Viver e crescer.

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Recomendo que ouçam We Keep In Touch, Okay?-Ralf Wengenmayr.

Já estava sentada nessa sofá marrom velho, cercada por paredes velhas que rangiam a cada segundo que uma onda batia contra a costa, sim dava pra ouvi-las e sentir daqui.

Eu encarava o teto a alguns minutos, sem saber qual próximo passo dar. Acho que nem sabia se existia um. Nessas últimas semanas pensei em meu pai, ao ver todas aquelas partituras, inclusive a música que fiz para...bom, não quero falar isso agora.

Ele ficaria tão orgulhoso. Sempre disse que o maior sonho, era ver eu e Topper seguindo nossos sonhos, Juilliard não era um sonho, mas ser aceita lá me fez cair na realidade dos meus dons, eu sabia que era uma boa...não...excelente pianista mas era na maior parte do tempo modesta demais para admitir.

Os meus sonhos tinham mudado a medida que esse verão passou e como passou, sem espera e intenção alguma, uma pessoa entrou na minha vida e virou ela completamente, a volta foi tão grande que acho que vou levar uma vida inteira ou até mais, para voltar ao meu normal.

O fato é que estar com Rafe, me fez sentir viva e eu tinha que admitir isso, por mais que odiasse pensar que a droga do amor, tinha conseguido transformar a mim, que me julgava a mais inteligente e fria para esses tipos de coisas.

Eu estava apaixonada por ele e isso doía, não por ele não ser como nos meus livros ou por não ser cavalheiro, mas por um momento, por mais pequenos que fossem. Ele ter me tocado, me segurado, me apertado e me machucado.

As feridas não apareceram tanto esteticamente, mas estavam lá na minha alma. Eu temia continuar com ele por amá-lo demais, amá-lo quando ele acorda de manhã, amar a cor de seus olhos e o contraste perfeito com o cabelo e o resto de seu rosto. Amar suas rugas nos olhos quando sorri, amar o seu fio de cabelo rebelde que sempre cai, não importa o quanto daquele gel insuportável ele passe.

E eu sabia que não devia, não devia continuar por amar demais, mas eu acho que não consigo. Sempre uma justificativa vem e minha mente, e eu tento ver o lado bom em Rafe, mesmo sendo difícil. É culpa do pai, eles tem uma relação difícil. São as drogas e o descontrole.

Eu acho que só não me amo primeiro lugar.

Acho que meu pai não julgaria minha vontade de dar uma chance a Rafe, mas com certeza me julgaria se continuasse com alguém, mesmo sabendo que o próximo passo dela seria me machucar, sendo intencionalmente ou não.

Eu precisava fazer algo a respeito, mostrá-lo o que ele perderia se as coisas continuassem assim, ou deixá-lo. Meu corpo se contraiu na mesma hora em que pensei na dor que isso lhe causaria. Mas uma vez pensando nele, e não em mim.

Ficaria mais alguns minutos nas infinitas incógnitas que se formavam na minha cabeça, mas o barulho da porta que se arrastava contra a madeira velha do chão, trouxe minha atenção que estava no teto com teias de aranha e madeira molhada de infiltração, para o mundo real novamente.

—Angel?—Ouvi a voz de Sarah e pela sua entonação sabia que estava me procurando.O barulho de seus passos pararam diretamente na sala, onde eu estava. Agora ela me olhava.—Estava procurando você.—Ela disse sentando-se no chão de madeira velho, colocando o braço dobrado no sofá.

—Eu to bem aqui.—Falei ainda olhando para o teto, queria dizer que estava observando as aranhas ou algo do tipo, mas só estava vivenciando o nada.

—Sei que não sou Rafe...e que ele devia falar com você mas...—Ela parou de falar quando eu olhei fundo nos olhos dela, minha expressão era de dor, eu queria que ela parasse imediatamente.—você mudou ele.—Sarah disse e uma lágrima escorreu de seu rosto.

I hate u, I love you • Rafe Cameron Onde histórias criam vida. Descubra agora