Juntos de novo.

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ANGEL

Cercada pelas paredes, pelos livros, pelo estado impecável em que eu havia deixado, eu estava no meu quarto, esperando que algo minimamente relevante acontecesse e pudesse me animar.

Quando o jato pousou ontem e eu pisei no solo de Outerbanks, tudo que eu senti foi medo. Medo do Rafe estar lá na pista de pouso, medo do que ele poderia fazer, e bom ele não estava lá, mas isso não serviu para me acalmar. Eu fui todo o caminho para casa pensando que ele poderia estar lá, escondido nas sombras do meu quarto, preparado e me esperando.

O medo me dominou de tal forma, que pedi para que Topper dormisse comigo e ele está aqui agora, babando e roncando. Estranhamente senti falta disso. Eu senti falta de Topper, de tê-lo por perto. Mas algo ainda faltava e eu sabia exatamente o que era.

Meus amigos. Precisava vê-los, saber se estavam bem, o que tinha acontecido, apenas abraçá-los e dizer que eu estava ali agora, que eu tinha voltado. Ia ser difícil, meu primeiro obstáculo era fazer com que eles não notassem uma barriga em mim, e o segundo obstáculo era sair do cárcere.

Minha mãe tinha me proibido de sair, Sawyer tinha voltado e agora eu estava sendo vigiada em todos os cantos da casa. Uma bela merda. Levantei da cama indo em direção ao banheiro.

Minha cara parecia ainda pior quando me olhei no espelho, olheiras, o cabelo desgrenhado e o corpo, eu evitava olhar, a minha perca de peso tinha sido tanta que eu até mesmo parecia com a Bella em sua gravidez inumana. Brinquei com o fato de eu talvez estar grávida de uma criança imortal e por isso ela estava fodendo a minha aparência e a minha vida.

Tomei uma ducha gelada, penteei os cabelos e escovei os dentes. Ao sair do banheiro, olhei para a cama e Topoer continuava apagado, caminhei até o closet e peguei o maior moletom que encontrei, um short de malhar e me vesti. Estava escondido o suficiente.

Durante todo o processo para voltar a ser um ser humano, pensei no que eu poderia fazer pra sair de fininho e voltar, a merda é que eu podia encontrar Rafe no caminho, é uma ilha pequena e ele vive mais no cut do que na própria casa, mas esse era um risco que estava disposta a correr. Calcei as botas por último e andei até a cama.

—Ei Top.—Comecei a cutucar o ombro dele.—Acorda, preciso da sua ajuda.

—Ah Angel qual é... — Ele resmungou colocando o antebraço em cima do rosto. — Eu não vou mais ter paz agoss... — Mais uma vez ele balbuciou algo que eu não entendi.

— Precisa fazer isso por mim, é tipo urgente. — Me deitei em cima do seu peito em um abraço, o dorminhoco precisava amolecer. — Eu prometo que não te peço mais nada, eu juro.

— Não não, você sempre diz isso e 80% das vezes você pede de novo.

— Topper eu...eu realmente preciso fazer isso...preciso ver meus amigos. — Falei com o tom de voz baixo e triste. — É importante pra mim.

— Sabe o que a mamãe vai fazer comigo se souber que te ajudei a fugir pra ir na periferia? Eu vou apanhar e de quebra meus barcos vão ser afundados. — Ele arregalou os olhos.

— Você sabe que isso não é verdade, os barcos são a renda da família e no máximo você só vai levar um esporro, mas isso não vai acontecer, porque não vamos ser pegos. — Comecei a fazer beicinho. — Por favor!! — Topper balançou a cabeça em negação e bufou, eu agora o balançava na cama e gritava. — Por favor!!Por favor!!Por favor!!

I hate u, I love you • Rafe Cameron Onde histórias criam vida. Descubra agora