Capítulo 33

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ALYSSA

Church abre a porta e nos revela um quarto infantil todo decorado com o tema de animais safari. Meus olhos se enchem de água e sinto um aperto no peito, um aperto misturado com amor e dor. Amor pelas coisas que Church faz por mim e por meu filho e dor porque sei que o estou machucando, não fazendo minha escolha.

Ou melhor, o escolhendo, mas mesmo assim querendo ficar com Daniel também, e o fazendo se sentir insuficiente. Os olhos de Nate estão tristes e quero passar meus braços ao seu redor e abraçá-lo, mas não tenho certeza em que pé estamos.

- Quando? Quando você fez tudo isso? – Indago em choque.

Dante se debate em seus braços querendo ir para o chão. Church o solta e ele corre para uma pilha de brinquedos a esquerda do quarto.

- Alguns dias atrás. Como vocês estão sempre aqui, Dante acaba dormindo aqui, pensei que deveria ter seu próprio quarto. Escolhi esse tema, porque sei que ele gosta de animais, mas se não quiser pode mudar.

Ele não me olha. Em momento algum, Nate olha para mim enquanto fala. Seus olhos estão em Dante, nos brinquedos, na parede, no vazio, mas não em mim.

- Não precisa mudar nada, está perfeito. Obrigada!

Me aproximo de Church e fico na ponta dos pés para beijá-lo, mas ele me segura pelos ombros e me olhando, pela primeira vez, ele me impede de beijá-lo.

- Fica longe de mim, Kaia. – Ele me diz seriamente e se segundos atrás, ele parecia triste, suas emoções foram bloqueadas mais uma vez. – Você pode vir a minha casa para trazer Dante para brincar aqui, mas não cruza o meu caminho e não fale comigo. Eu nunca tive fraquezas e não é agora que vou baixar a guarda, por causa de alguém que não me acha o suficiente.

Ele passa por mim e se dirige escada abaixo. E mesmo depois de todas as vezes que apanhei de meu marido e fui maltratada por ele, nada. E repito, absolutamente nada, me fez tão mal, quanto as palavras de Church para mim.

Entro no quarto e me encosto na porta fechada e deixo meu corpo escorregar até o chão. Apoio os braços em meus joelhos e escondo meu rosto enquanto soluço de tanto chorar, buscando por ar que parece nunca ser o suficiente, não importa o quanto eu tente fazê-lo entrar em meus pulmões.

Dante me vê chorando e corre para perto de mim. Ele enfia o rosto na abertura que meu braço faz com minha perna, ao lado de meu corpo, para tentar olhar para mim. Levanto o rosto e cruzo as pernas, em posição de meditação. Dante se senta por cima de mim e seca minhas lágrimas. Quero reconfortá-lo e dizer que está tudo bem, mas não consigo. Por alguns segundos, esqueço que Dante é a criança e eu sou o adulto. Não é certo colocar tanto fardo em uma criança.

Beijo sua testa e seco minhas lágrimas, o conforto dizendo que são lágrimas de felicidade, por causa do presente que Church fez a ele. Dante pega minhas mãos e me puxa para mostrar os brinquedos.

Alguns minutos se passaram desde que Church nos deixou sozinhos. Agora que meus olhos estão secos e estou um pouco mais calma, olho ao redor, assimilando a decoração do quarto. Tudo foi projetado para Dante e para que ele pudesse fazer suas escolhas sozinho. Apesar de ter um guarda-roupa embutido ao lado da porta, tem também um pequeno armário aberto feito sob medidas do tamanho de Dante com algumas peças de roupas e sapatos. A cama, de casal, está no chão para que Dante não caia, ao lado tem um tapete macio, caso ele role para o chão em seu sono. Todos os brinquedos são adaptados para sua idade e dispostos em baús pequenos o suficiente para que Dante possa alcançá-los.

Me levanto e olho ao redor, os quadros de animais nas paredes, uma das paredes tem um papel de parede decorado com animais. Abro o armário e está repleto de roupas e outras coisas para Dante. Mas quando chego no banheiro começo a chorar novamente. No final do banheiro tem um chuveiro italiano. A direita tem uma pia e um vaso do tamanho adulto normal, mas a esquerda, uma pia e uma privada pequena foram instalados do tamanho de Dante.

Porto seguro (Dinastia Schneider)Onde histórias criam vida. Descubra agora