Capítulo 12

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CHURCH

Algumas horas mais tarde, escuto o barulho de uma porta batendo. Olho para fora, meus olhos são atraídos por movimentos perto do chalé. A menina da piscina está saindo com seu filho. Daniel faz menção de se levantar, mas o puxo de volta para que se sente e não chame a atenção da garota.

Ela se ajoelha no chão, arruma uma pequena mochila nas costas da criança, dá um beijo em sua testa. Ela se levanta e eles se vão embora.

Daniel estava me olhando com cara de pergunta.

- Que foi? – Indago.

- Está querendo afogar o ganso, rapaz? – Ele ri e dá um tapa em minha perna, erguendo rapidamente uma só de suas sobrancelhas.

...

Não sou hiperativo como Daniel. Sou muito mais calmo e paciente. Daniel não consegue se concentrar em atividades por mais de 30 minutos e ele já começa a achar chato e entediante.

Para piorar o filho da mãe é um inteligente desgraçado, então para ele, nada está à altura de seus pés ou vale a pena o suficiente para chamar sua atenção e fazê-lo se concentrar.

Eu tomei um tiro e perdi litros de sangue. Diferente do que os filmes sobre os mafiosos mostram, ainda sou humano e estou fraco, tomando uma cacetada de remédios que me faz querer dormir, eu não sou um robô e preciso descansar para me recuperar.

Acontece que, Daniel, mesmo com a mão direita quebrada, não consegue ficar sem se mexer. Ele colocou uma rede de basquete na minha sala e agora está aqui jogando atrás de mim, onde estou sentado no meu sofá, e juro que estou a dois minutos de dar um dos meus calmantes para ele.

Anton olha para minha cara e vê que estou ficando irritado.

Respiro fundo e tento me concentrar o suficiente para responder à pergunta de Anton.

- O que você disse? – O questiono novamente.

- Você não quer muitos seguranças... Não é muito prudente. O que quer que eu faça?

Esfrego o rosto com as mãos. O barulho da bola batendo no chão repercute em minha cabeça.

- 10 é o suficiente. Faz eles ficarem no terraço acima da casa, em quartos escondidos e na frente da casa onde a vizinha não pode vê-los.

- Por que? – Questiona Anton e eu explodo.

- Porque sim! – Digo rispidamente e bufo. - Você não vai para tua casa? – Pergunto a Daniel, mas ele não responde. – Daniel!

- Ah! Está falando comigo? Nah, estou de boa aqui. Tem comida, a empregada passa pra arrumar minha cama. Vou dormir aqui hoje.

Olho para Anton e com meus dedos finjo atirar em minha cabeça. Olho para meu relógio, são 21 horas e o sol está se pondo. Preciso sair daqui, odeio ficar ocioso. Posso ir para o clube e ficar sentado sem fazer nada. Não preciso fazer esforço para ver alguém dançando e conversar.

Me levanto e começo a andar para a escada.

- Onde você vai? – Pergunta Daniel.

- Me arrumar, estou indo pro Cigale.

...

À porta do Cigale estão algumas pessoas fumando, pessoas que conhecemos e que vem saudar a mim e Daniel, dizendo que sumimos. "Estávamos fora a negócios", foi o que respondemos.

Nina, a russa que trabalha para nós, está na portaria, ela vem a nosso encontro e tenta tirar meu terno, mas não a deixo. É possível ver o curativo em meu ombro por baixo da blusa e quero evitar questionamentos.

Porto seguro (Dinastia Schneider)Onde histórias criam vida. Descubra agora