Chateau.

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Chegamos na casa, que eles apelidaram de castelo. A casa era de John B, mas o mesmo não estava aqui.

Ao entrarmos JJ se jogou no sofá, e pós a mão sobre as costelas. Os socos de Rafe foram fortes, não era pra menos. Ele era enorme e vivia malhando.

Kie e Pope estavam lá fora, no píer...ela conversava com o mesmo que estava nervoso. Ele tinha afundado o barco, isso não é bom pra reputação de ninguém, ainda mais pra quem está tentando uma bolsa.

—Aí aí, achei que fosse mais delicada.—JJ reclamava a cada toque do pano quente na sua barriga.

—Relaxa ai, estou fazendo o melhor que consigo.—Falei pressionando o pano contra suas costelas. O mesmo gemeu de novo.

—Porque você é tão legal e seu irmão é um idiota?—Jj disse, enquanto mordia os lábios de dor.

—Acredite, eu não sou tão legal assim.—Peguei um pedaço de gaze, e passei sobre o machucado em seu lábio.

—Eu acho que é...desde que nós conhecemos gostei de você.—JJ me olhava fixamente.—Não age como esses otarios.

Passei a mão pelos cabelos do mesmo tentando ajeitar, ele parecia não tomar banho por um tempo. Os seus fios loiros estavam secos, acho que nem o vento os tiraria do lugar.

—Topper não é tão mal...ele só é um garoto complicado.—Disse suspirando, me sentando ao lado de JJ no sofá.—Aquilo foi ideia de Rafe.

Eu odiava admitir isso, mas Rafe sempre foi agressivo com os outros. Mesmo que ele não tenha sido assim comigo, não posso fechar os olhos para isso. Topper era um garoto bom mas influenciável por um extremamente problemático.

—Rafe machucou Pope, e não é a primeira vez...ele é agressivo Angel, devia ter cuidado.—JJ estava certo, isso era raro.

—Acho que posso lidar com ele.—Falei dando um tapinha em seu abdômen. O mesmo grunhiu.—Desculpa, esqueci.

—Preciso ir pra casa, encarrar meu irmão agressor de pogues.—Falei rindo, tentando amenizar o peso que essa frase continha.

—Pode ficar aqui essa noite se quiser, já está meio tarde.—JJ disse se deitando no sofá.

Não me parecia um má ideia. Eu sabia que Topper e Rafe estariam me esperando em casa quando eu chegasse. Eu realmente não queria falar com eles agora, e nem sei quando ia querer.

Eles quase assassinaram Pope, por causa de um barco. Uma vida, por um barco.

—Sendo assim eu fico, obrigada JJ.—Disse para o mesmo que fez sinal para que eu deitasse do seu lado. O olhei estranho.

—Relaxa princesa...—O mesmo disse puxando minha mão, mesmo machucado ele era forte, logo eu sentei no sofá e deitei do lado dele.—Meus machucados são externos, mas consigo ver os seus de dentro.—Disse, apontando o dedo para o meu coração.

—É difícil ser babá do Topper...-Suspirei.

—Babá?—Jj riu.

—É babá, ele tá sempre fazendo besteira. Hoje pela manhã mamãe reclamou dele e eu tive uma conversa com ele. Gostaria que ele entendesse, mas ele é movido por Rafe.—Dei uma pausa para continuar falando o que com certeza, era o maior problema pra Topper.—E Sarah, o amor cega a gente e ele tá maluco por ela, obcecado.

—Nunca senti isso.—JJ disse passando a mão pelos cabelos, que estavam caindo em seu rosto.

—Eu nem sei se é amor sabe, ele trata ela como uma posse...ele só quis essa merda de barco pra impressionar ela...como se essa merda realmente importasse.—Falei olhando nos olhos do mesmo, que sorriu de canto.

—Achei que vocês princesas kooks, gostavam disso...carros, barcos e garotos que usam gel.

—Algumas podem até gostar, eu não sei sobre Sarah, mas eu não sou assim.

—E como você é Angel?—Jj disse passando os dedos nos meus ombros, descendo até as mãos...ele entrelaçou nossos dedos.

Eu não gostava de me abrir sobre mim mesma...já tinha feito tantas coisas, na real eu não sabia como eu era. Eu apenas tentava imaginar.

—Geralmente eu não falo sobre isso, mas vou abrir uma excessão.—Jj sorriu, fechando os olhos que já eram bem pequenininhos.—Acho que sou cheia demais, e ao mesmo tempo que sou cheia...sou vazia.Quero amar, mas recuo com medo do que isso pode fazer comigo. Quero seguir meus sonhos, mas me entristece ver o que vou deixar pra trás, aqueles que ficarão pra trás.—Dei um tempo e suspirei.—Depois que meu pai se foi, eu passei um bom tempo não me importando com nada...achei que eu quisesse morrer por isso, mas na real, eu me importava tanto com tudo sobre a vida, que preferia morrer ao ter que lidar com a merda toda.

Olhei para o lado e vi JJ ainda com os olhos fechados. Ele estava dormindo. Uau, a minha história foi tão chata assim?

Ele parecia estar confortável, gostaria de me mexer pois a posição não estava nem um pouco favorável pra mim, mas não queria incomodar mais o coitado. Ele tinha apanhado, muito...seus machucados me assustavam.

De repente ele veio na minha mente. Como podia ser tão diferente comigo, e com as outras pessoas agir dessa maneira. Acho que Rafe construiu um personagem, só restava saber se o Rafe gentil comigo era o personagem, ou o Rafe agressivo.

Desejei que fosse o agressivo, gostaria de ver Rafe melhorar. Aquela noite ao lado dele, despertou algo em mim. Não posso dizer que nunca o notei durante esses anos todos, mas algo diferente sobre ele pulsava em meu coração.

Uma frase de Jane Austen veio na minha mente. Ela cabia perfeitamente para o momento de reflexão e perguntas que ecoavam na minha cabeça.

"Quando a mente não quer ser convencida, sempre encontra algo para inspirar-lhe dúvidas."

Minha mente não estava convencida, de que eu estava nutrindo sentimentos por Rafe, senão porque razão eu iria me importar tanto com sua melhora. Queria que ele fosse sempre o Rafe do quarto, sem amarras e extremamente gentil e belo.Eu, que a minutos atrás disse que isso nunca havia acontecido comigo, além de tudo justo pelo Rafe. Eu estava ferrada.

É mas isso não limparia sua barra. Não sabia se o mesmo sentia algo por mim, mas se sentisse, esse jeito dele seria mudado. Ou então poderia dar adeus.

Silenciei meus pensamentos, e me deixei ser envolvida pelo abraço de JJ. Logo adormeci.

...

I hate u, I love you • Rafe Cameron Onde histórias criam vida. Descubra agora