Capítulo 22

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ALYSSA

Quando olho dentro dos olhos de Church, sei que ele está travando uma batalha entre ceder a seus desejos por mim e lutar contra eles. Ele não tira os olhos de mim quando estou no clube, já reparei que as vezes vem, fica duas horas só para ver minha apresentação e ir embora, mas volta de manhã para me buscar desde o dia que me viu chorando no ponto de ônibus.

Quando vou a seu jardim com Dante ou a sua piscina, pois ele me deu autorização para usá-la quando eu quisesse, sei que ele fica me observando de sua casa. Faço questão de sempre fazer algum barulho alto, para chamar sua atenção, esperando que ele apareça no jardim e venha ficar comigo e com Dante, mas ele nunca desce.

As vezes subo com Dante para o café da tarde e ele não parece se importar, nunca disse nada a respeito ou deu a entender de que minha presença o perturbava.

Ontem Daniel apareceu no jardim e ficamos conversando enquanto Dante brincava. Sempre que eles tentavam me perguntar sobre minha família ou sobre meu marido, eu tentava esquivar as perguntas. Fiquei congelada quando Daniel me perguntou o nome de meu marido, pois não conseguia me lembrar o nome do marido de Kaia. Então hesitei durante um momento.

Tive que inventar um nome qualquer e espero que eles não procurem por nenhum Nicolas Diaz; e se procurarem, espero que o marido de Kaia realmente se chame Nicolas.

- Não gosto de falar sobre ele. - Digo a Daniel. - Não gosto de falar sobre minha família em geral, pois pedi ajuda a eles quando as agressões começaram e eles deram as costas para mim.

Ele ficou me olhando, parecia comovido com meu passado.

- Você não sente falta deles? Da sua família...

Dante vem para perto de nós dois e dá uma flor para cada um. Agradecemos, eu em espanhol e Daniel em francês.

- Sinto falta de presenças familiares. Éramos próximos quando eu era mais jovem, mas tudo mudou com o tempo e especialmente depois que me casei.

Eu estava contando minha história o mais perto da verdade possível, sem dar muitos detalhes.

- Com o que você disse que o teu marido trabalha mesmo? - Pergunta Daniel. Eu não quero mentir, então mudo de assunto.

- Eu não disse. Onde você esteve esses últimos dois dias?

Ele sorri. Agora Dante traz uma pedrinha para cada um e repetimos os agradecimentos.

- Estive em Paris, a negócios. - Afirmo que sim com a cabeça. - Já foi a Paris?

- Não. - Nego e sorrio. - Mas adoraria.

- Um dia te levo. - Promessas vãs. Ele sabe que nunca me levaria.

Olho para a casa e vejo Church apoiado nas costas do sofá, olhando para nós. Assim que repara meu olhar em sua direção, ele se levanta e sai de vista.

Dante pega algo no chão e vai colocá-lo na boca.

- Dante! - Ele olha para nós dois, onde estamos perto de uma cerejeira. - No em la boca, cariño.

Daniel sorri, de orelha a orelha.

- Eu adoro quando você fala espanhol. - Sorrio para ele.

- Posso te ensinar se você quiser.

Daniel me encara alguns segundos em silêncio, então balança a cabeça e esfrega o rosto com as mãos. Ele se aproxima de mim, me obrigando a dar um passo para trás. Fico presa entre Daniel e a cerejeira. Olho para Dante para ter certeza de que não está nos olhando, ele está concentrado em caçar escargots e jogá-los dentro de um pote.

Porto seguro (Dinastia Schneider)Onde histórias criam vida. Descubra agora