Tiro.

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RAFE

Eu atirei nela. Eu atirei na Sarah. Sarah estava viva e eu atirei nela. Tudo aconteceu depressa, de alguma forma a adrenalina me anestesiou e agora eu estou aqui. Sentado no meio de polícias e de Ward mas uma vez me arrependendo do até fiz.

Que sensação de merda. Que vida de merda.

Como eu pude me iludir novamente com promessas de uma vida melhor? De tudo se acertar? Depois de ver aquele ouro, como eu pude ser tão idiota.

—Rafe, sei que está chateado. Sei que está se sentindo culpado, mas não se sinta. Você atirou nela sem querer.—Senti a mão de Ward na minha nuca. Não era reconfortante, era tão forte para me calar. Me calar de tomar qualquer atitude.

—Disseram que verificam os hospitais e o IML. Ela não foi vista. Isso é bom. Quer dizer que ela está bem, entende?—Que tipo de consolo era esse? Eu tinha atirado novamente, e dessa vez não foi um acidente. Foi na minha própria irmã.

—E se eu não estiver bem? Eu não estou bem.—Falei pela primeira vez desde o tiro. Desde o sangue. Desde o ouro.

—Está sim.—Ele não hesitou em dizer qualquer coisa que fosse. Ele não estava me ouvindo.

—Não estou pai. Eu não estou bem.—Minha voz começou a acelerar, junto com o resto do meu corpo.

—Você só precisa descansar. Podemos comer alguns bifes.—Meu pai apertava a mão na minha nuca cada vez mais forte.—Você vai estar renovado amanhã.—Ele forçava um sorriso.

Levei as mãos ao rosto, eu não aguento mais essa merda.

—Achei que estivesse bem, mas não estou.—Me levantei. O tic de andar de um lado pro outro havia começado.

—Controle-se.—Advertiu.

—Eu continuo tendo esse pensamentos na minha mente. E eu não sei se consigo controlá-los.—Tudo estava misturado. Angel. Sarah. Ouro. Eu.—Eu não sei mais de quanto dessa merda eu posso aguentar.

—Vamos voltar para casa. Vamos conversar lá.—Ward tentava me controlar.

—Eu preciso de ajuda. Estou com medo.—Meu peito começou a doer. Respirar já estava difícil, agora se tornou quase impossível.—Preciso me tratar.

—Eu sei, eu sei.—Meu pai olhava os policiais, eles prestavam atenção atentamente a conversa.

—Voce não está me ouvindo.—Comecei a chorar.—Eu preciso...eu...—Ward me agarrou, em uma abraço. Só que não era.

— Aja como adulto. Olhe para mim.—Ele segurou meu e rosto, me olhando nos olhos.—Aja como adulto. Agora.—A rigidez em sua fala me calou. Por hora.

Em direção aos policiais ele dizia que tudo estava bem. Que eu estava em choque. Me mantive parado, apenas sentindo toda a merda que eu tinha feito e que estava envolvido.

...

Tudo tinha sido em vão. O ouro tinha sido apreendido em Nassau e agora eu carregava mais um acidente, pelo meu pai. Tudo que devia estar na conta dele, está na minha conta. Eu não iria aguentar lidar com isso sóbrio. Nem fudendo.

Meu pai estava apagado no jato. Como ele conseguia dormir sabendo o tanto de coisas que estavam em suas mãos? O tanto de sangue? Parece que essa história de ter consciência limpa não existe.

Pessoas ruins fazem o que fazem e elas não estão nem aí. Eu não quero ser ruim, não quero ser uma pessoa ruim, mas talvez eu já tenha me tornado. O monstro. O monstro de Ward Cameron, ao invés de filho.

Peguei a única grama que ainda restava no meu bolso. Não dá pra arrumar e cheirar ele poderia acordar. Apenas passei nas gengivas e o restante fui inalando com os dedos.

Minutos se passaram e essa mísera cocaína não tinha feito nenhum efeito. Ultimamente a única coisa que funcionava era o Oxi, mas Barry nunca mais quis me vender. Ele disse que vou acabar morrendo, bobagem.

Precisava me distrair com alguma coisa ou a minha mente sucumbiria, até eu começar a me acostumar com o pensamento intrusivo de me jogar do jato em movimento. Não queria pensar nela, mas Angel veio facilmente para minha mente.

Ela e seu número de telefone. Não podia ligar. Não dava. Mas salvar o número poderia ser uma boa, posso ver suas redes. E em instantes, bom ali estava ela. Não querendo me gabar, mas droga na mente e ser o melhor aluno de TI, dão nisso.

Ela postava em um tal de VSCO e um fórum de músicos. Haviam fotos dela e do cara do vídeo. E outras com algumas pessoas. E de repente foi como se eu não a reconhecesse.

Tudo tinha sido assim pra ela? Só uma lance com Rafe Cameron? Um lance complicado e que simplesmente acabou? Eu não engolia nada disso. Não engolia esse cara e nem a vida nova que ela insistia em mostrar.

Tudo era estranho

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Tudo era estranho. Sua partida repentina e essas pessoas. Eu entendo que fiz merda, eu sei disso, mas ela não teria abandonado o irmão por isso. Topper estava sofrendo com a ausência dela, vi isso na festa e no bar.

Achei que fosse só eu, mas ele também sente sua falta. O que te levou pra longe Angel Thornton? E porque diabos você não colocou localização em nenhuma dessas fotos? Você não quer se encontrar, eu entendo isso.

Mas devia saber que eu não era um qualquer e cedo ou tarde, vou encontrar você.

...

Gente mas um recado. Como vocês estão me cobrando muito o retorno do casal, estou fazendo capítulos mais curtos sobre o desenrolar da história com o restante dos personagens.

Tipo o episódio do tiro que a Sarah leva, acho que pra quem já viu a série e já sabe, seria mais do mesmo eu descrever e colocar aqui. Acho importante colocar só o ponto de vista do Rafe sobre o que ele fez.

A partir de agora sem enrolação, história se desenrolando, estamos indo além.

💓💓💓

I hate u, I love you • Rafe Cameron Onde histórias criam vida. Descubra agora