Perdoar.

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Já estava tempo demais me afogando em lágrimas e naquele sofá, juro o buraco que tinha no velho sofá marrom parecia me sugar a cada segundo pra dentro dele.

Me levantei, fui andando até a porta e ao chegar lá suspirei fundo antes de abrir. Meu coração errava as batidas. Finalmente tomei coragem e sai, indo em direção a fogueira novamente.

—Achei que você tava limpando nosso sofá com baba.—Jj disse caçoando da minha demora e do meu histórico de baba, alguns dias durante a semana dormi com ele no sofá e ele disse que pensou estar se afogando algumas vezes.

—Bobão. Eu tava só respirando um pouco, esqueceram que agora eu sou cardíaca.—Falei soando como uma velha.

—Eu disse que íamos precisar de mais cerveja otario.—John B dizia enquanto fuçava o coller, jogando quase todo o gelo para fora.

—Tem mais na Twinkie.—Jj disse e eu me lembrei, meu caderno estava na Twinkie desde ontem e eu não tinha conseguido encontrá-lo.

—Eu pego mais lá, tenho que procurar meu caderno de partituras.—Falei tocando nas costas de Jj, o mesmo me lançou uma olhar preocupado.

—É pesado Angel, relaxa que eu faço isso.—Jj me segurou pelos punhos.

—Da a chave John B.—Fiz sinal para o mesmo, que as jogou para mim no mesmo instante.—Relaxa, se precisar de ajuda, te chamo.—Dei uma piscadinha para o loiro e sai dali.

Fui andando em direção a kombi e ao prestar atenção na parte dianteira vi que a mesma estava realmente velha, como todos diziam mas ainda assim era linda, eu me diverti tanto esses últimos dias dentro dela.

Parece que não mas ela é extremamente confortável.

Abri a porta e entrei já procurando meu caderno, era difícil achar com tantas latas vazias, camisas pelo chão, papéis, até meias velhas do Jj tinham nesse chão.

Pulei para a parte da frente e comecei a olhar embaixo dos bancos, não era possível o caderno ter sumido assim do nada. Tentei sentir algo por entre meus dedos, e nada. Bufei de frustração jogando a cabeça para trás.

—Aaahh com certeza ta ali.—Falei olhando para a pilha de livros do Pope.

Não seria a primeira vez que ele confundia seus cadernos e livros com os meus. Fui novamente para parte de trás da kombi e comecei a fuçar. Bingo! Ali estava.

Coloquei o caderno embaixo do braço, mas ao fazer isso várias folhas caíram, esqueci que o que mais tinham aqui eram folhas soltas. Nem sempre o caderno tava comigo então eu anotava onde dava, em guardanapos, pedaços de papel ou até mesmo na seda de Jj.

Me assustei com um barulho de raio e bum, essa chuva não começou a cair devagar como as outras, veio logo um toró de uma vez só, não ia dar pra chegar daqui até a areia, com um monte de cervejas pesadas e folhas na mão.

Me sentei no chão da kombi velha, precisava esperar essa chuva passar. Comecei a olhar aquelas folhas que caíram na esperança de ter algo pra me entreter enquanto a chuva ainda estava caindo.

No meio delas encontrei uma folha de tom diferente das minhas, ela era velha pude perceber só pela textura do papel. Ao analisar aquelas notas percebi que não se tratava de piano mas também de um violão, e uma voz. Aquilo era do papai, eu me lembrava exatamente dessa música. E inclusive a tinha salva no meu celular.

I hate u, I love you • Rafe Cameron Onde histórias criam vida. Descubra agora