o que havia acontecido com ele na noite anterior.

Poderia ter esperado um pouco...poderia ter ignorado tudo o que acontecera na véspera, se não fosse o fato de ainda estar  impressionado com o ocorrido.

O médico não disse nada de imediato...pareceu, inclusive, que havia se esquecido de que não estava sozinho  no consultório.

Roberto olhou o celular...Uma reunião já fora adiada...dali a uma hora seria a outra e ele não a havia desmarcado, porque acreditou que seria jogo rápido...que logo estaria de volta à empresa.

_Quer dizer que você não faz nenhuma atividade física regular?

_Já fiz, mas não faço mais. Os negócios não me dão tempo._tentou resumir rapidamente.

_Sua dieta...

_Nem sempre dá pra almoçar, confesso. Tempo é dinheiro, doutor e além do mais, com o fuso horário e a gente ampliando os negócios para o exterior, fica difícil exigir que os compradores sigam os nossos horários._falou impaciente.

Será que aquele médico não sabia como funcionava a economia mundial?

_Muito fast food, acredito...

Novamente, Roberto o atropelou, ansioso para aquele interrogatório acabar:

_Como disse, às vezes, nem isso, doutor. Às vezes tomo apenas um café entre uma reunião e outra.

_Seu sono como está?

_Péssimo depois que o Alceu, meu padrasto, morreu. Como disse, é muita responsabilidade sobre os meus ombros._disse tentando controlar o tom de voz, avaliando se o médico iria refazer todas as perguntas.

O celular de Roberto tocou e ele fez um gesto em direção a ele.

_Desligue isso, por favor._disse o médico autoritário.

_É importante..._tentou Roberto, sabendo que ali dentro, era o outro quem mandava.

_Não mais importante do que a sua vida, senhor Roberto._o médico o encarou com o olhar firme  e intimidou Roberto.

Ele pediu desculpas e desligou o celular, acreditando que talvez aquele fosse o momento do médico declarar que ele tinha um tumor no cérebro, que estava provocando alucinações!

De repente, Roberto sentiu uma onda de pânico! Já não sabia se queria saber o diagnóstico!

Talvez o médico fosse dizer a qualquer momento que era pra ele ficar internado...que fariam uma bateria de exames...que ele operaria o cérebro no dia seguinte e que nunca mais poderia dirigir, comer sozinho, tomar banho sozinho...que seria um completo inútil depois que lhe tirassem a metade do cérebro!

_O senhor terá que mudar urgentemente o seu estilo de vida, senhor Roberto._o médico falou finalmente, cruzando as mãos sobre a mesa e ficando cada vez mais sério.

_Já falei que não posso, doutor! Sou um homem de negócios! Tenho uma agenda pra cumprir!

_Ou o senhor dá um tempo e muda radicalmente o seu estilo de vida, ou a vida dará um tempo no senhor, senhor Roberto!_decretou.

NINGUÉM FOGE DO PRÓPRIO DESTINO!-Armando Scoth Lee-romance espírita gayOnde histórias criam vida. Descubra agora