Capítulo 1

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ALYSSA

Eu sou uma fugitiva.

Quando digo essa frase, qual a primeira coisa que vos vem à mente? Ela matou alguém. Ela roubou. Deve ser uma traficante. Acontece que nenhuma das opções anteriores estão certas.

Estou fugindo do meu marido.

De onde venho, casar cedo é normal. Meus pais me forçaram um casamento arranjado, eles disseram que seria bom para os negócios e para trazer paz para nossas famílias. Para fazer dos Castillo e dos Ortega uma família só.

Os Castillo e os Ortega sempre foram inimigos. Cada um ocupava uma parte da cidade de Bogotá. Até os cidadãos eram obrigados a escolher a qual negócio eles apoiariam.

No começo, eu, ingênua, acreditava que eram só negócios, até que meu pai deu um tiro na cabeça de um de seus clientes por traí-lo com os Ortega. Eu tinha 12 anos na época. Meu pai me puxou para fora do carro pelo braço até um galpão e disse.

- Alyssa. Um dia você vai herdar os negócios da família e você precisa ser forte o suficiente para lidar com certas coisas.

Quando entramos no galpão, eu vi um jovem de aproximadamente 27 anos, sentado em uma cadeira, com as mãos atadas atrás de seu corpo.

- Você tem algo a dizer? - Perguntou meu pai ao garoto, como se ele tivesse forças o suficiente para responder. Um balbucio foi tudo o que ele conseguiu dele. - Ok, então.

Um tiro.

Meu pai atirou no meio dos olhos do rapaz. Eu não sabia se o zumbido em meus ouvidos vinha do barulho da arma ou dos meus gritos histéricos. Meu pai me segurou pelo ombro, enquanto eu chorava e cobria minhas orelhas com as mãos.

- Preste atenção, Alyssa. - Meu pai disse tentando chamar minha atenção. - Inspira, expira. Inspira, expira.

Repeti as respirações até me acalmar por completo. As lágrimas pararam de cair e senti meus batimentos cardíacos ficarem mais calmos, mesmo se os soluços ainda tomavam conta de mim.

- Deus não gosta de traidores, Alyssa. - Disse meu pai. Deus também não gosta de assassinos. Todavia, porém, entretanto meu pai acabou de matar uma pessoa. - Você está grande o suficiente para aprender os negócios da família. Eu sempre pedi um homem a Deus. Um homem forte para herdar os negócios, mas Ele me deu um sexo frágil, então eu tenho que te tornar forte. No meio onde vivemos as coisas não são fáceis. Você está entendendo?

Balancei a cabeça para cima e para baixo, afirmando. Eu não tenho certeza se eu entendia ou não, mas meu pai não precisava saber disso.

A morte daquele rapaz desencadeou uma guerra entre minha família e os Ortega. Ganhamos muitos aliados e também perdemos muitos deles. Aprendi a atirar, esfaquear e torturar. Mas eu prometi a mim mesma que aquilo não me destruiria. Aquilo não iria me corromper. Eu nunca aceitaria ser como eles.

Meu pai se recusava a ter uma filha mafiosa que se recusava a matar. Ele colocou meu primo na cabeça dos negócios e me usou como moeda de paz. Para acabar com a guerra entre os Ortega e minha família, meu pai me casou com Augusto Ortega, o filho do chef da máfia do Leste de Bogotá.

As poucas pessoas que eu matei em nome do meu pai, não me corromperam ou quebram. Esse posto foi guardado para meu marido. Augusto.

Augusto e eu fomos forçados a casar assim que eu fiz 18 anos. Nasci no dia 06.02.1997, no dia 07.02.2015 eu estava passando pelas portas da igreja para me casar. Na verdade, o que separava Augusto da pedofilia era somente um dia e uma lei, mesmo se ele só era 4 anos mais velho do que eu.

Porto seguro (Dinastia Schneider)Onde histórias criam vida. Descubra agora