CHURCH
Um tiro, uma trajetória, alguns segundos. É tudo o que é preciso para tirar duas vidas. A vida daquele que está com uma arma apontada no meio de sua testa e a vida daquele que está apontando a arma.
Cada vez que você tira uma vida, um pouco da sua se esvai também. Até que não haja mais nada a ser tomado. Não sobra nada de bom, tudo o que resta é o caos e a escuridão.
- Cadê meu dinheiro? – Pergunto em alemão ao homem amarrado em correntes de metal a minha frente. Seus joelhos cederam e seu corpo caiu, pendurado somente pelos pulsos. Seus ombros estão ao ponto de se descolocarem.
- Eu não sei! – Ele grita em meio a baba que sai da sua boca. – Eu juro que não sei. Por Deus, Church!
Respiro fundo, estou perdendo minha paciência.
Descobri que um dos meus homens estava trabalhando com a máfia do lado alemão da Suíça. Para trabalhar nesse meio, tem que ser inteligente. Quando me dei conta de que tinha dinheiro sendo desviado da minha casa noturna, eu coloquei rastreador em algumas notas. Uma tecnologia caríssima, mas que valeu a pena.
A metade do dinheiro que estava com o rastreador, eu encontrei em uma igreja, debaixo do banco, em Schaffhouse. Tive que tirar três vidas, uma delas era a de um padre corrompido com o dinheiro sujo de uma das máfias Suíças. Não que me importe matar um padre. Mas ele me fez sujar meu terno e agora só me restava mais um na minha mala.
A outra parte do meu dinheiro, que é o equivalente 900mil euros, não estava com rastreadores, então não sei onde está.
Levanto a arma e dou um tiro na coxa de Helmut, o homem preso a minha frente. Ele grita de dor e seus gritos são como música para meu ouvido. Mark era o contato suíço com a mula infiltrada entre os meus.
- O próximo vai ser mais acima. – O ameaço.
- Eles vão matar minha família, por favor. – Ele implora por piedade. Uma pena que eu não tenho nenhuma.
- Eu vou matar sua família antes mesmo deles se darem conta de que você desapareceu. – Me aproximo de Helmut, puxo seu cabelo de um jeito que o faça olhar para mim. – Se me disser onde está o dinheiro eu protejo sua família. Eu prometo. E eu nunca quero uma promessa.
Ele chora.
- Moulin Rouge em Paris.
Viro o rosto para olhar para Anton, um de meus homens.
- Sabemos onde mora a família dele? – Anton responde com um aceno de cabeça. Ainda seguro os cabelos de Helmut entre meus dedos. – Eu vou fazer o que você não pôde e vou cuidar da sua família para você.
Levo minha arma a sua testa e atiro. Tirando mais uma vida.
Parei de contar quantas vidas eu tinha tirado quando fiz 18 anos. Até então a conta era de 137 pessoas. Para cada pessoa um rabisco na parede de meu quarto. Mas no ano em que fiz 18 anos, um incêndio tomou conta da minha casa e os números foram queimados.
Eu mantinha os números na cabeça, porque isso me fazia, de certa forma, manter o controle sobre as mortes. Desde que perdi os números, eu perdi o controle. Os números provavelmente dobraram em 8 anos.
Antigamente, eu matava com uma razão. Hoje em dia eu mato sem razão e por diversão.
- Encontra a família dele, da nova identidade para todo mundo, some com eles do mapa para Klaus não os encontrar. Fala que vamos mandar dinheiro todos os meses. – Faço uma pausa e olho para Helmut. - Pagar pelo o que fizemos com Helmut. Assim que acabar tudo, me encontra em Paris.
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Porto seguro (Dinastia Schneider)
RomancePorto Seguro, primeiro livro da trilogia Dinastia Schneider. Alyssa e seu filho fogem de seu país natal para a França, com a intenção de se esconderem de sua família mafiosa e seu marido abusivo. Sem visto, Alyssa aceita o trabalho de stripper em u...