Capítulo 54

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CHURCH

As poucas horas em que fiquei aqui em casa foram uma tortura. Para onde eu olhava eu tinha lembranças de Alyssa e eu ou Alyssa e Dante. E sempre que eu pensava em Alyssa, eu me lembrava dela com Daniel, no momento íntimo dos dois juntos, e era como se uma faca estivesse sendo enfiada em meu coração repetidas vezes.

Sinto como se Alyssa tivesse me esfaqueando e me enfraquecido. Me pergunto se isso é somente por hora ou se não vou mais conseguir ser o mafioso assassino destemido que era antes. Eu não tinha fraquezas e sinto que agora tenho todas elas.

Estou sentado no sofá com o tablete em minhas mãos. Tento me concentrar, mas o tempo todo meus pensamentos voltam para a hora de ontem à noite.

"Eu te amo. Está satisfeito?" Essa frase se repete em um loop infinito. Seus gemidos e suspiros ecoam de novo e de novo em minha cabeça. O som de suas virilhas uma batendo contra a outra...

- PORRA! - Grito, deixando a raiva se esvair de mim. E em um ato impulsivo, jogo o tablete contra a parede a minha frente, ao lado da televisão. - Eu só quero tirar isso da cabeça. - Murmuro para mim mesmo, cobrindo o rosto com as mãos.

- Don? - Ignoro Mike, para ver se ele vai embora, mas ele continua me chamando. - Don? - Respiro fundo e olho para ele. Ele tem uma marmita, estendida para mim, em sua mão. - Compramos almoço-

- Para que? Para terem a oportunidade de me envenenarem também dessa vez?

- Não pedi para entregarem. Fui eu mesmo fazer o pedido e buscar os pratos.

Respiro fundo e faço um gesto com a mão para que Mike me entregue meu prato. Abro o container, o cheiro e coloco a marmita sobre a mesa de centro.

Se Alyssa estivesse aqui, ele iria reclamar sobre a marmita quente condensando contra a madeira. "Nathaniel Schneider", diria ela com seu sotaque espanhol, forçando o "iel" no céu da boca, "tire esse prato daí ahora!". O sotaque que eu tanto amava e agora tanto odeio, porque é o mesmo sotaque que chamava pelo nome de Daniel enquanto ele a fodia.

Fecho os olhos e tento pensar em outras coisas. Eu preciso de uma ação na minha vida, preciso sentir a adrenalina de matar alguém, de bater para me defender, ter que fugir e me esconder. Porém mais uma vez, eu fazia tudo isso com meu irmão, meu conselheiro, meu braço direito. Sinto um aperto no peito, e espero, do fundo do meu coração, que seja a porra de uma parada cardíaca do que tristeza por ter sido traído.

Eu estou indo para a Colômbia descobrir se aquele homem realmente é meu tio ou não. Mesmo que eu já tenha certeza absoluta que sim. Pego meu celular e olho minha agenda, não tenho nenhuma reunião importante para atender. E se Daniel pode cuidar da minha mulher e do meu filho, ele pode muito bem cuidar do meu clube também.

Quando embarco em missões suicidas, como invadir território inimigo, sempre levo Daniel ou Anton comigo, mas Anton esta invalido e Daniel, bom... Não quero exatamente passar a próxima semana com Daniel atrás de mim, tendo que olhar para sua cara. Decido ligar para Florian.

- Nate-

- Você vem para Colômbia comigo.

Escuto a porta da entrada se abrindo e a ligação cai. Ao mesmo tempo, Florian aparece na sala da minha casa.

- Como assim eu vou para Colômbia contigo?

- Eu preciso saber se Valentino realmente é meu tio.

- É claro que é teu tio! Alyssa já o confirmou. - Respiro fundo ao escutar seu nome.

- Você vem comigo, Florian.

- Não. Cadê Anton?

- Anton esta invalido, você sabe disso.

Porto seguro (Dinastia Schneider)Onde histórias criam vida. Descubra agora