Deja vu.

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ANGEL

Mais uma manhã se iniciava e com ela uma nova oportunidade de ser diferente ou continuar deitada. Acho que prefiro a segunda opção. Eu geralmente não tinha problemas para acordar, mas ontem fiquei conversando com Nate a madrugada inteira. Ele trouxe meu sono de volta e aos poucos está tirando.

Me virei, encarando o teto. Acho que nunca conheci alguém com tantos gostos e hobby's. Nate joga futebol, videogame, tem uma banda, trabalha na empresa do pai e ainda quer se formar em algo além de música. Ele disse que passou para o programa por puro "privilégio" seu pai insistiu para o diretor sênior que era uma amigo de longa data. Não que ele não fosse talentoso o suficiente, mas o jeito clássico da Juilliard não combina com a sua metaleira.

Sinto meu celular vibrar na cama e começo a revirar os lençóis. Incrível a capacidade de perder ele de vista, já tive que trocar de celular 3 vezes de tanto sacudir o lençol, ele voar junto e se espatifar no chão. Mamãe ficava furiosa. Achei ele no pé da cama e o peguei, encarando o visor.

Mamãe está planejando uma festa, sua capacidade de me contrariar nem consegue me deixar puto mais, é como se eu só aceitasse.
Topper tinha me enviado uma mensagem. No dia seguinte seria o seu aniversário e bom, nem eu e nem ele tínhamos digerido o fato de estarmos separados. Doía e muito.
Topper, qual é. Seu aniversário merece ser celebrado, eu vou estar comemorando junto daqui.
Nos conversamos sobre eu ir mas seria muito arriscado, qualquer mero descuido e todos saberiam da minha nova condição. Principalmente ele. É capaz dele saber que estaria a caminho sem nem mesmo ter posto os pés na cidade.
Não é a mesma coisa. Como o bebê está?
E vamos para a sessão de perguntas de rotina.
Acho que bem. Acho que a coisa gosta das vitaminas.
. . .
É, ele tem até padrasto agora.
Topper estava enciumado com a aproximação de Nate. Ele não confiava nele. Sempre dizia "ninguém consegue ser bonzinho assim, tem algo errado" sla, eu acho que depois de nós dois convivermos com tanta gente fodida, saímos traumatizados a ponto de não confiar em ninguém. Eu também tinha minhas dúvidas sobre Nate, mas não custa nada tentar. É algo diferente com ele, e eu gosto disso.
Bobo! Top, eu te ligo mais tarde pode ser?
A chamada estava sendo interrompida por Nate. E meu irmão percebeu minha agitação.
Me trocando por macho? Sarah voltou?
Segurei o riso por meros 2 segundos até deixar escapar. Piadas com a nossa vida amorosa sempre me deixavam assim. E mesmo com os sorrisos, fiquei triste por Sarah. Referida no passado daquele dia em diante.
Preciso desligar, beijo e te amo.

...

Nate desistiu após a linha cair e me enviou uma mensagem.

Não acredito que dormi na ligação ontem. Eu ronquei ou fiz algo estranho?
Sorri ao me lembrar de uma bobinha escorrendo de sua boca.
So babou um pouquinho.
Ele enterrou as mãos no rosto, e pude ver a vergonha nas suas bochechas agora rosadas.
Mesmo com essa gafe e a cidade estando numa loucura, quer sair comigo hoje?
...
Ta me convidando para um encontro?
Perguntei.
Estou, você vai aceitar?
Nate deu um risinho de canto.
Porque a cidade está uma loucura?
Perguntei tirando o foco do pedido dele, eu precisava do máximo de tempo que desse pra pensar.
Teve uma invasão no condomínio Leish, na maior casa de lá, polícia envolvida, mas parece que não conseguiram prender ninguém.
A maior casa do condomínio Leish, era a de Rafe. A casa que passei a maior parte da nossa adolescência. Quem teria tentando invadir e porque?
A senhorita vai aceitar ou eu vou ter que contar mais sobre a polícia incompetente de Nassau?
Minhas sobrancelhas tensionadas, agora sorriam para a tela.
Eu já aceitei.
Nate sorriu de volta.
Te busco em 2 horas, pode ser?
Apenas balancei a cabeça e ele piscou pra mim, encerrando a chamada.

I hate u, I love you • Rafe Cameron Onde histórias criam vida. Descubra agora