Capítulo 37

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CHURCH

Apesar de ter cedido a Kaia na hora da raiva, não posso esquecer que ela pode estar trabalhando para tomar meu império de mim e destruir tudo aquilo que minha família construiu. Não entendo por que está mentindo para mim, eu não a machucaria nem se ela fosse uma Valentini ou o próprio Calum Durant, se eu já não o tivesse matado.

Passo a viagem do clube até a casa de Florian quieto, Kaia também não faz nada para quebrar o silêncio entre nós dois, e prefiro desse jeito. O silêncio não é constrangedor, mas também não é tão confortável, como outras vezes em que ficamos em um silêncio tão acolhedor, que nos embalava.

Sei que quando estávamos no clube, Kaia estava procurando por Daniel, mas o vi indo embora, sem ao menos esperar por seus seguranças. Tentei ligar para ele, mas seu celular provavelmente estava desligado. Ele foi para uma boate, sei disso porque rastreio seu celular. Preciso manter o controle das situações, senão eu perco o controle total. Exatamente quando minha casa foi tomada por um incêndio e perdi a conta das pessoas que matei. Depois daquilo, foi só água abaixo.

Assim que chegamos nos Vidal, chamo Florian para que possamos conversar.

- Não consigo nem olhar para a cara dela. - Diz Florian, se referindo a Kaia. - Acho que Dorothy sabe de alguma coisa, porque quando a interroguei, ela afirmava com absoluta certeza de que Kaia não machucaria ninguém.

- Para de olhar para ela desse jeito. O que Dorothy disse?

- Nada demais. Disse que não sabia muitas coisas sobre o passado de Kaia, mas tem certeza de que ela não machucaria ninguém. - Ficamos em silêncio algum tempo. - Nossos homens devem estar chegando em Bogotá em algumas horas. Até hoje à noite você vai saber a verdade. No máximo amanhã de manhã.

A verdade é que eu queria interrogar Kaia, mas tenho medo do que ela tem a me dizer. Sabe aquele ditado popular, o que os olhos não veem o coração não sente? Enquanto eu estiver me cegando para o que quer que Kaia esteja escondendo, ela continua sendo minha Kaia doce, engraçada e amorosa. Não uma possível mula, assassina e inimiga.

Às vezes penso em abandonar a ideia de cavar em seu passado, por que, afinal, que diferença faria eu saber ou não? Eu vou conseguir matá-la? Eu vou conseguir torturá-la até conseguir informações sobre meus inimigos? E Dante? Eu poderia criá-lo, mas e o dia que ele me perguntar sobre sua mãe? O que eu diria?

Meu cérebro está trabalhando sem descanso, conspirando, tentando entender e criar desculpas para as mentiras de Kaia. Estou cansado demais por causa dos remédios, mas o que está verdadeiramente sugando minhas energias, são meus pensamentos em relação a Kaia.

Nossa viagem para casa, foi tão silenciosa quanto nossa ida aos Vidal. Dante era o único falando dentro do carro, Kaia e eu o respondíamos ou fazíamos sons mostrando interesse no que ele estava dizendo, mas fora isso, o ar estava pesado demais.

Quando chegamos em casa, Kaia quis saber por que estou tão quieto. Não sei, Kaia. Talvez por causa de tuas mentiras? Eu queria responder, mas só disse que não era nada. Analiso sua expressão alguns segundos e agora mais do que nunca, posso ver que Kaia está escondendo algo, o medo em seus olhos é evidente e não suporto olhar para ela, sabendo que deve estar planejando minha morte.

Tomo um longo banho e depois me deito, se não fossem os remédios, eu nunca teria conseguido dormir. O sono profundo toma conta de mim, sei que estou sonhando, mas me sinto preso, não consigo acordar mesmo que eu tente.

Kaia está tirando Dante de mim, tento correr atrás de ambos, porém não importa o quão rápido eu corra, eu nunca saio do lugar e estou sempre em câmera lenta. Kaia ri, ao ver minha tentativa falha de correr atrás de Dante. Ela tira uma arma e aponta para mim, só consigo pensar que não quero que Dante veja isso. E então ela atira.

Porto seguro (Dinastia Schneider)Onde histórias criam vida. Descubra agora