CAPÍTULO 48

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Após um mês, depois da aprovação do médico, finalmente Roberto voltou à presidência da Moura Álvares.

Eliane fortaleceu-se e também aproximou-se cada vez mais de Cácio, que esperava o momento certo para se declarar para a amada. 

Davi, por sua vez, estava cada vez mais empenhado em estudar a filosofia espírita e se enfiava no trabalho comunitário na intenção de manter a cabeça ocupada para não pensar em Roberto, ou mesmo na ameaça que rondava os dois.

No dia da inauguração do novo abrigo para cães, o herdeiro de Alceu pode comparecer, junto a Cácio e Eliane que foram aplaudir a primeira etapa do seu projeto. Aquele seria apenas o primeiro abrigo que ele abriria e a surpresa veio de Fábio e do veterinário que o ajudava.

_Você nem vai acreditar em quantas pessoas estão se oferecendo para nos ajudar, Davi! São clínicas veterinárias, estudantes de veterinária, casas de ração...sem contar com as  pessoas que estão se oferecendo para fazerem um serviço voluntário na limpeza do abrigo e nos  cuidados com os cães._disse Fábio empolgado._Se depender do entusiasmo dessas pessoas, acredito que nunca mais teremos um cachorro abandonado nas ruas deste  país!

_É verdade, Davi. Parece que Deus está abençoando mesmo a sua iniciativa e, inclusive, já recebemos também a doação de um terreno de uma senhora idosa que não deixará herdeiros. Ela insiste que a gente construa mais um abrigo aqui na cidade vizinha e, acredite, o lugar é perfeito!_era a vez do veterinário.

Davi estava entusiasmado, especialmente por perceber que o seu amigo Fábio não escondia o romance entre ele e o veterinário responsável pelo novo abrigo.

_Eu ouvi errado ou vocês dois até já inventaram apelidos um para o outro?_Davi perguntou discretamente.

_Cachorrinho e Cachorrão?_gargalhou Fábio._Tinha como serem outros? Este cachorrão adora morder a minha bunda...estou mentindo, amor?

O veterinário beijou os lábios que lhe sorriam enchendo o coração de Davi de satisfação, pois gostava dos dois e sabia que se dariam muito bem.

Quando o veterinário afastou-se, foi a vez de Fábio perguntar:

_E você e o seu malvado favorito?

Davi havia falado de Roberto e confessara que estava complicado, sem querer entrar em detalhes quanto a ser médium, ou mesmo estar sendo obsediado pelos ex-amantes de Roberto.

_Quanto mais distantes estivermos, melhor, acredite._disse Davi após dar um longo suspiro desanimado.

_Tão mal assim?_Fábio perguntou preocupado.

_Você nem imagina...outra hora te conto._disse Davi vendo que várias pessoas se aproximavam para cumprimentá-lo.

Percebeu que também Eliane e Cácio pareciam estar se acertando, o que indicava que o Cupido parecia estar de bom humor, menos pra ele, claro.

_Quer dizer que você resolveu ficar com o Vitório?_Fábio falou tirando o amigo de seus pensamentos.

Davi queria poder dizer que Vitório era o seu guarda-costas, pois dava o alarme quando percebia que ele estava perdendo o controle e resvalando para os maus pensamentos, o que favorecia a aproximação de espíritos mal intencionados.

_É o meu anjo da guarda, o danadinho. Me acorda de manhã, dorme comigo, passeia comigo...Me passa uma energia muito boa e é impossível ficar triste tendo o Vitório por perto, Fábio.

_Que sortudo este Vitório! Espero que a maioria dos nossos amigos de quatro patas tenham a mesma sorte que ele!

Davi passeou pela cidade e sentiu saudades de sua antiga vida pacata e tão previsível. Contas pra pagar, o dinheiro acabando antes do final do mês, ele se desdobrando para socorrer tantos cachorros de rua.

NINGUÉM FOGE DO PRÓPRIO DESTINO!-Armando Scoth Lee-romance espírita gayOnde histórias criam vida. Descubra agora